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Navalshore

Semana vai definir o futuro do Estaleiro Rio Grande

A semana será decisiva para os rumos do polo naval de Rio Grande e um dos principais operadores, que é a empresa Ecovix, dona do Estaleiro Rio Grande, o maior do Hemisfério Sul. A audiência entre o governador José Ivo Sartori (PMDB), empresa, lideranças locais de Rio Grande e setor industrial será amanhã, às 14h30min, em Porto Alegre, confirmou o secretário estadual de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Evandro Fontana.

Na próxima quinta-feira, o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) vota recurso sobre o impasse na continuidade do processo de recuperação judicial da Ecovix, após o Fundo de Pensão dos Funcionários da Caixa (Funcef), que tem participação indireta no ativo, conseguir cancelar a assembleia em que seria apresentado o plano de recuperação aos credores.


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Qualquer decisão sobre o estaleiro, como busca de clientes interessados nas plataformas e até novos serviços, depende do desfecho do processo judicial que envolve passivo de R$ 7,5 bilhões. O estaleiro é avaliado em US$ 1 bilhão, cerca de R$ 3,4 bilhões.

O secretário-chefe da Casa Civil de Sartori, Cleber Benvegnú, reforça que a audiência foca o futuro do polo e vai além da solução para a empresa. "Queremos que o porto volte a ter vida, energia e investimento. Vamos nos reunir e decidir um encaminhamento coletivo", resume Benvegnú, admitindo que a votação no TJ-RS é decisiva. "Estamos muito dependentes da decisão a ser tomada pelo Judiciário." O chefe da Casa Civil garante ainda que o governo mantém contato com o governo federal sobre o tema, "mas sem fazer esparramo, sem criar fatos".

O prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT), espera que a aprovação do plano de recuperação e a nomeação de uma nova gestão administrativa possibilitem a retomada do estaleiro. "É uma semana cuja decisão ainda é extremamente incerta, mas que pode nos trazer alternativas", avalia Lindenmeyer, alertando para outra preocupação, desta vez sobre o risco de deterioração da estrutura que permanece inutilizada no estaleiro "gerando danos até mesmo ambientais na região".

"Se o dique seco não tiver manutenção necessária, pode entrar em colapso, afetando até o canal que liga ao porto do Rio Grande." A suspensão das atividades no estaleiro provocaram também perdas para as finanças municipais. Lindenmeyer aponta que R$ 60 milhões deixaram de ser gerados em 2017, queda de 8% no orçamento. "Se olharmos os setores com ligação indireta ao polo, como serviços e comércio, as perdas para a economia local são ainda maiores", lamenta o prefeito, que vai participar da audiência em Porto Alegre.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, Benito Gonçalves, tem esperança no desfecho positivo, mas "estamos com bastante pé no chão em relação à retomada". "Tudo ainda depende da decisão sobre a recuperação judicial", resigna-se Gonçalves. O dirigente formalizou recentemente, em Brasília, denúncias no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Ministério Público Federal (MPF) contra a Petrobras alegando crime de lesa-pátria pela desistência da estatal em concluir a P-71 junto à Ecovix e encomendar a mesma estrutura com uma empresa da China. "Todo o material que está no estaleiro é uma perda de utilização de mão de obra qualificada", pondera o sindicalista.

O Jornal do Comércio foi ao estaleiro na semana passada e constatou que a instalação, que tem o guindaste mais alto do mundo, lembra uma cidade fantasma. A estrutura está parada desde dezembro de 2016, quando a Petrobras cancelou encomendas de um conjunto de cascos para plataforma de exploração de petróleo da camada do pré-sal, tudo na esteira da Operação Lava Jato e de acusações de corrupção envolvendo ex-dirigentes da estatal e empreiteiras, como a Ecovix.

Estruturas gigantes construídas para as plataformas estão enferrujando e parte vai virar sucata. O estaleiro chegou a ter 15 mil trabalhadores - 10 mil ligados a Ecovix -, e hoje soma apenas 120, sendo 64 da empresa dona do estaleiro e o restante terceirizado.

O drama do desemprego é uma das heranças do período recente. Os dados do Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho divulgados na última sexta-feira reforçam a decadência no polo. O saldo de postos com carteira assinada entre abril de 2017 e março deste ano é negativo. Foram 14.808 admissões ante 16.071 demissões. Foram cortadas 1.263 vagas formais, queda de 2,95% no emprego formal, maior taxa entre as 10 maiores economias gaúchas. Cidades industrializadas como Canoas, Caxias do Sul e Gravataí registram, contrariamente, crescimento, assim como o Estado em geral. Gravataí, por exemplo, que foi abalada pela queda na demanda em veículos entre 2014 e 2016, tem  alta de 5,2% no saldo entre admissões e demissões. São 19.559 contratações em 12 meses ante 17.187 demissões. O saldo positivo é de 2.372 empregos com carteira assinada, alta de 5,22%.

Fonte: JCRS






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