Os problemas do setor de Navipeças deverão ser solucionados ao longo do segundo semestre deste ano, segundo avaliação do presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval (Sinaval), Ariovaldo Santana Rocha. Ao justificar sua previsão, lembrou que o aumento do conteúdo local é uma diretriz da presidente Dilma Rousseff e o Sinaval está pronto para aceitar esse desafio, ou seja, fortalecer a rede de fornecedores da indústria naval do país.
Rocha, que participou da abertura do I Fórum de Conteúdo Local, organizado pela Fundação Cultural ARO e o Sinaval, ressaltou que o sindicato está pronto para apresentar propostas de estruturação do setor com uma base de dados e com novas ferramentas financeiras.
Conteúdo local
"O setor de Navipeças precisa de políticas públicas e de financiamento. O aumento do conteúdo local vem sendo desenvolvido desde 2008 e faz parte das regras da Agência Nacional de Petróleo (ANP) desde de 2005. E o BNDES financia com menor taxas de juros", comentou
O sindicalista também salientou que no ano 2000 a indústria gerava 2 mil empregos e chega em 2011 com cerca de 84 mil, incluindo a indústria náutica. "Hoje, temos 40 estaleiros e o plano da investimento da Petrobras 2011 a 2015 é de cerca de US$ 224 bilhões, sendo que 87% vão para o setor de exploração e produção. Além disso, cresce a demanda da cabotagem e de embarcações de apoio offshore. E isso gera empregos e distribuição de renda", comentou, acrescentando que o "Sinaval está pronto para avançar no tema e tem as ferramentas para isso. Isso é uma missão, o transporte marítimo e a exploração e produção de petróleo em alto mar".
Brasil Maior
Agência Nacional de Transporte Aquaviários (Antaq) tem papel importante do setor aquaviário, uma vez que traça uma legislação que possibilita soluções para a área de navegação marítima, incentivo e proteção à cabotagem e industria naval. A informação é do diretor-geral da agência, Fernando Antônio Brito Fialho, ao explicar que a área de apoio marítimo acompanha o programa de expansão e aprimora suas embarcações para atender as necessidades do mercado, com os estaleiros e toda a política para transformar o desenvolvimento do país.
"O item que chama a atenção especial é o incremento da navegação no interior. Isso nós podemos avançar muito porque reduz a emissão de gás carbônico e de custos, deixando o dinheiro no interior. O Programa Brasil Maior é importante para a indústria brasileira e somos parceiros para o desenvolvimento no curto prazo".
Oportunidades para despontar como potência mundial
O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que também participou do I Fórum de Conteúdo Local, fez questão de deixar bem claro que a crise que afeta vários países do Primeiro Mundo é uma grande oportunidade para o Brasil despontar como uma grande potência econômica.
Segundo ressaltou, o país é privilegiado, pois já vive este momento "único". Lembrou que, há cerca de 15 dias a Petrobras lançou o seu programa de investimentos de cerca de US$ 227 bilhões. Esse valor, na sua opinião, mostra o tamanho da descoberta que o Brasil fez na área do pré-sal. Também previu que o Brasil passará da 7ª para a 5ª economia do mundo num curto espaço de tempo, em função dos novos consumidores que são os países emergentes.
Grandes em recessão
"Os países grandes como Estados Unidos e alguns da Europa estão em recessão, com enormes problemas. E os emergentes são a locomotiva do crescimento e o Brasil aparece com destaque porque fez o seu dever de casa. Temos democracia que garante a confiabilidade e temos também o selo de qualidade. Hoje somos um país admirado pelo mundo porque somos rico em energia eólica, hidráulica e solar. Temos o etanol e o pré-sal e com tudo isso o Brasil passa a ser o grande ator", salientou.
Sérgio Machado ressaltou que o Promef vai de vento em popa, ao garantir que o Promef 3 sairá mas ainda não tem data marcada. Adiantou que em setembro receberá o navio Celso Furtado e em outubro outras duas embarcações. O estaleiro Atlântico Sul vai entregar uma outra.
Após ressaltar que o país tem a quarta maior carteira de petroleiros do mundo e a quinta maior carteira de navio em geral, disse ser preciso criar uma indústria de Navipeças forte. No entanto alertou que isso não pode ser feito a qualquer preço. "A competência tem que ser o idioma que a indústria tem que falar", acrescentou.
CEF e BB garantem recursos para o desenvolvimento
O superintendente da Caixa Econômica Federal (CEF), José Umberto Pereira, afirmou que a instituição cresceu muito nos últimos anos, principalmente no setor empresarial. E garantiu que a CEF está pronta para investir e atuar no fomento do setor. "Estamos orgulhosos de estar junto com o Banco do Brasil, BNDES e outras instituições com ações de investimento para o crescimento da indústria naval. Se é bom para o Brasil e para o setor, a CEF é parceria".
Já o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, lembrou que a última década foi marcada pela valorização do setor naval. Com base em dados do Sinaval, disse que naquela década foram adquiridos 55 navios totalizando investimentos de cerca de R$ 3 bilhões. A acrescentou que de 2007 a 2009, a Petrobras adquiriu 3 plataformas e o faturamento do setor naval avançou para R$ 5,5 bilhões em 2010.
Ao justificar sua expectativa de forte crescimento do setor de petróleo e gás nos próximos anos, lembrou que o plano de negócios da Petrobras vai aumentar a produção até 2014, totalizando receitas de US$ 33 bilhões, sem contar com as descobertas do pré-sal.
De 2008 a 2011, segundo ele, serão investidos R$ 7,5 bilhões. Em 2018, a carteira do banco terá 269 empreendimentos, sendo que 78 já estão em construção com recursos da ordem de R$ 3,4 bilhões. e de 2011 a 2014 esses investimentos, de acordo com ele, devem alcançar R$ 36 bilhões.
"Abraçamos essa oportunidade para reforçar a diretriz de crescimento com desenvolvimento sustentado e social. O BB busca atender de forma eficiente o setor. Criamos uma agência exclusiva para atender o setor, a Teleporto, com equipe treinada. Hoje o resultado é o grande volume de projetos analisados entre 2008 a 2011. Foram contratadas 83 embarcações um estaleiro totalizando R$ 1,2 bilhão. Hoje, são R4 4,3 bilhões em financiamento", afirmou Bendine.
O I Fórum Conteúdo Local, além da Fundação Cultural ARO e do Sinaval, contou com o apoio da Transpetro e da maioria dos estaleiros em atuação no país.
Fonte:Monitor Mercantil
http://www.monitormercantil.com.br/mostranoticia.php?id=98969
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