A Petrobras tem a expectativa de receber recursos referentes à indenização que a Odebrecht vai pagar no Brasil, Estados Unidos e Suíça, de R$ 6,7 bilhões, mas ainda não teve uma indicação de valores, disse Pedro Parente, presidente da estatal.
"Já recebemos R$ 660 milhões vindos de indenizações, o que comprova nossa tese de que a Petrobras é vítima. Se não fosse, não estaríamos recebendo", disse o executivo, que participa nesta sexta-feira do Encontro Nacional da Indústria Química (Enalq), em São Paulo.
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Vítima
A Petrobras utiliza o argumento de que foi vítima de um esquema de corrupção também na defesa da ação coletiva e das ações individuais movidas por investidores contra a estatal nos Estados Unidos.
“Com essa linha de argumentação, fizemos uma série de acordos, sempre registrando que não era reconhecimento de culpa, mas uma visão pragmática de dizer que é melhor resolver isso cedo do que tarde, para tirar essa culpa da empresa”, disse Parente.
Segundo ele, foi com essa visão que a Petrobras alcançou acordos em valores inferiores do que o mercado estimava. “Vamos continuar insistindo na visão de que a Petrobras foi vítima e não pagaremos nada além do que entendermos como razoável para resolver o problema rapidamente, ainda que não haja culpa da companhia”.
Parente afirmou que a estatal não vai aceitar valores acima do que entende ser “razoável” para encerrar os processos movidos por investidores contra a empresa nos EUA. A petrolífera está apelando contra a ação coletiva na Corte Federal do Estado de Nova York.
Questionado sobre novos acordos para encerrar ações individuais movidas por investidores nos Estados Unidos (as "opt outs"), paralelamente à ação coletiva, Parente não deu detalhes.
A companhia já concluiu acordos para encerrar 15 das 27 ações individuais que haviam sido ajuizadas contra ela. Para isso, provisionou um valor de US$ 364 milhões no resultado do terceiro trimestre.
"As negociações encerradas são as que anunciamos. Só anunciamos quando encerramos as negociações", disse Parente, questionado se havia outras negociações com investidores individuais.
Sobre o valor provisionado, o executivo disse que se referia às negociações com os investidores individuais e que não poderia fazer outros comentários.
Governança
Parente afirmou que a Petrobras está fazendo as alterações necessárias para aderir ao programa de governança de estatais da BM&FBovespa.
"Queremos ser a primeira empresa a receber o certificado de governança da BM&FBovespa", disse.
O executivo destacou também a Lei de Governança das Estatais, que obriga as empresas a terem administradores com experiência na gestão. “Temos uma série de mudanças feitas e já em funcionamento para nos permitir ter o melhor sistema de controle interno", disse.
Fonte: Valor