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PR sinaliza trégua com Planalto e Transportes

Após terem enviado o recado ao governo de que reprovaram a forma como se deu a substituição do comando do Ministério dos Transportes, deputados do PR executaram ontem dois movimentos para tentar selar uma trégua com o Palácio do Planalto.

Primeiro, o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), foi acompanhado do deputado Luciano Castro (RR) ao Ministério dos Transportes. Ambos disseram ao ministro Paulo Sérgio Passos que o partido não se opôs à sua efetivação no cargo, mas à forma como o processo de sucessão a Alfredo Nascimento foi conduzido pelo Palácio do Planalto. Nascimento deixou o ministério sob denúncias de irregularidades.

Os dois parlamentares seguiram então para o Palácio do Planalto, onde se reuniram com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Reiteraram que o partido não deixará a base do governo na Câmara, e asseguraram que não fariam a desfeita de faltar ao coquetel oferecido ontem pela presidente Dilma Rousseff a parlamentares aliados.

"Fizemos uma visita oficial ao ministro Paulo Sérgio Passos para dizer que o partido está à disposição", contou Lincoln Portela. "Estamos juntos, somos base."

O deputado Luciano Castro reforçou o coro: "Fomos dizer a ele (Paulo Sérgio Passos) que não há nada de pessoal, apenas questionamos a forma. Não há sentido algum em criar um mal-estar".

A reunião do ministro com a liderança do PR na Câmara foi o sinal mais visível da reaproximação entre Paulo Sérgio Passos e a legenda que o recebeu em 2006, quando Passos ainda era secretário-executivo da pasta e era cotado para assumir o ministério depois que Alfredo Nascimento deixasse a função para disputar as eleições. Nos últimos dias, por exemplo, o ministro dos Transportes também esteve em contato com Magno Malta (ES), líder do PR no Senado, os senadores Blairo Maggi (MT) e Clésio Andrade (MG) e o deputado Giroto (MS).

No Palácio do Planalto, onde concluiu-se que "a situação ficou mais calma", os gestos da ala insatisfeita do PR foram bem recebidos. E com razão. A sigla conta com uma bancada de 40 deputados e seis senadores. Ou seja: tem poder de fogo para ajudar a oposição a contrariar os interesses do governo no Congresso.

Se as relações entre o Executivo e o grupo do partido que estava contrariado com o governo começam a se normalizar, o racha entre os parlamentares do PR persiste. Ciente de que não é hora de medir forças com a presidente Dilma Rousseff, o líder da legenda na Câmara disse que este não é o momento de a bancada querer preencher os cargos que ficaram vagos devido à crise que levou à queda de parte da cúpula do Ministério dos Transportes, da Valec e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

"Não vamos tratar, por ora, de indicações. Ninguém está autorizado a negociar nada pelo partido. Se fizer, será uma questão individual", sublinhou Portela.

A afirmação foi rechaçada por Clésio Andrade, que vem trabalhando junto ao Palácio do Planalto para aumentar a presença de Minas Gerais na Esplanada dos Ministérios e nos demais órgãos do governo. Andrade, presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), movimentou-se para influenciar a nomeação do substituto de Luiz Antonio Pagot na direção do Dnit.

"Reivindicar não é negociar cargos. Continuarei reivindicando em função dos interesses de Minas e espero que o líder do PR na Câmara Federal, Lincoln Portela, entenda esta importância e nos acompanhe", alfinetou Andrade por meio de nota, referindo-se ao também mineiro Lincoln Portela.

Por sua vez, o deputado Homero Pereira (PR-MT) verbalizou a defesa do grupo político de Blairo Maggi pela manutenção de Pagot no cargo, ideia que não tem respaldo no Planalto. Não bastassem suas divisões internas, o PR deverá ainda enfrentar outro problema na Câmara em agosto, após o fim do recesso. Ontem, PSOL e PPS protocolaram no Conselho de Ética da Câmara processo contra Valdemar Costa Neto.

Citado nas recentes denúncias de corrupção, o deputado tenta manter seu poder de influência no governo e entre os colegas de partido, apesar dos esforços contrários do Palácio do Planalto. Resta saber se Valdemar Costa Neto não criará problemas para o governo caso se sinta abandonado ao enfrentar o processo.

Fonte: Valor Econômico/Fernando Exman | De Brasília


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