A manutenção dos preços da gasolina e do diesel no mercado doméstico - independente das oscilações do barril no exterior - deve elevar a Petrobras à categoria de petroleira com o melhor resultado em 2009.
Enquanto as maiores petroleiras internacionais (Exxon, Chevron e Shell) amargaram no fechamento do ano passado queda de mais da metade do lucro recorde do ano anterior e companhias de menor porte (BG e BP) ficaram na casa dos 20% abaixo de 2008, a Petrobras pode ter uma performance melhor, na opinião do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.
"As companhias maiores são mais verticalizadas, possuem refinarias, ou participam de alguma maneira de forma mais direta ao longo da cadeia produtiva. Com isso, perdem mais dinheiro porque têm uma diminuição do lucro dela nas vendas de derivados. Já as outras menores são mais concentradas na área de Exploração e Produção, portanto tiveram uma redução menor do seu lucro, com a valorização do barril ao longo do ano. A Petrobras reverte este cenário, porque possui uma posição ímpar. Quando o preço do petróleo cai muito, aí é que ela ganha dinheiro vendendo gasolina", explicou Pires.
Antes mesmo das análises feitas pelas instituições bancárias, que emitem previsões do lucro da companhia, o CBIE aponta que em 2009, a Petrobras manteve o preço da gasolina 44% acima da média internacional. No caso do diesel, o valor foi 33% maior. Os dois indicadores consideram diferenças cambiais e paridade de importação e exportação de ambos os combustíveis. Levam em conta também a redução dos preços promovida pela Petrobras em junho de 2009, um ano depois do início da queda do valor do barril no exterior, após atingir o seu pico de US$ 150.
De acordo com dados oficiais do Departamento de Energia dos Estados Unidos, o preço do barril no mercado internacional teve valorização média de 70% ao longo de 2009, depois de chegar a ficar abaixo dos US$ 40 ao final de 2008. O preço do barril, no entanto, não atingiu a média do ano de 2008, de US$ 85, ficando em US$ 62 na média de 2009.
Entre as petroleiras internacionais, a norte-americana ExxonMobil teve a maior queda, de 57,3%, registrando lucro líquido de US$ 19,3 bilhões em 2009, ante os US$ 45,2 bilhões apurados no ano anterior. No quarto trimestre, no entanto, a redução já foi menor: o resultado da empresa caiu 23% ante igual período em 2008, passando de US$ 7,8 bilhões para US$ 6 bilhões. A empresa alegou que a redução no lucro refletiu especialmente a queda nas margens de refino, que teve uma perda de US$ 189 milhões, frente aos ganhos de igual período do ano anterior, de US$ 2,41 bilhões.
Já a também norte-americana Chevron (queda de 56% no lucro anual e de 37% no quarto trimestre sobre igual período em 2008), alegou em seu balanço "fortes pressões cambiais" e impactos a crise financeira internacional.
Com as mesmas alegações, a anglo-holandesa Shell, que registrou em 2009 lucro líquido 52% menor, de US$ 12,518 bilhões, contra US$ 26,277 bilhões obtidos em 2008, foi mais radical e disse que em 2010 cortará mil postos de trabalho para se tornar mais competitiva. O lucro da empresa também foi impactado por uma produção de gás e petróleo 23% menor no último trimestre na comparação com os últimos três meses de 2008. A produção anual caiu 3%.
Já a petroleira britânica BP registrou lucro líquido de US$ 16,57 bilhões durante o ano de 2009, queda de 21% na comparação com os US$ 21,15 bilhões apurados no ano anterior. No último trimestre do ano passado, no entanto, a empresa reverteu o prejuízo de US$ 3,34 bilhões registrados em 2008 e lucrou US$ 5,36 bilhões. A companhia atribuiu o resultado ao movimento nos preços do petróleo, uma melhoria na produção e corte de custos. A produção aumentou 3% no trimestre, registrando média de 4 milhões de barris por dia. Ao longo de 2009, a produção média da empresa foi de 3,98 milhões de barris/dia, alta de 4% na comparação com a produção registrada em 2008.
VENDA DE ATIVOS. Merecem destaque ainda os balanços da petroleira italiana Eni e a norueguesa Statoil. A primeira obteve lucro líquido de US$ 868 milhões no quarto trimestre de 2009, saindo do prejuízo de US$ 1,18 bilhão em igual intervalo de 2008. Analistas estimaram, no entanto, que esta melhora se deve muito mais a venda de ativos do que propriamente em desempenho operacional. Já a segunda obteve lucro líquido de US$ 1,25 bilhão no quarto trimestre do ano passado, mais que o triplo do lucro de igual período do ano anterior. O resultado, segundo a companhia, foi ajudado pelos preços mais altos do petróleo e pelos impostos mais baixos, que mais do que compensaram as margens fracas de refino.(Fonte: Jornal do Commercio/RJ/KELLY LIMA DA AGÊNCIA ESTADO)
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