O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse nesta terça-feira (31) durante almoço com empresários no Rio de Janeiro que a companhia espera conseguir investimentos de empresas parceiras para concluir as obras da refinaria do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
“Estamos discutindo com parceiros a possibilidade de que eles possam se associar na área de refino, aportando os recursos necessários na conclusão das obras do Comperj”, respondeu Parente ao ser questionado por um empresário durante o evento promovido pela Associação Comercial do Rio.
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O Comperj é um dos maiores projetos do país, que ocupa uma área de 45 km². O projeto foi anunciado em 2006 e seria um avanço da Petrobras na área de refinaria.
As obras estão paradas há cerca de dois anos e foram afetadas pelas denúncias da Lava Jato. Com a crise, a construtora Queiroz Galvão, encarregada da obra, decidiu quebrar o contrato alegando que o valor firmado com a estatal não seria suficiente para cobrir os custos.
Antes de responder às perguntas do empresariado, Parente apresentou uma curta palestra na qual descreveu os principais desafios do setor petroleiro. Ele destacou a queda do preço do barril de petróleo no mundo e as estimativas de que deverá ocorrer mundialmente, entre 2020 e 2030, um pico do consumo do óleo, antes de entrar em declínio.
Leilão do pré-sal
O presidente da Petrobras afirmou em seu discurso que sem a mudança na regulação que acabou com a obrigatoriedade da estatal explorar a camada do pré-sal, as duas últimas rodadas de licitação teriam rendido metade dos investimentos.
“[Sem a mudança] teríamos investimentos em apenas três blocos, porque esta é a capacidade de investimento da Petrobras. Ou seja, teríamos apenas metade dos investimentos previstos. A revisão da regulação garantiu um sucesso muito grande nos últimos leilões”, disse o executivo.
Petrobras leva 3 blocos do pré-sal e oferece até 80% da produção à União
Dos oito blocos ofertados [nas 2ª e 3ª rodadas], seis foram arrematados, sendo três deles pela estatal brasileira em consórcio com gigantes estrangeiras.
Parente buscou enfatizar as mudanças ocorridas na Petrobras desde a mudança da gestão da companhia, no ano passado. A partir da nova linha de atuação, segundo ele, a companhia “está se reposicionando e recompondo seu repertório exploratório”.
“A Petrobras, vocês devem se lembrar, foi vítima de um esquema de corrupção e de uma série de decisões equivocadas que geraram uma dívida de US$ 120 bilhões em valores brutos”, disse Parente.
O executivo afirmou que “tivemos um grande sucesso na gestão da nossa dívida” ao definir um projeto de parcerias e desinvestimentos como forma de expandir os negócios, gerando capital e reduzindo os gastos. Porém, ressaltou que “continuamos com uma dívida bastante elevada, perto de US$ 90 bilhões”. Segundo ele, essa dívida rende, em juros, cerca de US$ 7 bilhões por ano.
“Não é simples a situação da Petrobras. Vemos uma trajetória de recuperação, mas ainda temos muito o que fazer”, enfatizou Parente.
Parente destacou que o foco da empresa é ser seletiva quanto a novos investimentos. Segundo ele, atualmente, 66% da capacidade de investimento da companhia é destinada à exploração do pré-sal e 34% do pós-sal. Ele afirmou que a companhia aposta na conquista de seu planejamento estratégico, que prevê elevar a produção de 2,8 bilhões de barris de óleo equivalente por dia para 3,8 bilhões até 2021.
Fonte: G1