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Navalshore

Projemar ganha espaço entre as estrangeiras

A Projemar, empresa brasileira de engenharia naval e offshore, com sede no Rio, desenvolveu um sistema inovador de amarração de plataformas para águas ultra-profundas. Trata-se de um modelo híbrido, que combina âncoras e dois propulsores que ajudam a manter a plataforma no lugar em condições de tempestade. O projeto difere dos sistemas tradicionais no mercado: um que utiliza só âncoras e outro que vale-se de um número maior de propulsores - oito, em média, por unidade - para manter a plataforma posicionada.

Ao combinar âncoras e propulsores azimutais, o sistema tornar-se mais econômico e vantajoso, segundo a empresa. Mas a inovação ilustra, por outro lado, as dificuldades enfrentadas por empresas independentes de engenharia, como é o caso da Projemar, para desenvolver no Brasil tecnologias aplicadas à indústria de petróleo e gás. Apesar de já ter patenteado o sistema de amarração, a Projemar ainda precisa provar às operadoras que exploram e produzem petróleo que a inovação funciona.

Para isso, a companhia precisa desenvolver mais a engenharia do sistema e fazer testes em tanques de prova para que os operadores se sintam seguros a utilizá-la. Mas o acesso a recursos de incentivo ao desenvolvimento tecnológico não é fácil, diz o presidente da Projemar, Tomazo Garzia Neto. "Na Noruega, a história da Projemar seria uma saga; no Japão, um mangá; mas no Brasil não significa nada", diz Garzia.

Ele cita o caso de países nórdicos, como a própria Noruega ou a Finlândia, onde é mais fácil, na visão dele, criar e desenvolver produtos aplicados à indústria de petróleo e gás. Um fabricante norueguês pode produzir um determinado item e vai encontrar mais facilidades do que uma empresa brasileira para aplicar esse produto em plataformas em operação. "Não existe um sistema de apoio [à engenharia] semelhante para empresas brasileiras", diz Garzia.

A situação preocupa em um momento em que empresas estrangeiras desembarcam no país para buscar oportunidades na área de petróleo e gás. "O desafio é concorrer com empresas estrangeiras em condições de desigualdade", diz Garzia. A indústria da construção naval e offshore, por meio de seu sindicato, o Sinaval, também entende que é preciso estimular a engenharia nacional para evitar que esse tipo de serviço seja cada vez mais importado.

Algumas empresas estrangeiras têm interesse em vender equipamentos no mercado brasileiro e, de forma adicional, oferecem o projeto de engenharia, tornando difícil a concorrência para empresas brasileiras, diz Garzia. Na visão dele, o crescimento da indústria naval e do setor de óleo e gás precisa ser acompanhado de condições para desenvolver a engenharia naval e offshore. "A concorrência é predatória", afirma Garzia.

Em 2010, a Projemar faturou R$ 40 milhões, número que tenta repetir em 2011, embora o cenário seja menos favorável. A expectativa de que novas licitações de sondas e plataformas da Petrobras saíssem mais cedo este ano não se confirmou. Com 350 funcionários, boa parte deles são engenheiros, a empresa tem de renovar sua carteira para continuar rodando.

Hoje, segundo Garzia, a Projemar tem uma carteira de projetos que garantem serviço até meados de 2012. Entre as encomendas em carteira, estão os projetos conceitual e básico para navios mineraleiros da Vale encomendados na China e na Coreia. E também constam, entre outros, os projetos do casco da plataforma P-55 e o detalhamento e adaptação das unidades P-59 e P-60. Como o pré-sal vai exigir um grande número de unidades de exploração, de produção e de navios de apoio às atividades offshore, novas oportunidades de negócios vão surgir a curto e médio prazos, diz Garzia.

O executivo assumiu o controle da empresa, fundada pelo antigo estaleiro Emaq, do Rio, em 1995, tendo como sócios Márcio Alves e Marco Aurélio de Andrade Barros. A partir daquele ano, a Projemar passou a atuar como uma empresa de engenharia independente, sem estar ligada acionariamente a um estaleiro ou a um fabricante de equipamentos. Nos anos que se seguiram, a empresa viu oportunidades na área de óleo e gás, capacitou pessoal e realizou projetos de engenharia para diversas plataformas da Petrobras.

Fonte:Valor Econômico/ Francisco Góes | Do Rio






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