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Petrobras reestrutura negócios na Argentina e foca em produção

Alvo de reclamações do governo e sem alcançar crescimento no mercado local, a Petrobras mudou a orientação dos seus negócios na Argentina, onde tem a maior atuação fora do Brasil. A estatal descarta a hipótese de deixar o país, mas decidiu-se por um "recuo estratégico", que consiste em concentrar-se na atividades de exploração e produção de petróleo.
Ao mesmo tempo, reduz sua participação em áreas como refino e distribuição, com venda de ativos nestas e outras áreas, como toda a estrutura de fertilizantes - que tinha a liderança no mercado argentino, com 72% de participação em produtos líquidos. Foi vendida à Bunge no fim de 2009. É esperado para breve anúncio de venda da refinaria de San Lorenzo e de metade da rede de postos - são 605 - para o empresário Cristóbal López, dono da Oil M&S e bastante próximo ao ex-presidente Néstor Kirchner, o que a Petrobras não confirma.
"Não é questão de sair. A estratégia é adequar o tamanho da PESA (Petrobras Energia S.A., subsidiária argentina) ao tamanho do mercado", afirma Jorge Zelada, diretor da área internacional da Petrobras no Brasil. De acordo com ele, a empresa tem uma estrutura "muito diversificada" em dois aspectos: geograficamente e nos segmentos de atuação. Boa parte dessa diversificação é uma herança da Perez Companc, que a Petrobras adquiriu em 2002.
Por meio da PESA, a estatal detém ativos residuais na Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia. Na Argentina, carrega ativos alheios ao setor petrolífero, como uma pequena hidrelétrica e participação na Edesur, a principal distribuidora de energia elétrica de Buenos Aires. "Se no passado isso fez sentido, eu não vou entrar no mérito da questão", diz Zelada. "Nós fizemos um diagnóstico e traçamos uma estratégia para melhorar a qualidade média dos ativos. E isso significa concentrar mais, geograficamente, no mercado argentino. Quem vai trabalhar em outros países é a Petrobras. Outro ponto é a PESA focar mais na indústria de petróleo. Não vou fazer um 'garage sale', não é isso. Se tiver mercado ou um negócio interessante, sentamos para conversar. Se não, vamos administrar o negócio."
Cauteloso, o diretor evita comentários sobre negociações específicas, mas o fato é que a Petrobras decidiu trocar crescimento por rentabilidade na Argentina. Afetada por uma regulação cada vez mais forte do governo, a PESA viu despencar seu lucro operacional, de 1,95 bilhão de pesos em 2005 para 918 milhões no ano passado (R$ 420 milhões).
Para contornar a queda, demitiu 400 dos 4,7 mil funcionários e definiu como prioridade adequar os níveis de produção, refino e distribuição. Hoje, na Argentina, a Petrobras refina e vende mais do que produz. Para preencher a lacuna, tem de ir ao mercado e comprar petróleo das concorrentes. Na refinaria de San Lorenzo, construída em 1938 e com instalações defasadas, a companhia só tem lucro se produzir diesel ou gasolina com petróleo valendo menos de US$ 35 o barril. Quando o abastecimento vem da própria Petrobras, tudo certo. Mas, tem sido forçada a comprar óleo bruto de terceiros e isso tira rentabilidade da operação.
A produção de gás da PESA subiu 8,8% na Argentina no ano passado, mas a de petróleo recuou de 41 mil para 40,3 mil barris/dia. Segundo a empresa, a queda é explicada pelo declínio natural dos blocos que opera, principalmente na Bacia de Neuquén. Essa produção é suficiente para suprir só metade das duas unidades de refino da Petrobras na Argentina. San Lorenzo, a mais antiga, tem capacidade para 48,5 mil barris. Bahia Blanca, mais moderna, está bem localizada, junto a um grande porto e está apta a processar 30,5 mil barris.
Sem a refinaria de San Lorenzo e reduzindo pela metade sua rede de varejo, a Petrobras poderá integrar com folga toda a cadeia e evitar novas dores de cabeça com o governo argentino.
Nos últimos anos, a Secretaria de Comércio Interior obrigou a PESA a importar diesel para abastecer seus postos de gasolina. Em março, foi acusada - junto com a Shell - pela Casa Rosada de diminuir a produção nas refinarias para desabastecer o mercado e forçar aumento no preço da gasolina.

Fonte: Valor Econômico/Claudia Schüffner e Daniel Rittner, do Rio e de Buenos Aires


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