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Petróleo acima de US$ 70 pode garantir meta para dívida da Petrobras

A manutenção do preço do barril do petróleo em patamar superior a US$ 70 deve garantir o cumprimento pela Petrobras da meta de desalavancagem no fim de 2018, de 2,5 vezes a dívida líquida sobre Ebitda, na avaliação de analistas ouvidos pelo Valor. Com esse cenário de preços de petróleo, o principal compromisso firmado pela petroleira com o mercado deve ser alcançado mesmo com os efeitos da liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao plano de desinvestimentos da companhia.

“De fato, isso [liminar do STF] pode atrapalhar um pouco [a alavancagem], mas está prevista a entrada em caixa da venda de alguns ativos que já foram anunciadas e, acima de tudo, o petróleo mais alto ajuda muito”, disse um analista de um grande banco, ao Valor.


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Pelas contas do analista, se o preço internacional do petróleo permanecer entre US$ 70 e US$ 80 o barril, assumindo que não haverá uma mudança na política de preços da gasolina, a Petrobras deverá entregar um Ebitda próximo de R$ 120 bilhões em 2018. Esse valor seria equivalente a algo em torno de US$ 32 bilhões. Para estourar a meta de alavancagem para o fim do ano, a dívida teria que ficar acima de US$ 80 bilhões, “o que não parece ser o caso”, completou ele.

No fim de junho, o ministro do STF Ricardo Lewandowski concedeu liminar proibindo a venda do controle de estatais  – e suas subsidiárias – sem o aval do Congresso. Depois dessa decisão, a Petrobras interrompeu o processo de parcerias e venda de ativos na área de refino, na Transportadora Associada de Gás (TAG) e na fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados.

Embora acredite que a Petrobras atingirá a meta de desalavancagem no fim do ano, o UBS destacou, em recente relatório, que a suspensão do processo de venda desses ativos representa uma nova ameaça ao plano de desinvestimentos e desalavancagem da petroleira.

Nos cálculos do banco suíço, a companhia deverá fechar o ano com alavancagem de 2,26 vezes, dentro, portanto, da meta. Considerando que a empresa consiga vender a TAG por US$ 9 bilhões, esse indicador cairia para 2,03 vezes, o que reitera a visão do banco de que esse ativo é um dos principais do plano de vendas da petroleira.

Questionada sobre o assunto, a Petrobras informou ao Valor que a meta de desalavancagem de 2,5 vezes a dívida líquida/Ebitda está “mantida para este ano”.

“A Petrobras possui liquidez suficiente para prescindir de operações de captações ao longo deste ano, como prevê o seu plano de negócios. A companhia possui recursos em caixa para fazer frente, aproximadamente, aos próximos quatro anos de amortização da dívida, além da contratação das linhas de revolving, que funcionam como uma espécie de cheque especial, que trazem ainda um colchão de liquidez adicional”, completou a Petrobras, em nota.

Em entrevista exclusiva ao Valor na última semana, o presidente da estatal, Ivan Monteiro, reiterou a manutenção da meta de desalavancagem para 2018, mesmo após a suspensão da negociação de venda das refinarias e da TAG.

O executivo, no entanto, disse que a liminar aumenta o desafio em relação ao cumprimento da meta de desinvestimentos para 2017-2018, de US$ 21 bilhões. Ele acrescentou que o programa de desinvestimentos da companhia é o que dá a “dinâmica de redução” do endividamento.

“A situação financeira melhorou bastante, embora o tamanho da dívida ainda seja muito alto. Mas houve uma melhora significativa no perfil da dívida. Poderíamos ficar hoje entre dois anos e meio a três anos sem tomar uma dívida nova, fazendo frente ao pagamento de principal e juros com a nossa posição de caixa”, afirmou.

No primeiro trimestre deste ano, a alavancagem da Petrobras estava em 3,52 vezes, ante 3,67 registrado no fim de 2017. Na mesma comparação, a dívida líquida recuou de US$ 94,99 bilhões para US$ 81,45 bilhões. O resultado do segundo trimestre está previsto para ser divulgado em 3 de agosto.

Em dezembro do ano passado, durante apresentação da atual versão do plano de negócios da Petrobras, a companhia estimou que, considerando o cenário daquela época, o preço do barril de petróleo tipo Brent em torno de US$ 70 asseguraria um nível de endividamento de 2 vezes. O barril do Brent encerrou a última semana na casa de US$ 75.

Fonte: Valor






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