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Negócios em alta

 

Maior fiscalização do governo no cumprimento da legislação tem contribuído para crescimento das vendas de EPIs


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Com os estaleiros a todo vapor, os fabricantes e revendedores de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) estão otimistas em relação ao crescimento das vendas nos próximos anos. De acordo com os provedores desses produtos, dois fatores têm sido

responsáveis pelo aumento das encomendas: o crescimento da demanda e a maior fiscalização do governo no cumprimento da legislação. Com isso, os negócios das empresas do setor de EPI têm estado cada vez mais em alta.

 

De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg), o faturamento desse setor em 2009 foi de R$ 2,742 bilhões. Deste montante, os calçados e as luvas corresponderam, respectivamente, a cerca de 36% e 26%. As roupas somam 20% do valor. Os equipamentos para proteção respiratória e contra queda totalizam 7%  e 3%, respectivamente. Ainda estão na lista itens referentes à proteção de cabeça, auditiva, olhos e face e cremes.

A Animaseg ainda não tem os números de faturamento referentes ao ano passado, mas o diretor executivo da associação, Raul Casanova, estima que 2010 tenha fechado em R$ 3,15 bilhões.  “Houve algumas variações em 2010, mas não é nada significativo. A tendência é que estas proporções se mantenham.” Casanova acrescenta que desde a implantação de normas regulamentadoras de segurança e medicina do trabalho — a primeira delas foi estabelecida em 1978 — o país tem evoluído nesta questão.

“Depois das NR, a conscientização vem aumentando. Nosso mercado sempre subiu um pouco mais que o PIB brasileiro. Nos últimos anos, crescemos, em média, 10% a mais”, calcula. Atuante desde 1978, a Animaseg congrega as empresas do setor de segurança e proteção ao trabalho, fabricantes de equipamentos de proteção individual e coletiva, bem como de equipamentos afins. Apesar do crescimento, Casanova destaca que este mercado ainda tem muito a evoluir. “Hoje existe uma população economicamente ativa de 100 milhões, mas os trabalhadores registrados somam apenas 42 milhões. Temos 60% da população economicamente ativa que não sabe o que é proteção. Então o campo para evoluir é imenso”, explica.

Uma das empresas do segmento de EPI que atua na indústria naval e offshore é a Rexon Safety, cujas vendas têm crescido, em média, de 15% a 20% ao ano. De acordo com o gerente da Unidade de Negócios da companhia, George Cestini, o aumento da capacidade do governo de realizar fiscalizações e forçar o cumprimento das leis tem aumentado as encomendas. A empresa planeja faturar nos próximos dois anos cerca de três vezes mais que o atual. Para isso, a Rexon trabalhará em duas frentes: no lançamento de produtos e na conquista de novos setores. “O nosso mercado industrial não está muito desenvolvido hoje. Então estamos contratando profissionais para trabalhar em canais específicos e homologando produtos. Se possível, também queremos participar de algumas licitações”, planeja.

Quem também atende ao segmento naval no ramo de EPI é a Remar Brasil. Botas, capacetes, óculos de proteção e luvas estão entre os produtos oferecidos pelas companhias. Embora conte com alguns itens importados, os maiores fornecedores da Remar Brasil são fabricantes nacionais. Entre eles estão a MSA do Brasil, Promat e Marluvas Calçados de Segurança. Segundo a gerente de vendas da empresa, Taís Silva, a companhia anualmente tem observado um crescimento nas vendas de 15%. “Para os próximos anos queremos ampliar a nossa carteira de clientes. Para isso, buscamos atendê-los com total qualidade, praticidade e agilidade. Temos um amplo estoque de materiais para atendermos a demanda de forma rápida”, declara.

No mercado de EPIs desde 1975, a SP Equipamentos não contabilizou prejuízos durante os seus 36 anos de atuação. “Sempre registramos crescimento e sempre acima do PIB brasileiro”, diz, sem revelar detalhes sobre valores, o gerente de marketing da empresa, Luis Cyrulnik. Atualmente, a SP Equipamentos conta com cerca de 740 funcionários.

Uma das empresas que vem desenvolvendo soluções para garantir a segurança individual no ambiente de trabalho é a JGB. Com início das atividades em 1985, a companhia vislumbra grandes oportunidades nos próximos anos. “Estamos trabalhando forte nas várias áreas de nossa companhia para estarmos entre as principais empresas fornecedoras deste segmento”, diz o diretor-presidente da empresa, Geraldo Brasil. A meta da companhia é estar entre as cinco empresas de proteção de trabalho no mundo.

 

Lançamentos. Entre os lançamentos da Rexon Safety previstos para o início de 2012 está uma linha de óculos de segurança antirrisco e antiembaçante. “Os óculos Marlin, por exemplo, têm uma lente dupla, sendo a externa de policarbonato e a interna de acetato. Ele é utilizado principalmente em aplicações petroquímicas e na indústria de óleo e gás”, diz Cestini. Outro produto que deve ser lançado no próximo ano é um capacete que o executivo define como “tão bom ou melhor que o melhor existente atualmente”. Sem revelar detalhes sobre o produto, Cestini destaca que o projeto está em fase de conclusão e poderá ser utilizado em diversas aplicações, inclusive no setor naval.

No mercado há 15 anos no segmento de borracha, a companhia trabalha com EPI há cerca de cinco. Entre os principais produtos estão capacetes, luvas, máscaras, óculos e abafadores de ruído. “Somos um grande distribuidor. Cerca de 60% dos nossos produtos são importados com marca e certificado de aprovação nosso. Nós não representamos nenhuma marca específica, as fábricas fora do Brasil confeccionam os produtos de acordo com as nossas especificações”, explica o executivo.

Lançamentos voltados para o setor de EPI também são um foco da SP Equipamentos. Além de ser distribuidora, o grupo tem uma fabricante chamada Hércules Equipamentos de Proteção. Esta trabalha basicamente com produtos de proteção contra quedas, em espaços confinados, altura, proteção impermeável e térmica. De acordo com Cyrulnik, os produtos de maior procura da SP Equipamentos estão relacionados à proteção contra queda. “Em quantidade, o maior número de acidentes é voltado para mãos, mas o maior número de mortes está em trabalhos para altura”, destaca. E serão nessa área os próximos lançamentos da companhia. “Serão fabricados pela Hércules, que é o maior fabricante da SP Equipamentos, cerca de cinco inovações só nesse mercado de segurança em altura”, conta.

A busca por agregar valores aos clientes tem sido um dos objetivos da JGB. De acordo com Brasil, a empresa vem buscando materiais e combinações que tragam maior leveza e conforto aos usuários, focando também na alta performance de proteção. Para a área naval, a empresa destaca que a linha de uniformes e vestimentas antichamas, tais como macacões, conjuntos de calça e camisa, capuz e roupas para bombeiros e brigadistas de incêndio.

Outros produtos com boa aceitação no mercado são as luvas, especialmente as fabricadas em vaqueta, que proporcionam destreza e precisão na atividade dos operadores. “As vestimentas e as luvas para as áreas de soldagem também são bastante procurados durante a fabricação e montagem das plataformas”, afirma ele. Para Brasil, devido aos investimentos realizados no setor de óleo e gás, o mercado de EPI deverá crescer substancialmente nos próximos anos. “É grande o contingente de pessoal necessário nas diversas atividades desse segmento, bem como o aumento da preocupação com a segurança no ambiente de trabalho”, destaca.

Diferentemente de outros países, no Brasil o EPI, seja de fabricação nacional ou importado, só pode ser comercializado quando possui o certificado de aprovação (CA), expedido pelo ministério do Trabalho. O produto deve ser testado por um laboratório acreditado, e posteriormente recebe um laudo de aprovação. Uma documentação é encaminhada ao ministério, que emite o número do CA.

Na hora de se escolher um fabricante estrangeiro de EPI para se tornar um revendedor, a SP Equipamentos leva em conta, entre outros fatores, as adaptações de produtos estrangeiros ao corpo do brasileiro. Cyrulnik destaca que o produto norte-americano, por exemplo, pode não se adaptar ao mercado brasileiro em função das características diferentes dos usuários. “Revendemos um óculos que veio da Itália e nós temos algumas semelhanças com os italianos, como rosto mais fino. De alguma maneira eles conseguem se conversar”, exemplifica.

O produto em questão é o óculos de proteção Univet, que conta com um sistema de regulagem das hastes tanto no comprimento quanto na inclinação, garantindo praticidade aos trabalhadores. Segundo a companhia, o equipamento tem um dispositivo aplicado às pontes nasais que traz ergonomia e conforto. Outras vantagens do produto, que pode ser utilizado no setor naval, são a armação projetada para amortecer os pontos de contato do rosto com o óculos, maior cobertura dos olhos e bochechas e proteção contra raios ultravioleta.

Também para a área naval, a companhia lançou no último mês de agosto o abafador contra ruídos Sensear. O equipamento, segundo a empresa, fornece a solução de comunicação em ambientes de alto ruído, combinando proteção auditiva e a capacidade de se ter uma percepção situacional. O abafador permite a comunicação em ambiente ruidoso para distância de até 50 metros e é utilizado por colaboradores que trabalham em grupos onde a comunicação é crítica em curtas distâncias. “O produto tem uma tecnologia que abafa todo o som externo e aumenta a voz”, diz Cyrulnik. O executivo afirma que, apesar do pouco tempo de implantação no país, já é possível afirmar que ambos os produtos tiveram boa receptividade.

O gerente da SP Equipamentos acrescenta ainda que os EPI deixaram de ser apenas um item de segurança e passaram também a influenciar na produtividade do trabalhador. “As luvas, por exemplo, evitam escoriações  e cortes, fazendo com que a pessoa fique mais tranquila na hora de trabalhar. As empresas estão cada vez mais melhorando a vida do trabalhador, o mercado está mais consciente”. A melhoria da fiscalização dos auditores do trabalho também contribuiu para que as empresas tomassem providências em relação à segurança dos funcionários. “O departamento fiscal do Ministério está atuando muito mais nas empresas, que se sentem pressionadas e introduzem cada vez mais os equipamentos de proteção”.

 

NR-34. Casanova, da Animaseg, avalia que a entrada em vigor em janeiro deste ano da Norma Regulamentadora 34 (NR-34), que trata das condições de segurança nas áreas naval e offshore, teve contribuição para o aumento das encomendas de equipamentos de proteção individual. “Todas as vezes em que sai uma nova NR ou quando acontece uma revisão, há um foco para aquele setor, porque se está levantando todos os problemas daquele segmento e tentando administrar os riscos. Isso dá um reflexo nas vendas”, diz.

E os revendedores e fabricantes de EPI já começaram a perceber este crescimento. É o caso da SP Equipamentos que, neste ano inseriu os estaleiros como um setor estratégico a ser trabalhado pela companhia. “Quando eles adquirem, a quantidade de equipamentos é bastante significativa. Hoje temos vendedores especializados para esse segmento”, conta. Taís, da Remar Brasil, aponta que após o estabelecimento da NR-34 as empresas estão mais atentas à segurança de seus funcionários. “As companhias passaram a aderir mais do que nunca aos produtos de EPI. Há uma conscientização maior das empresas em relação à proteção do trabalhador para evitar acidentes.”

Brasil, da JGB, acrescenta que toda e qualquer mudança na legislação é significativa, pois traz benefícios aos operadores e faz com que os fabricantes e fornecedores de EPIs preparem-se melhor para atender às necessidades de proteção. O presidente afirma também que houve um aumento na qualificação da demanda do setor. “Isso denota uma maior preocupação na adequação à NR, o que é extremamente positivo, pois este fato também melhora o nível da competição no mercado”. Na  lista de clientes da empresa figuram a Petrobras, Odebrecht, Iesa, Technip, White Martins e Braskem.

Cestini, da Rexon, analisa a competitividade entre as companhias como algo saudável até mesmo para o desenvolvimento de produtos. “Quanto mais concorrência tiver, melhor para o fornecedor, faz com que nos movimentemos. Cada um tem seu segredo industrial, mas a troca de informações é salutar a todos”, diz. Na avaliação de Taís, da Remar Brasil, mesmo com um mercado bastante disputado, a empresa vem buscando se destacar no ramo de EPI. “Trabalhamos com honestidade, qualidade e praticidade e estamos conseguindo uma boa carteira de clientes. Quando podemos, cobrimos os preços dos concorrentes. Essa competitividade acontece em qualquer área”. Entre os clientes da Remar estão a Jan De Nul, a Sinarge Navegação e o estaleiro Brasfels.

Cyrulnik, da SP Equipamentos, acredita que há espaço para todos. “Não estamos preocupados com a nossa concorrência, porque o mercado brasileiro é muito grande.” Para Brasil, da JGB, o mercado sempre foi e continuará sendo extremamente competitivo e, por isso, a companhia vem buscando cada vez mais atender às necessidades de seus clientes. “O mercado está cada vez mais globalizado com a presença de grandes corporações multinacionais atuando no Brasil. No entanto, a competitividade está atrelada ao sistema de gestão das empresas e a JGB vem preparando-se para estar neste jogo de forma muito atuante e competente”, conclui.

 






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