O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, em seu discurso da última terça-feira (4), a criação de um novo Escritório de Construção Naval na Casa Branca e a implementação de incentivos fiscais para estaleiros. A iniciativa busca reverter a queda do setor naval no país e combater a influência da China, líder global na construção de embarcações. Segundo Trump, os EUA precisam recuperar sua capacidade de fabricar navios em larga escala.
O anúncio ocorre após uma decisão do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) que impôs uma taxa de até US$ 1,5 milhão para embarcações construídas na China que entrarem em portos americanos. Essa medida foi motivada por uma petição de sindicatos trabalhistas e investigações conduzidas pelo governo Biden, que apontaram o domínio da China como "irracional" e "oneroso" para o comércio dos EUA. A embaixadora Katherine Tai destacou que o país ocupa apenas a 19ª posição mundial na construção naval comercial, produzindo menos de cinco embarcações por ano, enquanto a China fabrica mais de 1.700.
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O crescimento da indústria naval chinesa foi exponencial, passando de 5% de participação no mercado global em 1999 para 50% em 2023, além de controlar 95% da produção de contêineres de transporte. Em 2024, armadores chineses investiram US$ 123 bilhões em novas embarcações, com empresas como China Merchants Shipping e COSCO Shipping liderando o setor. Enquanto isso, a frota mercante dos EUA conta com apenas 80 embarcações, contra mais de 5.500 da China.
Para tentar reverter esse cenário, os EUA intensificaram restrições comerciais e sanções contra empresas chinesas. Em janeiro, o Departamento de Defesa adicionou a Cosco Shipping a sua lista de sanções, ao lado de outras 130 empresas chinesas classificadas como "militares". No entanto, especialistas apontam que as barreiras comerciais não resolvem a principal limitação dos estaleiros americanos: a incapacidade de construir navios oceânicos em larga escala e a escassez de profissionais qualificados. No final de 2024, legisladores introduziram a "Nova Lei de Navios para a América", um projeto de lei que visa revitalizar a marinha mercante dos EUA, garantindo que o país possa transportar cargas estratégicas em tempos de conflito e fortalecer sua cadeia de suprimentos em tempos de paz.