A britânica Rolls-Royce fechou contrato de mais de 100 milhões de libras (cerca de R$ 335 milhões) para fornecer motores e sistemas de propulsão para sete sondas de perfuração que serão construídas no Estaleiro Atlântico Sul (EAS). O contrato com o EAS deve ser o ponto de partida para a Rolls-Royce investir US$ 100 milhões em uma segunda unidade industrial na zona oeste do Rio que vai fazer montagens e testes de sistemas de propulsão para a área marítima.
O investimento inclui a construção de um centro de treinamento de última geração, mas ainda precisará ser aprovado pelo conselho de administração da companhia britânica. A Rolls-Royce vê oportunidades para fornecer motores e propulsores para outras sondas que serão construídas no país, além do EAS. No total, o grupo britânico anunciou plano de investir US$ 200 milhões no Brasil entre 2012 e 2013 em projetos ligados ao pré-sal. Os primeiros US$ 100 milhões foram investidos em outra fábrica no bairro de Santa Cruz, zona oeste do Rio, onde também será instalada a unidade de propulsores para o setor marítimo.
A primeira unidade começará a operar em abril de 2013 e vai montar e fazer testes em conjuntos de geração elétrica usados em plataformas de petróleo e gás. A fábrica tem programada a montagem de 32 conjuntos de geração de energia, em contrato de US$ 650 milhões, que serão usados em plataformas da Petrobras. O plano da Rolls-Royce é continuar a investir no Brasil, daí a previsão de que o grupo instale uma segunda unidade industrial no Rio, embora o projeto ainda precise de aprovação interna.
Francisco Itzaina, presidente da Rolls-Royce na América do Sul, disse que os motores e propulsores das sondas do EAS vão cumprir as exigências de conteúdo local. Os propulsores, cujos principais componentes serão importados da Finlândia, terão conteúdo local de 40% a 60%. Os motores, fabricados na Noruega, terão conteúdo nacional de 30% a 40%. Juntos esses sistemas permitem movimentar os navios até as áreas de perfuração e também manter as embarcações "estacionadas", corrigindo desvios de maré e do vento, durante a operação. É o que no setor se chama de "posicionamento dinâmico".
Nos 32 turbogeradores a serem montados pela Rolls-Royce no Brasil, o conteúdo local começa em 35% e chega no fim do processo produtivo a 51%, disse Itzaina. Ele afirmou que a empresa mantém o plano de expandir a unidade de São Bernardo do Campo (SP) para fazer a manutenção dessas e de outras turbinas que geram energia nas plataformas de petróleo. A decisão sobre quando essa expansão será realizada ainda não está tomada, uma vez que os novos turbogeradores começam a ser entregues em 2013 e só vão requer manutenção a partir de 2016 ou 2017. A expansão da fábrica do ABC poderá ocorrer antes se houver decisão de fazer no país a manutenção de geradores que operam em plataformas da Petrobras.
No caso do novo contrato para as sondas, cada navio construído no EAS será equipado com seis propulsores e seis motores. Desta forma, o contrato da Rolls-Royce com o estaleiro prevê o fornecimento de 84 equipamentos (42 propulsores e 42 motores). A empresa não informou o prazo de entrega dos equipamentos. Os problemas de produção no EAS provocaram atraso na construção das sondas que vão operar para a Petrobras. Segundo fontes do setor, o cronograma de construção das sondas pode ser recuperado para entregar as unidades no tempo em que a estatal precisa. A previsão do estaleiro é começar a fazer o corte de chapa da primeira sonda, processo que marca o início da fabricação do navio, em março de 2013.
Fonte próxima ao estaleiro disse que a escolha da Rolls-Royce para fornecer os propulsores e os motores das sondas foi determinado por questões técnicas e de preço, além do atendimento das regras do conteúdo local.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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