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Petrobras inicia operação no Golfo e gera temor em ambientalistas

A Petrobras começa a produzir petróleo no Golfo do México ainda neste trimestre, em poços perfurados em águas duas vezes mais profundas e quatro vezes mais distantes do litoral que a da plataforma da BP que registrou um grave vazamento há menos de um ano.

É grande a expectativa em torno do uso de navios-plataforma, muito usados no Brasil mas ainda inéditos nos Estados Unidos, que podem ser desconectados dos poços e deslocados para águas mais tranquilas quando ocorrem furações, muito comuns nessa região.

Uma influente entidade ambiental americana, porém, afirma que essa tecnologia, conhecida pela FPSO (em inglês, Sistemas Flutuantes de Produção, Armazenamento e Transferência) pode causar desastres naturais ainda mais davastadores do que os das plataformas marítimas tradicionais.

"Os FPSOs são enormes tanques cheios de petróleo na superfície do oceano", afirma John Amos, presidente da SkyTruth, entidade ambientalista que, a partir da análise de imagens de satélite, revelou que o governo dos Estados Unidos subestimada o tamanho do vazamento da BP. "O que acontecerá se um desses FPSOs não escapar a tempo de um furacão?", afirma.

Os FPSOs, que são petroleiros adaptados para operar como plataformas, só receberam autorização nos Estado Unidos em 2001. Eles acumulam petróleo extraído no fundo do mar e, a cada uma ou duas semanas, transferem a carga para petroleiros, que transportam o produto para o litoral.

A produção de petróleo na parte americana do Golfo do México se resumia às plataformas tradicionais

Até agora, a produção de petróleo na parte americana do Golfo do México se resumia às plataformas tradicionais. Nelas, grandes estruturas montadas na superfície do oceano operam a extração de petróleo, que é enviado ao litoral por meio de uma rede de oleodutos.

"O uso de FPSOs [naquela região do Golfo do México] se deve aos riscos [econômicos] de perfurar poços em águas muito profundas e áreas distantes da costa", afirma o consultor independente Peter Lovie, que assessorou a Devon Energia no uso de FPSOs. A empresa foi sócia da Petrobras em um dos campos no Golfo o México, o de Cascade, mas vendeu sua participação à companhia brasileira depois que decidiu suspender sua produção no mar. "A experiência de produção nessa região [do Golfo do México] é muito pequena, e os FPSO diminuem os riscos em caso de fracasso", afirma.

O navio-plataforma da Petrobras, que chegou ao Golfo do México em abril de 2010, tem capacidade para produzir 80 mil barris de petróleo por dia e pode armazenar um volume de 500 mil barris de petróleo. Ele vai servir aos campos de Cascade e Chinook, com poços perfurados a 2,5 quilômetros de profundidade, localizados a 250 quilômetros ao sul da costa do Estado da Louisiana. A produção deveria ter iniciado em fins de 2009, mas já foi adiada três vezes. A exploração no Golfo do México está entre as prioridades da companhia na área internacional, embora o plano recente de negócios da companhia tenha decidido concentrar suas operações na camada do pré-sal no Brasil.

Amos, um geologo que trabalhou por anos como consultor da indústria de petróleo e gás até fundar a SkyTruth in 2001, diz que não advoga a interrupção da exploração no Golfo do México. "A sociedade escolheu que vai continuar perfurando poços no oceano", afirma. Ele defende o uso de tecnologias mais seguras e avançadas tanto para minimizar o risco de vazamento como para responder adequadamente ao próximo vazamento. "Vazamentos são eventos muito raros, mas não podemos achar que o risco é zero." Para Amos, os navios-plataforma são menos seguros e oferecem menos recursos para responder a emergências.

A Petrobras diz que é a empresa que usa a maior quantidade de FPSO no mundo, sem acidentes relevantes

O acidente da Exxon Valdez no Alasca em 2009, sustenta, foi muito pior do que o da BP porque era um petroleiro. "Quando o petróleo vazou, toda a carga foi ao mar em poucas horas, perto da costa", afirma. "Petroleiros são o jeito mais perigoso de transportar petróleo." O movimento repetitivo de carregar e descarregar navios, argumenta, está sujeito a falhas. "Há o risco de colisão entre navios, de quebrar os tubos que alimentam os navios, de vazar petróleo", afirma o ambientalista.

Amos diz que os navios-plataforma têm menos equipamentos para responder rapidamente a um eventual vazamento, quando comparados a plataformas tradicionais. "Se você tem apenas um navio flutuando, não tem a 'caixa de ferramentas' para responder a acidentes", afirma. "Tudo fica muito difícil quilômetros abaixo da superfície do oceano."

A Petrobras recusou pedido de entrevista para essa reportagem, assim como proposta de visita à sua subsidiária em Houston, Texas, a Petrobras America, e às suas operações no Golfo do México. Mas sua assessoria de imprensa respondeu a algumas questões por e-mail.

"A produção de petróleo por FPSOs é tão segura quanto a produção por plataformas", afirma a companhia. "Essa comparação já foi extensivamente analisada pela indústria do petróleo mundial." A Petrobras diz que é a empresa que usa a maior quantidade de FPSOs no mundo, sem nenhum acidente relevante.

Ainda segundo a empresa, os equipamentos para combate a vazamentos localizados em FPSOs são equivalentes aos utilizados em outros tipos de plataformas. "O transporte de óleo por navios aliviadores é semelhante ao realizado, sistematicamente, por navios de grande porte em todo o mundo", afirma a Petrobras. "Os riscos operacionais de oleodutos são equivalentes aos riscos de navios aliviadores." A Petrobras diz ainda que o seu plano de contingência foi validado pelas autoridades americanas e já contempla a localização dos poços e as profundidades de água do projeto, diz a companhia brasileira.

O consultor Peter Lovie diz que a indústria petrolífera acompanha com expectativa o início da produção da Petrobras, mas não acha que outras companhias necessariamente vão seguir o mesmo caminho. "Essa tecnologia é bem conhecida", afirma ele. "Seu uso depende do estilo de cada empresa e do risco [econômico] de cada área explorada."

Fonte: Valor Econômico/Alex Ribeiro | De Washington


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