MARÍLIA CAMELO
Em meio às posições de Cid Gomes e Luizianne Lins, continua o debate em torno do estaleiro na Praia do Titanzinho
Enquanto se aguarda com expectativa o encontro ou confronto - de ideias e de propostas - do governador, Cid Gomes, e da prefeita, Luizianne Lins, em torno da instalação do Estaleiro Promar Ceará, na Praia do Titanzinho, e do Projeto Orla, no litoral de Fortaleza, o assunto transpõe o campo político, ganha os bancos das universidades e já norteia até mesmo o bate-papo nas rodas de amigos. Nesta semana, não será diferente. O tema mantém-se na superfície do debate, impulsionado por matéria especial sobre a indústria naval, divulgada na edição do último sábado, pelo Diário do Nordeste, que foi até Ipojuca, em Pernambuco, colher informações e subsídios para que os cearenses conheçam mais sobre o que pode representar a instalação de um estaleiro para a economia de uma cidade, de um estado, de um país.
Na próxima quarta-feira, 17, pela manhã, estudantes do curso de Engenharia da Universidade Federal do Ceará reúnem-se com o presidente da Adece, Antônio Balhman, com o presidente da Ceará Portos (empresa que administra o Porto do Pecém) e com o arquiteto, professor do Curso de Arquitetura da UFC, José Sales, para debater sobre as implicações técnicas, ambientais e econômicas da construção de um estaleiro no Serviluz. A iniciativa partiu dos próprios estudantes, o que confirma o interesse de vários segmentos da sociedade em discutir o assunto.
Já amanhã, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Ceará (OAB-CE), apresenta à tarde, um relatório de 40 páginas, contendo avaliações jurídicas, técnicas e políticas sobre as possibilidades de construção de um estaleiro na Praia do Titanzinho. Elaborado pelas comissões de Política Urbana e Direito Urbanístico e de Meio Ambiente da OAB-CE, os estudos versam sobre aspectos legais, jurídicos e ambientais, que envolvem a instalação do equipamento. Entre os temas em análise pela entidade, estão o Plano Diretor de Fortaleza e questões ambientais e de domínio público sobre a área, respectivamente relativas à União, Estado e Município. Sobre esse aspecto, o relatório traz, ainda, avaliação sobre o decreto presidencial nº 4.333, assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em 12 de agosto de 2002, o qual regulamenta a delimitação das áreas portuárias de Fortaleza, Santos e Vitória, sobre instalação de equipamentos, infraestrutura e planta geográfica.
Visita Parlamentar
Hoje, cedo da manhã, um grupo de parlamentares segue para o município de Ipojuca, em Pernambuco, onde visitará as instalações do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), nas proximidades do Porto de Suape. Coordenado pelo deputado e líder do Governo do Estado, na Assembleia Legislativa, Nelson Martins, e pelo presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Salmito Filho, o grupo vai conhecer as instalações e o funcionamento do Atlântico Sul. "Nosso objetivo é dirimir divergências quanto à poluição sonora e os impactos ambientais gerados pelo estaleiro no entorno; o processo tecnológico de construção e o tratamento que é dado aos efluentes. Queremos ver ´in loco´, o que o Diário do Nordeste mostrou aos seus leitores, na edição de sábado último", argumentou o parlamentar petista.
Enquanto isso, uma roda de amigos discutia, durante café da manhã ontem, os prós e contras do empreendimento, os argumentos utilizados e os desdobramentos políticos que podem gerar nas próximas eleições.
O que eles pensam
Realidade de Pernambuco repercute
"Foi um furo de reportagem, que se antecipou a nossa viagem e mostrou com imparcialidade que o Atlântico Sul está fora da área urbana do Recife e que foi planejado há 40 anos. Ao mesmo tempo, revelou que a mão de obra utilizada foi toda capacitada pela própria empresa em áreas próximas ao estaleiro, que um empreendimento desses tem vida longa e a indústria naval no País só tende a crescer."
Nelson Martins
Deputado Estadual (PT)
"A matéria do Diário de sábado foi importante porque confirmou três teses que estamos defendendo, contra a instalação do estaleiro no Titanzinho: a necessidade de análise antecipada dos impactos ambientais; que os projetos de estaleiros são instalados fora de áreas urbanas e que empreendimentos desse porte exigem mão de obra qualificada, coisa que o Serviluz não terá condições de atender. O Atlântico Sul fica fora do Recife."
Acrísio Sena
Vereador de Fortaleza (PT)
(fonte: Diário do Nordeste)
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