RIO DE JANEIRO - A norueguesa Statoil está de olho no pré-sal brasileiro e no pós-sal também, e por isso confirma presença nas próximas rodadas de venda de blocos que forem realizadas no Brasil.
Enquanto aguarda, porém, a empresa comemora o início da sua produção no campo de Peregrino, na bacia de Campos, onde terá a parceria da chinesa Sinochem, e se prepara para perfurar a bacia de Camamu-Almada (BA), onde terá um desafio maior de cumprir as exigências de manter um conteúdo nacional para equipamentos e serviços do que em Peregrino.
De acordo com o presidente da Statoil Brasil, Kjetil Hove, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis já aprovou a venda de parte de Peregrino para a Sinochem.
A Sinochem venceu uma disputa por 40 por cento de participação no campo de Peregrino por 3 bilhões de dólares em maio do ano passado. Hove considerou que o prazo para a aprovação do negócio foi "normal", já que geralmente espera entre 10 e 11 meses para negócios desse tipo.
"A gente já fez isso três vezes e é sempre esse tempo mesmo", explicou.
Desde o último sábado a Statoil entrou para a seleta lista de empresas que produzem petróleo no Brasil, onde além da Petrobras, a Shell tem produção relevante, de cerca de 90 mil barris diários de petróleo, e a Chevron cerca de 70 mil b/d.
A expectativa é de que em um ano a Statoil produza 100 mil b/d de petróleo no Brasil, tornando-se a segunda maior produtora depois da Petrobras, com seus mais de 2 milhões de barris diários. O Brasil é a maior operação da Statoil fora da Noruega. A empresa atua em 34 países e é especializada em águas profundas.
"Estamos interessados em crescer os negócios no Brasil, e se você quer crescer no Brasil, você quer ser uma parte (do pré-sal)", disse ele. "Estamos nos preparando para participar da próxima rodada, queremos participar nas futuras rodadas de licitação no Brasil", complementou.
A busca pelo pré-sal, no entanto, já começou no próprio campo de Peregrino, onde a empresa está perfurando a parte sul em busca de reservatórios antes da camada de sal.
"Estamos perfurando Peregrino Sul e lá vamos ter notícias de pré-sal, mas não há grande expectativa", disse Hove, lembrando que os reservatórios da bacia de Campos são diferentes dos de Santos, onde a Petrobras e parceiros descobriram reservas gigantes da commodity porque a área estava praticamente intocada, ao contrário de Campos, maior região produtora de petróleo do país.
Peregrino também está longe de ter o óleo leve de Santos, registrando cerca de 14 graus API. Para processá-lo, a empresa teve que contratar uma refinaria nos Estados Unidos.
CONTEÚDO NACIONAL
Hove afirmou que não teve problemas para cumprir a exigência de conteúdo nacional no campo de Peregrino e espera ter o mesmo sucesso em Camamu-Almada, apesar da exigência ser maior.
Em Peregrino, adquirido na segunda rodada, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, a exigência de conteúdo nacional ficou limitada em 35 por cento.
Nos blocos na bacia de Camamu-Almada a exigência é de 65 por cento de conteúdo local, já que foram adquiridos em 2004, na sexta rodada de licitações, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável pelo aumento da exigência para estimular a indústria nacional.
"Espero não ter problema (para cumprir o conteúdo nacional). Vamos começar a furar (Camamu-Almada) entre setembro e outubro, e nessa fase exploratória não tem problema de encontrar equipamento", disse o executivo.
"O desafio é quando se trata de FPSOs (plataformas flutuantes), porque o mercado no Brasil é limitado, a Petrobras tem uma necessidade enorme e o mercado está muito apertado", afirmou.
Além da operação de Peregrino, a Statoil tem sete blocos de exploração no Brasil e é operadora em dois deles.
Fonte: Reuters/Denise Luna e Brian Ellsworth
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