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PAC das hidrovias empaca

 

Mas fabricantes de motores marítimos para embarcações de serviço continuam ansiosos por investimentos federais

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Ecobrasil


O plano de expansão das hidrovias que previa investimentos de R$ 2,7 bilhões para ampliar o potencial logístico dos rios do país não saiu do papel em 2011, frustrando a expectativa dos fabricantes de motores marítimos para embarcações de serviço.

 

O chamado 'PAC das hidrovias' é a grande aposta do setor para a expansão e consolidação das vendas no segmento de embarcações de apoio e transporte fluvial. Inclusive, a expectativa é que ocorra um novo boom de vendas, com a elevação dos negócios a níveis equivalentes ao registrado com a expansão dos projetos na área offshore.

 

A contar do potencial de navegação da bacia hidrográfica brasileira — mais de 40 mil quilômetros de rios e lagos, dos quais hoje apenas 13 mil quilômetros são operados comercialmente —, as projeções dos fabricantes de motores são mais que justificáveis. Tanto que esse mercado no país começa a despertar o interesse de novos players, consolidando um perfil altamente competitivo. E, a despeito do atraso no lançamento do pacote de obras para ampliar a participação do modal hidroviário na matriz de transportes brasileira (atualmente da ordem de 8%, enquanto em países como México e Estados Unidos atingem 34% e 25%, respectivamente), empresas como Volvo Penta, Sotreq, Wärtsilä, Mitsubishi, Cummins e MTU vêm priorizando investimentos em busca da maior inovação tecnológica, tendo como premissa não só o desenvolvimento de produtos, como também o aprimoramento do desempenho ambiental e econômico das embarcações através de seus motores.

“A concorrência já é global”, afirma Luiz Castro, responsável pelo segmento Marítimo Comercial da Volvo Penta no Brasil. Na sua avaliação “o setor está em alta, com um mercado bastante aquecido”. “O Brasil hoje desperta o interesse de empresas que não atuavam no país e agora passam a considerar a importância de operar nesse mercado”, afirma o executivo, ressaltando ainda que a Volvo Penta está atenta a esse movimento. “Estamos investindo na reestruturação e ampliação da nossa rede de atendimento autorizada para aumentar a nossa cobertura. A nossa estratégia, como diferencial competitivo, é ter uma rede de atendimento forte e preparada para oferecer todo o suporte necessário aos nossos clientes.”

A análise positiva sobre o potencial do mercado é compartilhada pelo gerente de negócios marine para a América do Sul e México da Cummins, Waldemar Marchetti Sobrinho. “As perspectivas ainda são boas. Esse segmento depende muito de liberação do dinheiro do FMM, e com isso o mercado às vezes fica em compasso de espera. Mas esperamos que os negócios atinjam os patamares de 2007/08 até o inicio de 2013.” “Mesmo com as incertezas externas”, continua, “entendo que ainda teremos um grau de investimento bastante importante principalmente para embarcações de apoio e transporte fluvial”. De acordo com Marchetti, “a companhia tem objetivos agressivos em se tornar a número um e manter-se como tal em diversos mercados. Investimentos em tecnologia estão sendo realizados.”

Filipe Prado Lopes, gerente de mercados marítimos da Sotreq, também atesta o momento promissor. Para ele, são inúmeras as oportunidades de negócios que devem surgir no segmento da navegação fluvial e as empresas devem se capacitar para melhor atender essa nova demanda, tanto no que diz respeito aos produtos quanto aos serviços. Nesse quesito, Lopes afirma que a Sotreq vem fazendo a sua parte, investindo na ampliação da área de suporte ao cliente.

Quanto à área de produtos, ele informa que a Cartepillar, representada comercialmente no Brasil pela Sotreq, está concluindo investimentos da ordem de R$ 350 milhões no país. Desde o final do ano passado, a companhia vem produzindo no Brasil grupos geradores e sistemas de propulsão diesel-elétricos, a série de última geração 3500C, que pode ser usada em navios, plataformas e unidades flutuantes FPSOs.

Lopes informa que o primeiro da série produzido na unidade industrial de Piracicaba (SP) já foi entregue. Até então os motores desse tipo comercializados no Brasil eram importados da fábrica da empresa de Lafayette, em Indiana (Estados Unidos). Aliás, de acordo com declarações do presidente da Caterpillar Brasil, Luiz Calil, é a primeira vez que estes motores são fabricados fora dos Estados Unidos. Segundo o executivo da Sotreq, os grupos geradores e os sistemas de propulsão diesel-elétricos fabricados no país têm alto índice de nacionalização: acima de 60%, certificado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

 

Mas nem só de perspectivas vive o mercado. O volume de negócios realizados ao longo de 2011 também justifica o otimismo dos fabricantes.  Só a MTU do Brasil triplicou suas vendas em relação ao resultado obtido no ano anterior, quando a previsão era dobrar o faturamento. “A MTU teve um excelente 2011 no segmento marítimo, onde atingimos resultado três vezes superior a 2010”, afirma Heber Jordão, gerente comercial da empresa. Segundo ele, foram comercializados produtos da Matriz (Alemanha) e também os motores marítimos produzidos aqui no Brasil, tendo como base a linha de motores Mercedes-Benz. “No caso dos motores originários da matriz, o foco sempre foi um produto de ponta em termos de tecnologia e desempenho. Para os produtos nacionais, oferecemos aos clientes uma solução integrada abrangendo toda a propulsão e isto promoveu melhores resultados nas vendas.”

A operação da companhia se divide entre os mercados naval militar e de pleasure boat (barcos e iates de recreio). Jordão explica que “a MTU tem uma relação muito forte com a Marinha Brasileira, principalmente pela qualidade, robustez e confiabilidade de nossos motores”. Segundo ele,  alguns projetos já estavam em curso e foram entregues e também novos contratos foram assinados para entregas futuras.

Com relação ao segmento de pleasure boat, a MTU tem entre seus principais clientes Ferreti e Azimut, adquirindo os propulsores diretamente na Alemanha. “Estes motores são importados pelos fabricantes de barcos e os mesmos chegam ao Brasil para entrar em operação, neste caso nossa empresa se encarrega de todo o apoio e atendimento desde o início de funcionamento. Alguns negócios neste segmento também foram fechados diretamente pela MTU do Brasil em 2011, porém em escalas menores.”

A MTU está concluindo investimentos de R$ 20 milhões na ampliação de sua fábrica em São Paulo. De acordo com Jordão, a previsão era aumentar em até 60% a capacidade de produção de motores Mercedes-Benz de aplicação marítima, industrial e agrícola até 400HP.  Ele informa que algumas áreas já estão em operação, o que permitiu um melhor desempenho da produção, mas que a totalidade dos objetivos será atingida a partir de 2012.

A companhia pretende lançar este ano o novo projeto para viabilizar a fabricação de motores de 600HP de potência. “Este projeto sofreu revisões e alteração no escopo. Foi avaliado pela matriz e encontra-se em fase de desenvolvimento”, diz ele. A empresa também vem buscando o desenvolvimento de soluções com alto índice de conteúdo nacional.

Jordão informa que no segmento de motores Mercedes-Benz, a MTU oferece a seus clientes 100% de conteúdo nacional e para os grupos geradores offshore, bem como os propulsores diesel elétrico que utilizam motores da matriz, o índice de nacionalização do produto é extremamente elevado. “A exemplo disso, estamos efetuando a entrega dos grupos geradores para as plataformas P58 e P62 em que obtivemos certificação DNV atestando 71% de conteúdo nacional.”

Em 2011 a Wärtsilä Brasil fechou um contrato para desenvolvimento do projeto de navios PLV de operações avançadas, que serão construídos pelo DSME na Coreia do Sul e operados pela Petrobras. De acordo com Renato Barcellos, gerente responsável pela área de projetos navais, este contrato representa a afirmação da Wärtsilä como fornecedor de engenharia naval e equipamentos de propulsão para projetos de alta responsabilidade. “São as primeiras embarcações PLV projetadas para o Brasil, em vez de serem trazidas para cá depois de projetadas para outro país.”

Para a Wärtsilä é importante esse reconhecimento, especialmente neste momento em que o setor tem grandes expectativas quanto ao pré-sal.” O executivo afirma que o projeto representa um importante avanço tecnológico, que também prioriza questões como maior desempenho ambiental e econômico das embarcações. “O projeto da embarcação segue os rígidos requisitos dos clientes quanto a performance, operação eficiente, segura e de baixo impacto ambiental. Além de exceder todas as normas internacionais de segurança de navegação e estabilidade, a embarcação apresenta uma grande eficiência energética.”

Segundo ele, “isso se reflete em um baixo consumo de combustível, o que reduz as emissões de gases e permite uma operação economicamente eficiente”. “Quando for entregue”, continua o executivo, “o navio será uma das embarcações tecnologicamente mais avançadas de sua classe”.

A Wärtsilä Ship Design é a principal projetista no mundo de embarcações de lançamento de linhas, sendo uma das poucas empresas que possui a capacidade total de trabalhar com projetos complexos deste tipo, desde a concepção até o detalhamento, informa Barcellos. “Foi uma experiência adquirida durante mais de 40 anos trabalhando com alguns dos projetos mais desafiadores do Mar do Norte e do Golfo do México. Este projeto demonstra a capacidade da Wärtsilä em projetar também as mais eficientes embarcações para operação nas águas ultraprofundas do pré-sal.”

No Brasil, a companhia está dividida em três áreas de negócios: Ship Power, Power Plants e Services.  A área de Ship Power fornece soluções integradas, produtos e sistemas de propulsão para embarcações – incluindo projetos navais, maquinário e sistemas de manobrabilidade e automação – atendendo a construtores, armadores e operadores de qualquer tipo de embarcação marítima ou aplicação offshore. Já a área de Power Plants atua no mercado de geração descentralizada de energia, construindo e operando usinas termelétricas, enquanto a área de Serviços apoia os clientes durante todo o ciclo de vida de suas instalações através do fornecimento de engenharia de serviços, operação e manutenção, automação, propulsão e recondicionamento, além de treinamentos.

 

Também para a Cummins 2011 foi um ano de bons resultados, com a obtenção do recorde de produção de motores no Brasil. O gerente de negócios marine, Waldemar Marchetti Sobrinho, afirma que a companhia tem crescido anualmente em torno de 30% em faturamento, somente considerando motores de aplicações marítimas, que incluem motores para propulsão, auxiliares de bordo e geradores de bordo. “No ano passado mantivemos esse crescimento, e o que nos tem possibilitado esse crescimento é a participação em aplicações de barcos de apoio e rebocadores portuários”, diz ele.

Com relação aos estudos preliminares para a fabricação de motores no Brasil, Sobrinho informa que a Cummins vai montar grupos geradores para aplicações de barcos de apoio e embarcações de maior porte como cabotagem e ocean going. “Iniciaremos a produção em breve. Maiores detalhes serão passados futuramente, mas já estamos estruturados para chegar aos 65% de conteúdo local, como solicitado pelos armadores e pela ANP”, afirma.

O aumento das opções de motores vendidos na América do Sul possibilitou à companhia a manutenção de um crescimento de 40% na região ao longo dos últimos cinco anos. De acordo com o gerente, a estratégia vem sendo mantida. “Acabamos de informar ao mercado que a Cummins lançou a sua nova família de motores com 95 litros primeiramente, e em seguida o lançamento do 120 litros. Teremos potências entre 3800 e 4000 hp, na primeira fase, e de 5000 hp na segunda.”

Sobrinho avalia que “com essa estratégia, consolidamos a nossa participação em embarcações que demandam maior potência e consequentemente maior capacidade de bollard pull”. “Entraremos no mercado de embarcações de movimentação de âncoras (anchor handling) e de rebocadores de grande porte. A tendência é crescer a passos largos nos próximos anos”, garante.

Ele lembra ainda que também em 2011 foi lançada a linha de motores KTA com 19, 38 e 50 litros, com injeção mecânica, que atendem às leis de emissões correntes, ou seja, a IMO Tier 2. “Com isso a Cummins se posiciona como o único fabricante de motores marítimos com família de motores de injeção mecânica e eletrônica que atendem às normas IMO de emissões. Sacramentando a nossa posição de sempre lançar produtos à frente dos concorrentes.”

A Volvo Penta no Brasil registrou em 2011 uma evolução das vendas da ordem de 15%, atingindo a meta anual de crescimento estabelecida até 2015. Luiz Castro, responsável pelo segmento Marítimo Comercial, ressalta, porém, que no setor marítimo o resultado da companhia ficou um pouco abaixo da meta. “Estamos crescendo em níveis superiores a 15% em diversos setores, mas ainda não estamos nesta velocidade no setor, mas, definitivamente, no caminho desta.”

Ele afirma que no ano passado a Volvo registrou um volume de vendas muito superior a 100 unidades para propulsão de embarcações, com forte presença nos seus mercados chave. Quanto ao desenvolvimento de novas tecnologias, o executivo afirma que “o respeito ao meio ambiente é um dos valores da marca Volvo”. “A companhia investe constantemente em inovação tecnológica para desenvolver produtos com maior desempenho ambiental e econômico. Foi com este foco que a empresa desenvolveu o IPS (Inboard Performance System), um sistema de propulsão que oferece uma redução de 30% nas emissões de CO2 e de consumo de combustível, além de aumentar o desempenho e a manobrabilidade das embarcações. É um sistema revolucionário e exclusivo da marca.”

Segundo Castro, no Brasil o sistema já é consagrado em aplicações de lazer e existem estaleiros desenvolvendo projetos para a utilização do IPS em embarcações comerciais. “Em 2011, lançamos o motor D13 MH para aplicações heavy duty, apropriado para trabalho pesado e contínuo. O modelo está disponível nas potências de 400, 500 e 600 hp para propulsão e de 374 a 475 KVA para geradores marítimos.”

O gerente informa ainda que na área de motores de alta performance, a Volvo lançou o D6 400 DPH,  motor de centro rabeta mais potente do mundo no segmento. “O motor tem como principais características”, continua, “um desempenho esportivo com grande economia de combustível, baixo nível ruído e vibrações,  níveis reduzidos de emissões de CO2, e uma excelente manobrabilidade em baixa velocidade. Castro destaca que o D6 400 DPH também pode ser usado em aplicações comerciais de ultra performance, com lanchas rápidas de patrulha e resgate.

As operações da Volvo no mercado brasileiro estão divididas em três áreas:  marítimo de lazer, marítimo de trabalho e industrial. No Brasil, a Volvo é líder de mercado em motores de lazer no segmento em que atua: motores de centro, centro rabeta e IPS. “Estamos investindo na reestruturação e ampliação da nossa rede de atendimento autorizada para aumentar a nossa cobertura. A nossa estratégia, como diferencial competitivo, é ter uma rede de atendimento forte e preparada para oferecer todo o suporte necessário aos nossos clientes”, finaliza.

 



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