Antes mesmo de entregar seu primeiro navio petroleiro à Transpetro, na próxima sexta-feira (25), o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) começa a mudar a balança comercial pernambucana. Segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), no primeiro trimestre deste ano o principal parceiro comercial do estado foi a Holanda, com um volume total de US$ 410,07 milhões em exportações - uma alta de 63,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
O aquecimento das atividades do estaleiro e a virada na pauta de exportações do estado mostram que, desde janeiro, a empresa enviou para o exterior o equivalente a US$ 404,88 milhões, passando à frente de tradicionais exportadores do setor sucroalcooleiro, como a Usina Petribu (US$ 23,13 milhões) e a Usina Olho D’Água S/A (US$ 17,51 milhões).
Segundo a gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Patrícia Canuto, trata-se apenas de um demonstrativo de quanto as atividades do estaleiro vão pesar na economia de Pernambuco. “Quando começar a operar de forma contínua, vai mudar muito a nossa pauta”, aposta.
Mas nem tudo que passa pela Holanda tem o país como destino final. É que lá está o principal ponto de escoamento de mercadorias da Europa, o Porto de Rotterdam. No jargão da área de logística, ele é conhecido como um hub port, pela grande concentração de cargas decorrente de sua posição estratégica no velho continente.
Trata-se de uma transição entre o papel de fornecedor de commodities, como o açúcar, para produtos de alto valor agregado. “Às vezes, nós mandamos o produto para fora e ele volta para nosso consumo três vezes mais caro. Exportamos o couro ou o tecido, por exemplo, e ele volta arrumado e com etiqueta de lá, mesmo sendo daqui”, exemplifica a gerente da Fiepe.
Já as importações provenientes da Holanda, no valor de US$ 203,71 milhões, são justificadas pela grande compra de combustíveis, principalmente gasolina, para abastecer veículos, máquinas agrícolas e navios. Esse comportamento é oposto ao da Holanda, que vem cada vez mais investindo em combustíveis limpos como alternativas para a geração de energia. Postura essa que, inclusive, impulsionou as exportações da Usina Petribu, segunda colocada no ranking de empresas exportadoras do estado. Para o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha, “as exportações tendem a continuar crescendo, visto que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de etanol e biomassa”.
Atraso
Segundo a edição da Folha de São Paulo na última sexta-feira (18), a entrada em operação da plataforma P-55, da Petrobras, será adiada em um ano por causa do atraso na entrega pelo Estaleiro Atlântico Sul. A plataforma terá capacidade para produzir 180 mil barris diários de petróleo.
De acordo com o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, a produção da plataforma, que seria iniciada no fim deste ano, foi transferida para o final de 2013. “A plataforma P-55, que será instalada no campo de Roncador, na bacia de Campos, teve o casco construído no EAS”, destaca a reportagem. Agora, está sendo finalizada no estaleiro do Rio Grande, no Rio Grande do Sul.
Fonte:DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR/Colaborou Mariana Gominho, da equipe do Diario
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