O anúncio feito ontem, segunda-feira, de que a petroleira OGX pagará US$ 449 milhões à empresa naval OSX, na visão de analistas, é um sinal que evidencia que o problema mais urgente do grupo EBX hoje é o seu estaleiro. "Apesar de a OGX estar também em uma situação delicada, ela repassou recursos para o caixa da OSX. A sinalização é que é a empresa naval que concentra os vencimentos de curto prazo", resumiu um especialista que prefere não se identificar. Ontem, as ações da OSX recuaram mais 15,79% fechando o dia a R$ 1,12. No ano, a desvalorização já acumula 89,48%.
Ontem, os analistas revisaram as estimativas de preço para a OSX. O Credit Suisse cortou o preço-alvo de R$ 8,40 para R$ 3,00. O UBS reduziu de R$ 12,50 para R$ 4, o que define como "preço de liquidação". E o Goldman Sachs passou de R$ 2,25 para R$ 1,30. A diferença entre os valores mostra a dificuldade dos analistas de chegar ao valor dos negócios de Eike Batista, sempre atrelados a diversas variáveis.
A OSX tem dívidas contraídas com bancos que alcançam o montante de R$ 2,151 bilhões - conforme detalhado em relatório do Bank of America Merrill Lynch, R$ 1,037 bilhão com a Caixa Econômica Federal; R$ 515 milhões com o Itaú; R$ 491,3 milhões com o BNDES; e R$ 106,8 milhões com o banco ABC. Sobre esse último compromisso, que venceu em maio, o Valor apurou que o pagamento foi feito dentro do prazo. A OSX também tem exposição a outros bancos em operações de fiança, caso do Votorantim.
Internamente, apurou o Valor, a OSX avalia suas operações de leasing e plataformas em US$ 1,2 bilhão. Os analistas observam que a empresa precisa vender ativos para quitar dívidas. No entanto, diante do momento de estresse de mercado vivido pelo grupo EBX, a venda pode não ser feita a preços atrativos para a empresa.
O Valor apurou que a consultoria Alvarez & Marsal, que tem entre suas especialidades processos de recuperação judicial, tem conversado isoladamente com os credores da empresa. A recuperação judicial chegou a ser estudada. Porém, como a OSX não tem um projeto próprio - já que foi criada para suportar os projetos de LLX e OGX - o temor é que um juiz possa decretar a falência. "Ir à recuperação judicial poderia causar um dano ainda maior à imagem do grupo", diz um credor.
Questionada pelo Valor sobre a possibilidade de avaliar uma recuperação judicial, a OSX informou que prevê a priorização dos projetos geradores de caixa da unidade de leasing e o faseamento da obra de implantação do estaleiro, visando à conclusão da fase inicial para atender a atual carteira de encomendas. A companhia diz que é assessorada por consultores de primeira linha para, em prazos e condições compatíveis com os atuais contextos de mercado e empresarial, assegurar a adequada continuidade de seus projetos. (Colaborou Talita Moreira, de São Paulo)
Fonte: Valor Econômico/ Ana Paula Ragazzi | Do Rio
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