Do Rio - A Petrobrasjá investe em tecnologias de processamento de imagens que permitirão instalar, em terra, salas de visualização para monitorar de forma remota, e em tempo real, centenas de informações de plataformas em produção no mar. Esses ambientes serão complementados por outras salas com telas em terceira dimensão (3D) para visualizar detalhes dos sistemas de produção. Testes com diferentes tecnologias de monitoramento à distância já estão sendo feitos pela Petrobras em Macaé, no Rio, em Salvador, na Bahia, e no Rio Grande do Norte.
Hoje, além do setor do petróleo, a indústria aeronáutica utiliza a realidade virtual em projetos de engenharia. Estúdios ligados às montadoras de veículos também usam a ferramenta para desenhar novos modelos. Acompanhar à distância a operação das plataformas em tempo real, porém, ainda é um dos desafios da visualização em 3D no mundo do petróleo.
Heitor Araujo, consultor técnico da área de visualização científica do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), diz que um dos gargalos está na transmissão das informações gráficas, que ainda não atendem às necessidades da empresa. "Já temos como capturar a imagem em 3D, inclusive no leito marinho, mas o problema está no envio da imagem", diz Araujo. Ele afirma que a Petrobras estuda o assunto. "Em três a cinco anos, podemos resolver o problema da taxa de transmissão de dados, mas essa é apenas uma das questões."
Os laboratórios de realidade virtual existem na Petrobras há mais de uma década. A empresa opera com 15 salas de visualização em 3D para estudar problemas ligados à exploração e produção de petróleo. Agora, 13 anos depois da instalação do primeiro laboratório do gênero no Cenpes, no Rio, acontece novo salto na área, graças ao avanço da tecnologia e à cooperação com fornecedores e universidades, como a PUC-RJ e o instituto de pós-graduação e pesquisa de engenharia (Coppe), da UFRJ.
As ferramentas de visualização em 3D em desenvolvimento na Petrobras, incluindo computadores, softwares, sistemas de projeção e comunicação, serão importantes para encontrar soluções aplicadas não só à produção, mas também à sísmica e aos trabalhos de engenharia. No novo prédio do Cenpes, na Ilha do Governador, criou-se o Núcleo de Visualização e Colaboração (NVC), que permitirá a interação entre os diversos laboratórios de realidade virtual da empresa.
"No NVC, vai se desenvolver um trabalho colaborativo entre duas ou mais salas de realidade virtual, o que permitirá analisar simultaneamente o mesmo problema técnico", diz Araújo. No NVC, pesquisadores do Cenpes e de universidades parceiras, como a PUC-RJ, trabalham no desenvolvimento de ferramentas que vão ajudar a tornar o sistema de produção do pré-sal mais eficiente e menos custoso.
Entre os desenvolvimentos em curso na parceria com a PUC, estão dois softwares: o Environ, que permite ver detalhes de equipamentos de plataformas em 3D, e o sistema integrado de visualização de exploração e produção (Siviep), que mostra os campos e as formações geológicas abaixo do leito marinho. Os dois softwares deverão ter as primeiras versões disponíveis para uso até julho de 2011.
O NVC trabalha com outros tipos de software e com o que há de mais avançado em tecnologia 3D. Quando estiver completamente instalado, o centro terá dois ambientes. Um vai contar com sistema imersivo de projeção simultânea em uma tela frontal e no piso da sala. A imersão é uma experiência sensorial, que permite à pessoa sentir-se dentro do ambiente que está enxergando na tela. Na outra sala, serão estudados problemas, cuja análise se beneficiará de uma tela de altíssima resolução. Nesse ambiente será possível estudar, por exemplo, a interferência dos dutos submarinos com os corais.
(Fonte: Valor Econômico/FG)
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