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Razões que atraem

Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul saem na frente na busca de fornecedores para equipar embarcações

Com um cenário positivo de encomendas de embarcações para os próximos anos, governos de vários estados tradicionais ou com potenciais de serem polos navais tentam atrair novos investimentos. Até o momento, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul saem na frente na busca de fornecedores para equipar os navios.

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Para incentivar a atração de empresas fornecedoras de equipamentos para estaleiros, o Rio de Janeiro vai criar um polo de navipeças em Duque de Caxias. Inicialmente a área terá 500 mil metros quadrados e será expandida até 2015 para quatro milhões de metros quadrados. O governo, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Rio de Janeiro (Sedeis), deve aplicar no projeto recursos entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões. A expectativa da secretaria é de que o polo atraia investimentos de R$ 1,5 bilhão e gere cerca de cinco mil empregos diretos quando começar a ser implantado, entre 2013 e 2015.

Segundo o diretor de Políticas Industriais e Novos Negócios da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin), órgão vinculado a Sedeis,  Alexandre Gurgel, a viabilidade técnica econômica do sítio já foi realizada. Com vocação industrial, a área já tem um pré-licenciamento, por isso a Sedeis estima que as licenças saiam em até seis meses.

O polo vai atuar como se fosse um condomínio industrial e a ênfase no modal hidroviário será sua principal característica. “É uma área que tem saída para Baía de Guanabara, onde temos os principais estaleiros do Rio, e vai ser beneficiada pelo acesso ao mar em razão da necessidade de montar [os equipamentos] e não ter que fragmentar para depois fazer as entregas aos estaleiros”, explica Gurgel, ressaltando que a logística de transporte para o acesso aos estaleiros é o ponto crítico, já que foram implantados há muitos anos em locais com o sistema viário comprometido e com restrições físicas importantes para carga pesada.

Em relação ao número de empresas que podem ser instaladas no polo, Gurgel destaca que ainda é prematuro dizer, já que é uma área que pode ter seu loteamento redefinido em função dos grupos econômicos que se implantarem. “O quantitativo de empresas não é algo que se possa definir. Ao longo de abril teremos o quantitativo de lotes disponível, mas uma empresa poderá utilizar mais de um lote”, afirma ele. Até o fechamento da edição, a Codin ainda não tinha esses números.

Paralelo à definição da área, o governo do estado tem mantido tratativas com alguns governos, como os da Finlândia, Holanda, França, Alemanha, Itália, Noruega, República Tcheca, Estados Unidos, Japão, China e Singapura com ênfase na cadeia de navipeças. O objetivo, diz o diretor, é identificar fabricantes que tenham real interesse em se estabelecer no estado, ocupando a nova área de negócios. Ele declara também que os primeiros a investir e se estabelecer têm mais chances de competir no mercado brasileiro. “O mercado já está acontecendo e grandes grupos já estão se estabelecendo. Quem está chegando primeiro tem mais chances de colher os melhores frutos”, opina.

Além disso, o governo tem o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) como parceiro para o desenvolvimento do polo. Gurgel conta que o presidente do sindicato tem mantido com o secretário tratativas no intuito de que o governo atenda efetivamente as demandas dowws estaleiros fluminenses no que tange à atração do cluster de navipeças para o Rio de Janeiro. “Os estaleiros têm que passar para o mercado nacional e internacional as reais demandas, as maiores dificuldades do estado para que então o polo navipeças seja um produto aderente à realidade do mercado”, explica.

O Rio de Janeiro concentra alguns dos principais estaleiros do país, como o Eisa, Brasfels e Mauá. Também estão sendo construídos a unidade da OSX, em São João da Barra, e a da Marinha, que construirá submarinos nucleares, em Itaguaí. A Invest-Rio, agência de fomento do estado, também terá participação no projeto com financiamento para empresas de pequeno e médio porte. Além disso, parte do valor que é destinado anualmente pelo estado à promoção da inovação tecnológica serão direcionados à indústria de navipeças.

Dados da Sedeis informam que, pelo menos, 70% das reservas do pré-sal estão na costa fluminense e que das 33 sondas de perfuração encomendadas pela Petrobras 13 serão feitas no estado, duas razões que podem atrair os fornecedores de navipeças. Além disso, continua a Sedeis, há outros motivos que fazem a indústria naval e os seus elos da cadeia terem perenidade no Rio de Janeiro. Entre eles estão a tradição do estado em empreendimentos navais e offshore, proximidade aos estados fornecedores de matérias-primas — São Paulo com a navipeças e Minas Gerais com o aço —, proximidade ao mercado consumidor e aos centros de pesquisa.

Em Pernambuco, o governo tem como meta tornar não só o próprio Complexo Industrial de Suape, mas também o próprio estado como um polo nas áreas de petróleo, gás, naval e offshore. Esse é o objetivo do Suape Global, criado em dezembro de 2008 e que já atraiu, segundo dados do Complexo, 20 empresas ligadas a estes segmentos, totalizando investimentos da ordem de US$ 1,82 bilhão e gerando mais de 22 mil empregos diretos.

“Estamos construindo estratégias para atrair não só estaleiros, mas também toda a cadeia de fornecedores”, diz o vice-presidente de Suape, Frederico Amâncio. Algumas empresas já são fornecedoras para o setor naval e offshore, mas ainda são poucas as companhias voltadas para navipeças instaladas no estado.“Temos cerca de 15 empresas, que são principalmente do setor metalmecânico, que é um importante setor para a área naval e offshore”, diz ele, ressaltando que 50% delas são estrangeiras. Atualmente, uma empresa espanhola que produz válvulas e trocadores de calor está iniciando a construção de uma unidade no estado. “É uma indústria que serve tanto para o setor naval e offshore como de óleo e gás”, observa. Também está sendo implantada em Pernambuco uma siderúrgica que poderá fornecer chapas de aço aos estaleiros.

Para criar uma estrutura favorável à atração de empreendimentos do setor, o projeto envolve também a criação de um ambiente acadêmico, voltado para capacitação e inovação tecnológica. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por exemplo, criou no ano passado o curso de engenharia naval e daqui a três anos a primeira turma estará formada.

O governo do estado também tem uma secretaria voltada à qualificação profissional, em parceria com o Senai, com a Federação das Indústrias e com os próprios empreendedores que se instalam no estado. “A partir do momento que a empresa faz a primeira sinalização de que vai se estabelecer no estado, começamos a conversar com ela sobre qualificação para entender qual é a grade de profissionais que serão necessários para o empreendimento. Trabalhamos em conjunto um processo de qualificação e identificação de profissionais no mercado para ajudar na constituição da empresa”, explica.

Através do projeto Suape Global também já foram criados cursos de nível técnico na área de soldagem, por exemplo, com foco no setor de petróleo, gás, naval e offshore. Benefícios fiscais também são atrativos do estado. Para estimular a geração de empregos e o incremento da economia regional, são oferecidas reduções de 75% nos impostos federais (Sudene), de até 50% nos municipais e programas estaduais, como o Programa de Desenvolvimento da Indústria Naval e de Mecânica Pesada Associada do Estado de Pernambuco (Prodinpe) e o Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe).

A chegada de novos estaleiros, afirma Amâncio, tem ajudado a aumentar o volume de produção na região e também é um fator favorável à atração de novos fornecedores de navipeças no estado. Além do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em operação no estado, outros parques já iniciaram a construção. Um deles é o Promar STX, que tem contrato com a Transpetro para produção de oito gaseiros do Promef e, segundo Amâncio, está concorrendo a outras licitações da Petrobras. “Até o final do ano, o estaleiro pretende ter um galpão para começar a cortar chapas de aço. Em 2013, já começa o processo de soldagem e montagem das primeiras plataformas”, diz ele, ressaltando que uma série de profissionais contratados já está estagiando na unidade Promar do Rio de Janeiro. A construção dos gaseiros vai ser feita concomitantemente à construção do estaleiro.

Outro estaleiro que também já está iniciando obras em Suape é o CMO, proveniente da união das construtoras Construcap, Mc Dermott e Orteng. Alguns protocolos de intenção também já foram assinados. “Estamos em negociação com diversas empresas, temos desde estaleiros para produção de navios até unidades que estarão voltadas para produção de equipamentos offshore e de  integração de plataformas”, adianta.

Amâncio acredita que Pernambuco já é um dos três primeiros polos navais e, nos próximos quatro anos, com o início de funcionamento dos novos estaleiros, o estado deverá se consolidar ainda mais. “Estamos fazendo um esforço muito grande que não envolve apenas procurar empresas e tentar atraí-las com base na infraestrutura de Suape e no programa de incentivos fiscais. O estado tem todo um projeto de criar um ambiente favorável para que elas se estabeleçam aqui”, conclui.

Já o Rio Grande do Sul tem alguns destaques que atraem investidores. O estado tem o primeiro polo da indústria de equipamentos de transporte e agrícolas e é o segundo polo metalmecânico da indústria de máquinas e eletroeletrônica. “O Rio Grande do Sul tem a cadeia mais verticalizada do Brasil. É o único estado que tem o estaleiro, fabricante de módulos e toda cadeia produtiva metal-mecânica e eletroeletrônica”, enumera o presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marcus Coester.

Além de Rio Grande, o rio Jacuí é um outro hub principal do estado. São cerca de 350 quilômetros de distância entre eles com empreendimentos em implantação e outros ainda em estudo. No estado, existem cerca de 90 empresas que são fornecedoras de navipeças ou de subsistemas e a maioria está instalada na região metropolitana.

A fim de transformar o Rio Grande do Sul em um polo industrial offshore, um dos objetivos da AGDI é alinhar a indústria de equipamentos e máquinas de grande porte já existentes no estado com o setor de petróleo. “O desafio que temos é que as empresas tradicionais ou que atuem em outros segmentos, como o automotivo, passem a ter o setor offshore como parte da sua estratégia empresarial”, diz Coester.

Um dos casos bem-sucedidos, exemplifica o presidente, foi o da Metasa. Produzindo inicialmente esquadrias e implementos agrícolas, hoje a empresa tem parte do seu negócio na indústria oceânica através da fabricação, desenvolvimento e comercialização de plataformas offshore. Segundo Coester, a companhia está abrindo mais uma unidade, que será instalada no município de Charqueadas, localizada às margens no rio Jacuí. “Conta com a vantagem da hidrovia gaúcha, porque a unidade vai estar na beira do rio e poderá embarcar grandes equipamentos e estruturas aos estaleiros”, conta.

Atualmente são dois os estaleiros em operação no estado: Rio Grande, controlado pela Ecovix, e o da Quip. Em fase final de licenciamento estão o EBR, que será localizado em São José do Norte, e o parque da Wilson, Sons. A Iesa prepara a instalação de uma fábrica de módulos para plataformas, em Charqueadas e a UTC fará um canteiro offshore no município.

Para aumentar a oferta de mão de obra do estado, o governo lançou no ano passado o Pacto Gaúcho pela Educação Profissionalizante, Técnica e Tecnológica. Entre outros assuntos, o programa é direcionado a alunos do ensino médio e profissionalizante e à capacitação de trabalhadores para o setor produtivo gaúcho. Além disso, existe uma série de ações em andamento junto ao Senai, Fiergs, universidades e escolas técnicas visando à qualificação de pessoal.

Pela base produtiva e diversificada que o Rio Grande do Sul oferece, as expectativas para a instalação de empresas de navipeças são favoráveis, avalia Coester. “Qualquer fabricante que venha para o Brasil ou que queira entrar nesse mercado consegue facilmente competência e bons fornecedores em diversos segmentos na área hidráulica, elétrica, informática, metal-mecânica. Esse é um diferencial importante nosso”, afirma. (DJ)



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