A Petrobras e seus parceiros ainda estão avaliando os resultados das últimas perfurações em Libra, o principal projeto do pré-sal brasileiro, mas a francesa Total, uma das sócias no projeto, já antecipou que, só na parte noroeste do bloco, existe um potencial de 3 bilhões a 4 bilhões de barris de óleo. Esta é a primeira estimativa de volumes divulgada desde o início das atividades de exploração da área, há dois anos, e é superior, por exemplo, ao volume de óleo recuperável do campo de Sapinhoá, um dos principais ativos do pré-sal, com 2,1 bilhões de barris.
Libra é operado pela Petrobras (40%), em sociedade com a Total (20%), Shell (20%) e as chinesas CNOOC (10%) e CNPC (10%). Embora a primeira parte dos investimentos na exploração da área ainda esteja em fase final de execução, a petroleira francesa já classifica o ativo como um dos projetos mais competitivos de seu portfólio.
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Dona de uma fatia de 20% no bloco, a multinacional espera que, no pico da operação, Libra lhe renda cerca de 100 mil barris por dia de petróleo - o que coloca o projeto entre os principais motores de crescimento de sua produção no longo prazo.
A expectativa da Total é que Libra se torne um ativo de produção de baixo custo, no futuro. "Está claro que temos na parte noroeste do bloco um reservatório gigante e homogêneo que é um candidato ideal para a padronização de equipamentos e que vai otimizar os custos de operação, como temos feito em Angola", disse recentemente o presidente de Exploração e Produção da Total, Arnaud Breuillac, a investidores.
Primeiro e único ativo leiloado pelo regime de partilha, Libra rendeu ao governo receitas de R$ 15 bilhões em bônus de assinatura. Na ocasião da licitação do projeto, em 2013, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) estimou entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris o volume de óleo recuperável na área
A geologia do bloco contudo, ainda não é conhecida em toda sua extensão. Dos oito poços perfurados na área, desde o leilão do ativo, sete estão basicamente na parte noroeste, nas proximidades do poço descobridor. É nessa região que se concentram as grandes expectativas do consórcio.
Ao longo das perfurações, a Petrobras já confirmou a existência de colunas de óleo de 200 metros (no poço 3-BRSA-1267-RJS) a 301 metros (3-BRSA-1322-RJS). Para efeitos de comparação, o poço descobridor de Libra, perfurado antes do leilão de 2013, detectou uma coluna de 327 metros de altura.
O único poço perfurado fora da região noroeste, na parte central do bloco, contudo, não teve o mesmo sucesso e deu seco - foi encontrado hidrocarbonetos, mas o reservatório apresentou baixa porosidade, o que dificulta a produção no local.
A produção está prevista para começar em 2017, com o teste de longa duração. Com capacidade para produzir 50 mil barris/dia, essa operação servirá como teste para o projeto piloto de Libra, que terá capacidade para produzir 180 mil barris/dia em 2020.
Fonte: Valor