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Sindmar quer Marinha Mercante forte e com presença global

Uma indisfarçável sensação de orgulho, justificável pelo trabalho que o sindicato que dirige tem realizado, somada a algumas preocupações - igualmente justificáveis e indisfarçáveis - quanto ao atual cenário da Marinha Mercante brasileira é um quadro que resume o estado de espírito de Severino Almeida, presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), em qualquer entrevista. Sempre que perguntado sobre o papel do Sindmar, Severino Almeida lembra que, para representar uma categoria, lutar por seus direitos, avançar em suas conquistas, um dos pressupostos indispensáveis é saber analisar conjunturas, tanto políticas quanto econômicas, e processar com acuidade informações. Só então é possível tomar decisões com chances de êxito, adotando as estratégias mais adequadas ao problema enfrentado.

Como desdobramento, diz também que isso só é possível quando se conta com uma equipe "profissionalizada, altamente capacitada e, sobretudo, comprometida" com os valores e objetivos estabelecidos pela entidade. No Sindmar, esses atributos, afirma - quase em tom de advertência - estão presentes. Entre funcionários, prestadores de serviços, delegados e diretores, a equipe do Sindmar reúne uma centena de pessoas imbuídas desse espírito vencedor. Mas pessoal preparado e comprometido por si só não traduz com exatidão o que é o Sindmar hoje. Na verdade, para atuar de forma correta, uma boa equipe deve contar também com uma estrutura de trabalho adequada. Aliás, deve trabalhar para construir essa estrutura, o que leva tempo e requer empenho - muito empenho. Foi o que o Sindmar fez ao longo de mais de dez anos. Hoje a entidade conta com instalações modernas, reunidas em quatro andares de um prédio comercial em área nobre do Centro do Rio de Janeiro. Em um desses andares está instalado o Centro de Simulação Aquaviária (CSA), considerado um dos mais avançados centros no gênero em todo o mundo. Mas a correta atuação sindical exige capilaridade e por isso o Sindmar implantou 11 Delegacias Regionais, de Belém ao Rio Grande.

A estrutura, como um todo, assim como os recursos humanos, deve ser permanentemente aprimorada. Ciente do desafio, o Sindmar adquiriu um terreno de 845.913,77 metros quadrados em Teresópolis, na Serra Fluminense, onde implantará o seu Centro de Lazer e Treinamento. É essa a estrutura colocada a serviço de mais de 9 mil oficiais mercantes em todo o país, entre representados e filiados.

Severino Almeida não se cansa de repetir que, sem sua equipe, "não faria nada". Os valores são o fator de estímulo, tanto para a equipe como para o próprio dirigente, como ele mesmo salienta. E entre esses valores destacam-se o aprimoramento do ser humano em uma das suas expressões mais essenciais, a profissional. Eis a razão pela qual o Sindmar investe tanto em qualificação e aprimoramento, por intermédio de sua fundação - a Fundação Homem do Mar, que administra o CSA e promove cursos de aprimoramento e aperfeiçoamento, alguns em parceria com outras instituições. Mas esses valores significam algo mais, segundo Severino. Significam, afirma, ser intransigente na defesa de um mercado de trabalho que possa ser economicamente equilibrado. Significa ainda ser intransigente na valorização do trabalhador brasileiro.

Aí começam as preocupações do estrategista Severino Almeida. Ele considera que o mercado de trabalho para oficiais mercantes jamais estará equilibrado sem que exista uma Marinha Mercante brasileira efetivamente atuante e de projeção internacional - algo que não acontece hoje. Acha, inclusive, que a falta de armadores nacionais no longo curso - segmento hoje dominado pelas empresas estrangeiras - é um fator que potencializa uma situação de pouca oferta de postos de trabalho, cenário prejudicial à categoria que representa.

Severino Almeida ressalta que os cenários mais rigorosos e realistas acerca da oferta e da demanda de mão de obra de oficias mostram que há estabilidade no setor. Lembra que o órgão regulador, a Diretoria de Portos e Costa (DPC), da Marinha, compartilha dessa percepção. Contudo, considerando-se o significativo aumento do número de formandos nas Escolas de Formação de Oficiais Mercantes (que quase decuplicou de 2003 a 2012, devendo alcançar cerca de 1 mil em 2013), e os atrasos no Projeto EBN (Empresa Brasileira de Navegação) e nos contratos de estaleiros nacionais com a Transpetro, em breve, alerta, haverá falta de trabalho para tanta gente.

"Esse potencial desequilíbrio se concretizará se os atrasos em relação às encomendas da Transpetro e as dificuldades do EBN persistirem. Esse quadro desfavorável seria afastado se tivéssemos uma Marinha Mercante nacional efetiva, o que não ocorre. Uma Marinha Mercante que atuasse com mais expressão na cabotagem, cuja participação no transporte interno de carga é quase irrisória, e também uma Marinha Mercante nacional presente no longo curso, hoje dominado por empresas estrangeiras. E não se trata aqui de ser contra empresas estrangeiras, mas apenas de ressaltar que um país que quer ser uma potência comercial não pode prescindir de ter uma Marina Mercante atuante, com projeção internacional", afirma Severino Almeida.

No caso específico dos atrasos nos contratos da Transpetro com os estaleiros, Severino Almeida lamenta que o país continue gastando bilhões por ano em afretamentos. Apenas em 2011, lembra, o Brasil gastou cerca de US$ 2,4 bilhões afretando grandes navios, sejam petroleiros ou navios de produtos. "O Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) está, como sabemos, bastante atrasado. Muito. O número de afretamento de embarcações no longo prazo aumentou significativamente e o número de profissionais brasileiros que a gente esperava ver trabalhando na Transpetro é muito inferior ao que se esperava", lamenta. "A frota não tem aumentado de tamanho e o tempo está passando. A frota de bandeira brasileira hoje na Transpetro é menor do que no passado, no início do Promef, que só lançou três navios até agora", justifica.

Severino Almeida finaliza: "Os cancelamentos de encomendas, os atrasos no Promef da Transpetro e os entraves no Projeto EBN são apenas parte de um cenário que poderia ser melhor. Acho que, na verdade, o Brasil se ressente de ausência de uma política de Marinha Mercante com mais apetite para investir e competir no mercado global. O ideal seria que voltássemos a ter, como no passado, uma Marinha Mercante brasileira com projeção internacional, presente em toda parte do mundo. Isso seria ótimo, tanto para o Brasil quanto para o profissional de Marinha Mercante brasileiro. Contudo, temos o que comemorar. Se na década de noventa navegávamos em águas restritas, com encalhes eventuais, hoje estamos em águas mais profundas, tratando de encontrar o melhor rumo para alcançarmos porto de recursos".

Fonte: Monitor Mercantil






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