SÃO FRANCISCO/RIO DE JANEIRO - Os planos da Petrobras de encomendar 21 sondas para serem operadas em alto mar estão sendo acompanhados de perto por perfuradores, já que qualquer atraso levaria a um aumento na demanda pelas sondas já existentes.
Dezenas de novas unidades para águas profundas já estão sendo construídas por contratantes do setor privado, que apostam na crescente demanda do Brasil para evitar que o mercado global de perfuração tenha excesso de oferta.
A Petrobras contratou, em fevereiro, o estaleiro EAS, do Brasil, para construir as primeiras sete das 28 sondas planejadas.
A estratégia faz parte da política iniciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de estimular a indústria local com encomendas da estatal.
Porém, a Noble Corp, dona da segunda maior frota de sondas do mundo, divulgou em relatório a reguladores financeiros dos EUA, na semana passada, que a Petrobras havia informado que tinha cancelado a licitação para as próximas 21 sondas. A empresa no entanto apenas suspendeu o processo, diante dos elevados preços apresentados.
Isso levou a Noble a acreditar que a Petrobras "iria ofertar as unidades necessárias no mercado, em oposição à construção de novas unidades no Brasil." Um porta-voz da companhia, baseada na Suiça, não quis fazer mais comentários.
A Petrobras vai divulgar os resultados trimestrais nesta sexta-feira, e detalhes sobre as sondas devem emergir durante o anúncio do seu plano para o período 2011-2015, esperado para segunda-feira.
Renato Duque, diretor de serviços da Petrobras, disse que a companhia abriria uma licitação e que a construção seria no Brasil, mas o timing continuava incerto.
"Nós decidiremos em maio quando a licitação vai começar", disse Duque à Reuters.
Outras perfuradoras que parecem estar menos confiantes quanto às intenções da Petrobras estão tão interessadas quanto as outras na decisão.
"A Petrobras pode ordenar outras licitações de estaleiros brasileiros, ou contratar as sondas necessárias no mercado internacional", disse o Pride International Inc, uma grande contratante que está sendo comprada pela Ensco Plc, em relatório junto à Comissão de Ações e Câmbio, na semana passada.
"As sondas obtidas através do mercado internacional podem representar demanda adicional no curto prazo", acrescentou Pride.
Um executivo da Transocean Ltd disse acreditar que a Petrobras estava em busca de duas sondas para águas profundas e analistas estão convictos de que a medida do Brasil vai afetar todo o mercado.
"A demanda por sondas de águas profundas é global, mas também é geralmente acentuada pela urgência (da Petrobras) em contratar navios para desenvolver enormes reservas, descobertas alguns anos atrás", disse o analista da Gimme Credit Phil Adams em nota a clientes, referindo-se às imensas descobertas em 2007 do pré-sal da bacia de Santos.
Fonte: Reuters/Braden Reddall e Denise Luna
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