A Petrobras prepara para colocar em operação a primeira estação móvel de reúso de água para as suas refinarias. A unidade, que consumiu R$ 10 milhões em pesquisa e desenvolvimento nos últimos três anos, tem um avanço em relação ao que está disponível hoje no mercado: reúne 15 tecnologias que, combinadas, poderão levar a até 100 soluções para tratamento e reúso de água.
Composta de duas carretas com equipamentos em escala piloto, a unidade móvel fará o papel do médico que passa de casa em casa para prescrever o melhor remédio ao paciente. "A ideia é que ela circule pelas refinarias do Brasil e identifique qual a melhor solução para cada caso", afirma Viviana Canhão, gerente-geral de Pesquisa e Desenvolvimento de Gás, Energia e Desenvolvimento Sustentável da Petrobras. "É uma forma inovadora de acelerar o processo de tratamento e reúso de água. Não conhecemos nada parecido com isso no mundo".
A estação começa a percorrer este mês as 12 refinarias da Petrobras. A primeira a recebê-la será a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, com ensaios na torre de resfriamento, onde há o maior consumo de água na refinaria. Em seguida, a unidade móvel seguirá para a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde, na Bahia.
O projeto faz parte de uma área do Cenpes (Centro de Pesquisa da Petrobras) que estuda tecnologias relacionadas a água. Entre as que podem ser utilizadas no novo equipamento estão as chamadas primárias - como filtragem, floculação e separador por densidade (no caso de óleos pesados e leves) - às avançadas, que vão de osmose inversa e eletrodiálise à remoção de sais.
O tratamento da água utilizada pela indústria é uma obrigação imposta pela legislação. Sem o tratamento, as refinarias não obtêm a licença para operar, lembra a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo).
Em 2010, a Petrobras captou nada menos que 187,3 milhões de metros cúbicos de água superficial, subterrânea e do abastecimento de municípios e terceiros. A água é utilizada nas refinarias para aquecimento e resfriamento. Segundo Viviana, quase 60% do volume captado evapora durante o processo industrial, sendo o restante devolvido aos rios.
O objetivo da Petrobras, porém, é reutilizar cada vez mais essa água. Em 2010, 17,6 milhões de metros cúbicos foram reaproveitados, 9,4% do consumo da empresa. Hoje, esse reaproveitamento ocorre, em diferentes níveis, na Refinaria Henrique Lage (Revap), em Gabriel Passos (Regap), Presidente Getúlio Vargas (Repar) e Capuava (Recap). As novas refinarias já são projetadas para a reutilização.
Fonte:Valor Econômico/Bettina Barros | De São Paulo
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