A Petrobras produz, em média, 64 mil barris de petróleo por dia no Rio Grande do Norte, em 71 campos de produção, sendo 61 terrestres e dez marítimos
Mais do que as divisas proporcionadas pela extração do petróleo, toda uma cadeia vai se formando ao redor
Mossoró (RN) - Os chamados cavalos de pau, equipamentos de bombeio para retiro de petróleo sob a terra, espalham-se no meio da cidade, dividindo espaço com a vida urbana, cada vez mais agitada. A presença constante deles dá uma ideia da importância representada pelo "ouro preto" em Mossoró. Inquestionável. Revolucionando a economia do município, a exploração do óleo foi se expandindo pelo Estado até torná-lo, hoje, o maior produtor em terra do Brasil. E não são só as divisas proporcionadas pela sua extração que fazem a diferença por lá, é toda a cadeia que foi se formando ao redor, gerando emprego e renda na região.
Hoje, a Petrobras produz, em média, 64 mil barris de petróleo por dia no Rio Grande do Norte, em 71 campos de produção, sendo 61 terrestres e dez marítimos. Na parte terrestre, Mossoró tem destaque, até por ser o marco zero de toda essa nova economia no Estado. São mais de cinco mil poços no município e seu entorno, desde a Fazenda Belém, em Icapuí (CE) até Guamaré. "Mossoró tem duas fases: uma antes e outra depois da cadeia produtora do petróleo", afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Nilson Brasil.
Efeitos em cadeia
Muito mais do que apenas gerar uma nova fonte de arrecadação para o Município, por meio dos royalties (compensações financeiras pela utilização dos diretos de propriedade da terra para a exploração), o petróleo e sua cadeia empregam, atualmente, mais de 12 mil pessoas, em postos diretos, sendo quatro mil somente na Petrobras. O restante dos trabalhadores estão espalhados pelas inúmeras empresas ligadas ao setor. Associadas à Redepetro/RN, instituição criada há dois anos em Mossoró, são 92.
"Tem os terceirizados, que prestam serviços à Petrobras e os ´quartizados´. A maioria tem vínculo com a Petrobras. Tem o que faz perfuração, o que vende as peças, o que faz a extração, o uniforme, a qualificação, a certificação, o EPI (equipamento de proteção individual), etc", explica o secretário executivo da associação, Jales Júnior.
Segundo ele, a instituição surgiu quando a Petrobras começou a sentir carência de qualificação em suas fornecedoras. Então, em parceria com o Sebrae, criou o Projeto da Cadeia Produtiva do Petróleo, Gás e Energia, dando aporte financeiro para formação das redes em todo o Brasil, com qualificação, certificação e suporte. E o Rio Grande do Norte entrou nesse barco. De acordo com Jales, a maioria das empresas se localiza em Mossoró.
Indústrias e serviços
A ampliação do número de estabelecimentos industriais e de serviços no município, afirma, ocorreu após o petróleo. E esse parque continua em crescimento. Um novo empreendimento, de capital argentino, no valor de R$ 15 milhões, deverá aportar na Cidade, atuando na área de fabricação dos cavalos de pau. Em menor porte, surgem novos negócios a todo momento "Cerca de 200 empresas se cadastram por ano para fornecer à Petrobras. Contudo, nem todas se credenciam", aponta o gerente do escritório do Sebrae em Mossoró, João Vidal Fernandes. As oportunidades para novos empreendimentos são grandes, mas ele pondera: "para se colocar no mercado, é preciso estar capacitado".
Curiosidades
O hotel e o petróleo
A história da cidade de Mossoró e da produção petrolífera no Estado se confunde com a do Thermas Hotel e Resort
A produção do "ouro negro" no Rio Grande do Norte começou em 1979, no hotel. O maior diferencial do Thermas seria as piscinas de águas termais. Só que quando estas estavam sendo abastecidas pela primeira vez, observou-se que amanheceram manchadas de negro. Do poço perfurado para bombear água, tirou-se petróleo.
O hotel ainda mantém o primeiro cavalo de pau instalado no Estado (foto), que funciona por energia solar, o pioneiro do País nessa tecnologia. Contudo, a produção do poço é muito baixa, e é mantida somente pelo seu valor histórico
O Thermas é o único hotel do Nordeste com água hidromineral termal. A temperatura ultrapassa a casa dos 50º, e é procurada por muitas pessoas por possuir propriedades terapêuticas. Após a descoberta de petróleo, a Petrobras perfurou um outro poço no hotel, de mais ou menos mil metros de profundidade, para a saída destas águas
Fonte: Diário do Nordeste (CE)/
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