Primeiros testes no campo do pré-sal surpreendem técnicos
EM ALTO-MAR – Transferência do óleo do navio-plataforma Cidade de São Vicente para o navio-tanque
RIO - Nove meses após o início da fase de testes de produção de petróleo na área de Tupi, até agora a descoberta mais promissora do pré-sal da Bacia de Santos, a estimativa de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de óleo para o bloco já é tida como conservadora pelos técnicos. Instalados no navio-plataforma Cidade de São Vicente, a uma distância de 300 quilômetros da costa, eles registram diariamente o resultado da retirada de 20 mil barris do reservatório.
Paulo Buschinelli, gerente de operações do Teste de Longa Duração (TLD), que começou em maio do ano passado para durar 15 meses, disse que já foram perfurados três poços no entorno da área para delimitar as fronteiras do campo. Por causa da enorme dimensão do reservatório, o consórcio operador (Petrobrás, 65%; BG, 25%, e Petrogal, 10%) foi obrigado a pedir à Agência Nacional do Petróleo (ANP) autorização de aumento da produção para que os testes surtissem efeito.
Com capacidade para extrair 30 mil barris diários de óleo, o navio é um equipamento pequeno, comparado às plataformas gigantes, que produzem, na bacia de Campos, até 180 mil barris por dia. A ANP havia autorizado a produção de 14 mil barris diários em Tupi, mas essa quantidade não foi suficiente para registrar nenhuma consequência nos poços de avaliação no entorno, para verificar a extensão da área por meio de medições de pressão durante a extração do petróleo.
Nesses testes, poços são perfurados a cerca de 20 milhas (em torno de 30 quilômetros) do centro da produção e medem os efeitos causados pela retirada do óleo do depósito central. A vazão teve de ser ampliada em 50% para propiciar análise de seus efeitos. "As expectativas são bem firmes. Não é sonho, é realidade. Estamos acostumados a um padrão de Albacora, Marlim (campos gigantes da Bacia de Campos), mas este reservatório excede até o de Roncador (o maior campo produtor atual)", diz Buschinelli.
Cauteloso, ele prefere não arriscar novas previsões à estimativa de novembro de 2007, quando foi anunciada a descoberta de Tupi, que inaugurou a "era do pré-sal". Os dados são analisados quase em tempo real (com defasagem de 12 segundos) por pesquisadores da Petrobrás. Buschinelli disse que não há intenção, hoje, de acelerar a produção de Tupi. "Por enquanto, nossa preocupação não é com produção, isso é secundário. Mais importante é o conhecimento que estamos ampliando sobre Tupi. O reservatório é muito grande e a espessura é grande também."
Atualmente, está sendo perfurado um poço em Tupi Nordeste. "Ainda não sabemos se é o mesmo reservatório", disse o técnico. Do convés do navio Cidade de São Vicente pode-se observar a sonda de perfuração Victoria, que mais tarde irá reinjetar gás no campo. A inevitável e elevada queima de gás nesta fase de testes é uma das preocupações da agência reguladora. Em maio, concluída a medição de pressão, a produção retorna a 14 mil barris/dia.
Mesmo em teste, já foram retirados cerca de 3 milhões de barris de óleo. Uma vez por mês, um navio-tanque fica fundeado bem próximo à plataforma, a 300 quilômetros da costa, para a operação de "alívio", levando em torno de 300 mil barris de cada vez (a plataforma tem capacidade para estocar até 450 mil barris), numa operação de transferência que nunca é feita em menos de dez horas e pode levar 18 horas.
O prazo para decretar a comercialidade de Tupi ? quando normalmente é informado o volume do campo e começa o período de produção comercial ? termina em 31 de dezembro. Antes disso, em 31 de agosto, o navio-plataforma Cidade de São Vicente, fretado da empresa norueguesa BW Offshore, deixa o local e o poço será temporariamente fechado, para instalação, em outubro, da plataforma de produção-piloto, com capacidade para 100 mil barris/dia.
A expectativa inicial é de que possam ser instaladas entre quatro a seis plataformas com a mesma capacidade quando a área for identificada como campo de produção e estiver em produção plena. Isso poderia elevar Tupi, sozinho, ao mesmo nível de produção de um país como o Equador, que faz parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Segundo o governador, não há possibilidade de vida harmônica tendo populações de miseráveis dentro do país e também nos países vizinhos.
Há 10 anos, os exportadores paraguaios desviaram o escoamento da safra pelo Uruguai e Argentina através de barcaças. Segundo Samuel Gomes, contribuiu para essa estratégia a valorização do câmbio no Brasil e também aos altos custos do pedágio. Com a ampliação do porto seco, Gomes explica que os caminhões farão o transbordo da produção ida e volta até o porto seco, em Cascavel, e de lá a produção segue via Ferroeste para o porto de Paranaguá.
“Estamos trazendo o Paraguai de volta ao seu porto natural, o porto de Paranaguá, através da oferta de uma logística com custo mais atraente que as alternativas atuais de escoamento que segue pela Argentina e Paraguai”, disse Gomes.
O grupo de investidores paraguaios vai utilizar a ferrovia para exportar soja, milho e trigo, inclusive para o mercado interno brasileiro. E também para importar insumos agrícolas como adubos, fertilizantes e calcário. O grupo é formado por cooperativas e pelas empresas Agro Silos El Produtor, Companhia Dekalpar e Trebol Agrícola.
A produção média do Paraguai está estimada em 10,5 milhões de toneladas de soja, 2,5 milhões de toneladas de milho e 1,2 milhão de toneladas de trigo. Além da produção agrícola, a ferrovia também será utilizada para transporte de adubos e fertilizantes que vem do Brasil.(Fonte: O Estado de S.Paulo/Irany Tereza)
PUBLICIDADE