A norueguesa Statoil e a chinesa Sinochem, parceiras no campo Peregrino, na Bacia de Campos, cujo início simbólico da produção começou ontem em cerimônia que contou com o príncipe herdeiro da Noruega, Haakon Magnus, poderão disputar áreas na 11ª rodada de licitação de blocos exploratórios da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em setembro. As duas empresas estão avaliando a participação no leilão.
O presidente da Statoil, Helge Lund, disse que a estratégia da companhia no mercado brasileiro inclui a expansão de Peregrino, a continuidade de programas exploratórios com parceiros como a Petrobras em outras bacias produtoras e uma eventual participação no leilão deste ano da ANP. "Além disso, estamos todo o tempo olhando novas parcerias para expandir o negócio e nossa presença no Brasil", disse Lund. Ji Fahua, vice-presidente da Sinochem, afirmou que a petroleira chinesa está fazendo "o dever de casa" para participar da 11ª rodada da ANP. Em 2010, a Sinochem pagou US$ 3,07 bilhões por 40% de Peregrino.
Lund não disse quanto planeja investir no Brasil, mas em recente entrevista ao Valor, o presidente da empresa no país, Kjetil Hove, disse que entre 2008 e 2016 os investimentos da companhia no Brasil vão situar-se entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões, com a perfuração de outras áreas, incluindo dois poços em Peregrino Sul. Segundo Lund, o investimento em suas operações globais em 2011 soma US$ 16 bilhões. Outros US$ 3 bilhões serão aplicados em exploração. Estatal, a Statoil produz 2 milhões de barris por dia, sendo 75% na Noruega e 25% no exterior. Peregrino vai representar cerca de 10% da sua produção internacional.
Lund afirmou que a primeira fase no país passa pelo crescimento da produção no campo Peregrino, situado a 85 quilômetros da costa, próximo ao município de Rio das Ostras (RJ). Peregrino tem hoje três poços em operação - com o quarto poço sendo furado - e está produzindo 32 mil barris de petróleo por dia. No primeiro trimestre de 2012, o campo operado pela Statoil, com participação da Sinochem, vai atingir produção de 100 mil barris de petróleo por dia, volume equivalente a 5% da produção brasileira, de 2 milhões de barris/dia, comparou o ministro de Minas Energia, Edison Lobão.
Lobão participou da cerimônia do "primeiro óleo" de Peregrino a bordo do navio-plataforma Maersk Peregrino. O príncipe da Noruega disse que Peregrino vai produzir por muitos anos e gerar empregos, pagamento de impostos e desenvolvimento tecnológico.
O Maersk Peregrino foi construído na China como navio-tanque, mas passou por conversão que o transformou, ao custo de US$ 1,2 bilhão, em um navio que processa o petróleo, separando o óleo da água e do gás, armazena e escoa o produto, tipo de unidade conhecida na indústria como FPSO. Parte da água é reinjetada nos poços e o gás é consumido na própria plataforma. O primeiro escoamento da produção de Peregrino, destinado ao mercado americano, em volume de 400 mil barris, está previsto para 10 de junho, disse Johan Mikkelsen, diretor de produção de Peregrino. O sistema de produção montado pela Statoil nesse campo considera ainda duas plataformas fixas, localizadas a cerca de 5 quilômetros e ligadas à FPSO por dutos para escoar a produção.
São essas unidades, construídas na década de 1980 nos Estados Unidos e reformadas, as responsáveis por perfurar os poços e produzir o petróleo. Mikkelsen disse que o programa total do campo prevê a perfuração de 37 poços, dos quais sete serão destinados à reinjeção de água. Peregrino tem reservas estimadas entre 300 e 600 milhões de barris recuperáveis e a estimativa é de que o campo produza por 30 anos.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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