Luiz Ferradans, gerente geral: desafio de desenvolver novas áreas de exploração e elevar produção de Urucu a 56 mil barris
A Petrobras prevê investir na Amazônia R$ 4,55 bilhões entre 2010 e 2014. Desse valor, R$ 2,19 bilhões serão no desenvolvimento da produção, o que inclui o início dos investimentos para extrair gás em Juruá, a construção do gasoduto Juruá-Araracanga-Urucu e mais uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) para tratar o gás produzido naquele polo, também da bacia do rio Solimões.
Além do incremento de produção de gás, a estatal vai destinar R$ 1,56 bilhão à exploração de oito blocos na região nesse período. No momento, a companhia está fazendo pesquisa sísmica em cinco blocos na bacia do Solimões concedidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), ao mesmo tempo em que se volta para a bacia do Amazonas, onde adquiriu três concessões. Sua sócia nessa bacia é a portuguesa Petrogal, subsidiária da Galp Energia.
Os blocos na bacia do Amazonas, onde é operadora, estão em processo de obtenção da licença ambiental para começar a pesquisa sísmica. A região fica no leste do Amazonas, distante 200 quilômetros de Manaus. Nessa bacia já tem os campos Azulão e Japiim, descobertos antes. Luis Ferradans Mato, gerente geral de Exploração e Produção da Petrobras na Amazônia, diz que a empresa está negociando com a Companhia de Gás do Amazonas (Cigás) um contrato de comercialização do gás na região para viabilizar o projeto de gás.
A Petrobras fechou dezembro com produção média de 52,3 mil barris diários de petróleo de alta qualidade em Urucu - 47º na escala do American Petroleum Institute (API), ante a média de 18º API do óleo pesado da bacia de Campos. Além do óleo, extraiu 10 milhões de metros cúbicos de gás natural e 1,33 mil toneladas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). As reservas da companhia na Amazônia, de 52,8 bilhões de metros cúbicos de gás, ficam em segundo lugar no país, atrás apenas do Rio de Janeiro. Isso porque a estatal ainda não contabiliza as descobertas nos campos gigantes no pré-sal da bacia de Santos, que ainda não tiveram declaração de comercialidade na ANP, agência reguladora do setor.
Um dos objetivos da empresa é manter Urucu produzindo no nível pouco acima de 50 mil barris dia de óleo. Com maior recuperação no polo de tratamento do material extraído na unidade de beneficiamento Arara , poderá chegar a 56 mil ao dia, informou Ferradans. Na região, faz pesquisa sísmica em cinco blocos exploratórios concedidos pela ANP.
Para a companhia, realizar atividades de exploração de petróleo e gás numa região como a Amazônia, com alto nível de exigência de proteção ao meio ambiente e ás comunidades locais, é um grande desafio.
Para evitar a ocupação populacional na base Geólogo Pedro de Moura, em Urucu, a unidade do complexo, com 350 km quadrados, foi completamente isolada. Ali não foram construídas estradas, somente acessos. Só se chega através de dois portos da Petrobras no rio Urucu ou pelo aeroporto próprio. Urucu tem 110 km de estradas, dos quais 71 são pavimentados com material que pode ser retirado da floresta quando a produção ali se esgotar.
Os equipamentos para Urucu foram levados de balsa, helicóptero e avião. Para abrir espaços na mata muitas vezes foi necessária a ajuda de oficiais do Exército. Para perfurar o primeiro poço em Urucu, os equipamentos foram levados de balsa pelo rio e depois foram necessários 350 voos de helicópteros para levar todas as partes da sonda.
Os 1.600 funcionários da Petrobras que trabalham em Urucu seguem o mesmo regime dos "embarcados" em plataformas no mar. Ficam 24 dias trabalhando 12 horas por dia no regime de revezamento, descansando 21. Os terceirizados fazem 14 por 14. Só chegam e saem de em aviões ou em helicópteros. Se as condições do tempo estiverem ruins, são utilizados barcos. A cidade mais próxima, Carauari, fica a 170 km. Coari, município em que está a área, está a 280 km.
A chegada da Petrobras trouxe dinheiro para a região. A estatal já é a maior contribuinte do ICMS no Estado do Amazonas, tendo pago R$ 813 milhões em 2009, o que corresponde a 17% da arrecadação total daquele estado.
O impacto na pequena Coari, com 67 mil habitantes segundo estimativa do IBGE, é impressionante. Ela ocupa o 10º lugar entre os municípios brasileiros que mais recebem royalties pela produção de petróleo e gás, em uma lista liderada por Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, a campeã de arrecadação por conta da bacia de Campos. Considerando apenas os royalties pagos pela produção dos campos em terra, Coari é a primeira da lista, com quase R$ 39,8 milhões arrecadados em 2009. Desbancou tradicionais produtores, como Carmópolis (SE), Guamaré (RN) e Madre de Deus (BA).(Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner, de Urucu e Manaus/(Colaborou Ivo Ribeiro))
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