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Pagot cumpre roteiro e poupa governo

Tudo saiu como se previa. A presença do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, à audiência pública no Senado, trilhou o roteiro escrito nos detalhes entre as lideranças do PR e a presidente Dilma Rousseff. Pagot, que é filiado ao PR do Mato Grosso, foi técnico em suas exposições, como já havia sinalizado ao Palácio o senador Blairo Maggi (PR-MT), seu padrinho político.

Durante as quase cinco horas de depoimento, Pagot procurou esmiuçar as contratações da autarquia vinculada ao Ministério dos Transportes, com o propósito de deixar claro que tudo que acontecia no Dnit era acompanhado com lupa não apenas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) -, mas pelo próprio governo. Entre outubro de 2009 e julho de 2011, disse, as reuniões do Dnit com o governo foram todas coordenadas pela ministra Miriam Belchior, com a presença dos ministros Paulo Passos (Transportes), Paulo Bernardo (Planejamento), Guido Mantega (Fazenda) e Izabella Teixeira (Meio Ambiente).

A presidente, segundo Pagot, só não participou dessas reuniões porque estava tratando da saúde. "Como ela não acompanhava a reunião há algum tempo, não me surpreendi que estranhasse a mudança de preço de algumas obras, mas tudo foi devidamente explicado", comentou, ao se referir à polêmica reunião, divulgada pela revista "Veja", que iniciou o processo de substituições dos altos funcionários dos Transportes.

Havia tensão no Palácio quanto à possibilidade de Pagot vincular o aumento de aditivos nas obras do Dnit a contribuições feitas para a eleição da presidente. A suposta ação teria sido coordenada pelo ministro das Comunicações Paulo Bernardo, que até o ano passado era titular do Planejamento. Pagot, no entanto, negou tudo. "É mentira essa história de doações para a campanha da presidenta. Afirmo veementemente que é mentira", disse. O diretor do Dnit também saiu em defesa de Bernardo e de sua mulher, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil). "São enunciados inventados aos quatro ventos pela imprensa. Tenho admiração pelo ministro Paulo Bernardo e pela ministra Gleisi."

Segundo Pagot, Paulo Bernardo sempre foi exigente em relação à execução orçamentária das obras, mas não fazia menção a projetos. "Ele nunca me exigiu ou pediu nada, até na cidade dele, de Maringá (PR), quem me procurou foi apenas o prefeito Silvio Barros, para tratar de assuntos de interesse da cidade."

Quem acabou atacando Paulo Bernardo foi o senador paranaense Roberto Requião (PMDB). Durante a audiência, Requião disse que, quando Bernardo estava no Planejamento, chegou a procurá-lo para propor a construção de uma ferrovia com preço acima do razoável e direcionado a uma empresa privada. Segundo Requião, Bernardo propôs uma obra cujo valor saltaria de R$ 220 milhões para R$ 550 milhões. O ministro processa Requião por calúnia.

Durante a audiência, Pagot refutou todas as denúncias contra o Dnit e criticou a deficiência dos projetos básicos das obras e burocracia socioambiental, situações que, segundo ele, influenciam preço e prazo das obras. "Quando entrei as licitações eram intermináveis. Criamos um edital padrão. Saímos de 12 meses no processo licitatório para quatro."

Provocado, o diretor do Dnit afirmou que todos seus dados bancários e de sua família estão à disposição: "Peguem minha declaração de imposto de renda, de minha filha, peçam o extrato de minha conta bancária dos últimos 20 anos. Os dados estão abertos".

À frente do Dnit desde 2007, Pagot negou ter ameaçado o governo. "De maneira nenhuma, é um governo que admiro. Não quero de forma nenhuma ameaçar. Só disse aqui que existe uma regra, a que devo respeito e obediência."

Pagot deu a entender que, ao retornar das férias, não deve ser reconduzido ao Dnit, como sinalizou o Palácio. "Não sei do futuro, mas ninguém vai tirar minha vontade de trabalho. Estou doido para voltar à iniciativa privada. Tenho projetos para o rio Madeira e navegação de cabotagem", comentou. "Mas quem vai definir se fico ou não é a presidenta."

Perguntado sobre a situação do PR e o relacionamento com o ex-ministro Alfredo Nascimento, que anunciou seu afastamento pela imprensa, Pagot disse que "o Dnit não é um feudo do PR" e que sua relação com Nascimento sempre foi de companheirismo. "Tenho consciência de minhas virtudes e falhas. Também não tapo o sol com a peneira. Não afirmo que não existam ilícitos no Dnit, mas trabalhamos para corrigi-los. O ilícito é combatido com veemência e determinação"

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), disse que a oposição irá insistir na criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigaria as denúncias que envolvem os Transportes. O líder do PT no Senado Federal, Humberto Costa (PE), alegou que não se justifica a abertura de uma CPI, pois o diretor do Dnit, segundo ele, apresentou esclarecimentos sobre as acusações.

Fonte:Valor Econômico/André Borges e Rafael Bittencourt | De Brasília


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