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Reserva de óleo e gás recua com investimentos menores

A queda do volume de reservas de petróleo e gás natural da Petrobras em 2016, ante o ano anterior, não é algo específico da estatal brasileira. Levantamento feito pelo Valor com dados das principais petroleiras mundiais indica que praticamente todas as grandes empresas do setor tiveram redução do número de reservas no ano passado, em comparação com 2015. A exceção foi a petroleira anglo-holandesa Shell, que adquiriu no ano passado a britânica BG e registrou aumento de 12,7% do volume de reservas em 2016, para 13,2 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) de petróleo e gás.

Em janeiro, a Petrobras reportou o total de suas reservas em 31 de dezembro de 2016, de 12,5 bilhões de boe, pelo critério da Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Society of Petroleum Engineers (SPE), e de 9,6 bilhões de boe, pelo critério da Securities and Exchange Commission (SEC). Os números representaram quedas, em relação a 2015, de 5,7% e 8%, nos dois critérios, respectivamente.


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Entre as grandes petroleiras mundiais, o destaque em termos de queda foi a gigante americana ExxonMobil, cujas reservas em 2016 recuaram expressivos 19,3%, para 19,974 bilhões de boe. Já a também americana Chevron, a francesa Total e a norueguesa Statoil, sofreram reduções mais leves de suas reservas de 0,4%, 0,5% e 0,9%, respectivamente.

Segundo especialistas, o principal motivo para a redução do volume de reservas das petroleiras foi a queda do nível de investimentos em exploração de petróleo e gás, que resulta em menos descobertas. De acordo com dados da consultoria Bain & Company, os investimentos globais em exploração de petróleo recuaram de US$ 148 bilhões, em 2014, para US$ 71 bilhões, em 2016.

A redução dos investimentos é explicada pelo baixo preço do petróleo, sobretudo no início de 2016. De acordo com dados do Valor Data, a média de preços do barril do Brent em 2016 (US$ 45,68) foi 16% inferior em relação a de 2015 (US$ 54,33).

"A redução [do nível de investimentos] é consistente com o preço do petróleo", afirmou Rodrigo Más, sócio da Bain & Company. Ele ressaltou porém, que as petroleiras, em geral, possuem recursos petrolíferos em abundância, da ordem de 1,3 trilhão de barris. Elas apenas reduziram os investimentos para transformar esses recursos em reservas.

"A [atividade de] exploração deu uma certa arrefecida [...] assim o que estava em produção continua e o que está sendo incorporado de novas reservas está entrando mais lentamente", disse o professor do Instituto de Economia da Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Helder Queiroz.

Além disso, segundo David Zylberstajn, consultor e primeiro diretor-geral da ANP, o próprio preço mais baixo do petróleo reflete em uma redução direta do volume de reservas das companhias, já que só pode ser considerado para efeito de reserva o petróleo viável economicamente.

"[A queda do volume de reservas] pode vir de duas explicações. Uma a partir de redução de investimentos. E outra possibilidade é que, com o preço baixo em relação ao ano anterior, algumas áreas que eram consideradas reservas deixaram de ser. Provavelmente, é uma combinação dos dois fatores", disse Zylberstajn.

Segundo o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, a redução do volume de reservas das petroleiras já era esperada e é um movimento normal. "Quando o preço do petróleo cai, o investimento cai e [o volume de] as descobertas caem."

O especialista acrescentou que a retomada do nível de exploração das companhias e do aumento do volume de reservas será lenta e demorada, a reboque da recuperação dos preços do petróleo.

De acordo com Queiroz, o nível de estoque mundial de petróleo hoje ainda é elevado, o que limita o crescimento do preço da commodity. Segundo Más, da Bain & Company, os estoques de petróleo no mundo superam a casa de 3 bilhões de barris, contra um volume da ordem de 2,5 bilhões de barris, em 2014. Para ele, a tendência é o volume de estoques permanecer no patamar atual ou até sofrer ligeira alta.

Zylberstajn tem opinião semelhante. "A economia do mundo não está crescendo [significativamente]. Não está havendo uma expansão muito grande. Não vejo nada que motive uma mudança de curto prazo".

Com relação ao ataque dos Estados Unidos a bases do governo sírio, na última semana, Más, da Bain & Company, afirmou que o fato pode provocar um efeito especulativo de aumento de preços do petróleo no curtíssimo prazo. Porém, a tendência, destacou, é que os preços retornem em seguida a refletir o cenário de sobreoferta global da commodity.

"[um ataque desse tipo] sempre traz um movimento oportunista de especulação. O mercado tenta antecipar os efeitos de uma possível guerra", disse ele. Depois que esses efeitos não são confirmados, contudo, o mercado "volta a realidade fundamental", de sobreoferta de petróleo.

As previsões da Bain & Company indicam preços de petróleo na faixa de US$ 70 a US$ 80 nos próximos dois a três anos. Na sexta-feira, o petróleo WTI para maio fechou em alta de 0,77%, a US$ 52,10 o barril, enquanto o Brent para junho subiu 0,52% a US$ 55,17 o barril.

Fonte: Valor






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