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Um mercado à espera da Petrobras


Sem prazo confirmado para os novos contêineres, fornecedores anseiam por retorno a investimentos
Chico Barbosa - Empresas nacionais que investiram e se adaptaram à certificação IMO 860 para atender à Petrobras estão em compasso de espera. A norma foi criada em 1998 pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês). A Petrobras havia determinado 13 de janeiro como data limite para a substituição dos antigos contêineres para os que possuem certificação. Mas na prática não houve nenhuma mudança oficial no mercado. As companhias reclamam que não há uma posição oficial da estatal sobre quando o certificado será exigido oficialmente.

Segundo o consultor técnico da Siva Cabos de Aço, João Carvalho, no primeiro momento, quando as certificadoras Det Norske Veritas (DNV) e Bureau Veritas (BV) saíram ao mercado de contêineres com apresentações e divulgando um Documento Interno Petrobras (DIP) da Petrobras que estabelecia janeiro como o limite para a substituição dos produtos atuais, houve um boom no mercado. “Várias empresas se adequaram à espera de uma demanda que nunca houve. Essas companhias, inclusive, estão com dificuldades para honrar os compromissos, pois as solicitações não aconteceram como o esperado. Ainda falta muito para termos um mercado adequado, competitivo, capacitado e certificado. Os investimentos são altos e o retorno enfrenta lentidão e incertezas”, explica.

Os contêineres certificados são reforçados e construídos com aço especial. “Muito mais resistentes e pesados, todas as fases do processo destes equipamentos são controladas e auditadas no processo de fabricação e certificação, tornando o equipamento com valor muito elevado em relação a um contêiner normal”, avalia o consultor técnico. Flávia Rodrigues, gerente de Vendas Offshore da Arxo, fabricante de produtos de armazenamento, complementa: “[os contêineres certificados] são significativamente muito mais robustos, resistentes e seguros para as operações de transportes de cargas e equipamentos entre as diversas instalações offshore. A diferença está na utilização de aço estrutural, testado em laboratório, e pelo processo produtivo atender a diversos ensaios e testes exigidos pela norma DNV 2.7-1 (que engloba o segmento de contêineres). Os contêineres offshore devem ser certificados por uma entidade certificadora, reconhecidas pela International Association of Classification Societies (IACS)”, detalha a gerente.

De acordo com João Carvalho, a adoção definitiva da certificação pela Petrobras geraria uma substituição/aquisição de 32 mil a 78 mil contêineres. “Essa verdade está diretamente vinculada à aceitação plena pela Petrobras destes contêineres, o que até hoje não aconteceu de fato. Apenas uma pequena parte das plataformas da Petrobras adotou esses equipamentos certificados.” Carvalho faz parte de um grupo de trabalho criado pela estatal para analisar os entraves no processo de adesão à norma do IMO.

Segundo o líder do grupo de trabalho na Petrobras, 32% das plataformas não possuem capacidade para içar contêineres de 10 pés com carga cheia. “Caso seja adotado o padrão IMO, este número irá aumentar consideravelmente, uma vez que os contêineres IMO são reforçados estruturalmente”, diz.

Carvalho diz que para contornar esta situação, existem apenas duas soluções possíveis e viáveis. Uma seria a substituição dos atuais guindastes por outros com capacidades maiores (o que demandaria um reforço na estrutura das plataformas de petróleo). A outra seria a divisão das cargas nos contêineres, o que exigiria uma disponibilidade de maior espaço a bordo e também de logística para embarque (elevando muito os custos com o transporte de cargas).

Desde meados de 2012, os contêineres fazem parte do portfólio da Arxo. “Os contêineres representam hoje em torno de 4% do faturamento da Arxo. A linha já foi ampliada e hoje estamos conquistando mercado e aumentando gradativamente a carteira deste segmento”, afirma a gerente de vendas offshore.

Para inserir a linha de contêineres no próprio portfólio, a partir da demanda da Petrobras, a Arxo delimitou espaço na fábrica matriz, em Balneário Piçarras (SC), contratou e qualificou profissionais (principalmente de soldagem e de engenharia), melhorou o processo produtivo (com investimentos em maquinários e processo fabril), certificou projetos e estabeleceu parceria com a certificadora Det Norske Veritas (DNV). A empresa também criou uma linha específica de contêineres offshore e desenvolveu a cadeia de atendimento, através de vendedores e representantes. A companhia não informou quanto investiu.

Além da sede, a companhia conta com três filiais industriais, uma também em Santa Catarina (Itajaí) e outras duas em Pernambuco (uma em Recife e outra em Vitória de Santo Antão). A empresa possui também duas filiais comerciais, uma em São Paulo (SP) e outra em Assunção, no Paraguai. Flávia informa que, inicialmente, a Arxo fabricou apenas contêineres de 10 pés, waste skip (contêineres de resíduos) e caixas, apenas atendendo a pedidos já fechados.

Atualmente, considerando o mix completo de contêineres, a empresa produz cerca de 40 unidades por mês. “Quando se concentra em um único modelo, a Arxo torna-se muito mais eficiente, podendo produzir até 80 unidades mensais. Hoje, já somos uma fábrica com maior estrutura e melhor capacidade de fornecimento. Os investimentos continuam sendo feitos para aumentar nossa capacidade produtiva e implementar a linha com o lançamento dos contêineres refrigerados em 2014”, diz a gerente.

Para Flávia, apesar da mudança de postura por parte da Petrobras em relação à data limite para adoção da norma, as empresas de serviços offshore estão adquirindo os contêineres certificados pela segurança e qualidade do equipamento. João Carvalho informa que ainda existe procura por certificação e adequação da planta fabril às regras da certificação. E é neste cenário que ele tem ajudado algumas empresas, principalmente na certificação junto às sociedades classificadoras. “Só com a entrada em operação dos novos poços de petróleo da camada pré-sal, teremos mais de 15 mil contêineres sendo fabricados no Brasil. Esse mercado não pode agora ser simplesmente descartado”, lembra Carvalho.

No início de setembro, o consultor técnico da Siva foi informado que o grupo de trabalho da Petrobras vai criar uma Especificação Técnica (ET) para contêineres IMO, que servirá de base na criação de uma norma NBR ISO com o intuito de substituir e/ou adequar a DNV 2.7-1. “Assim sendo, o mercado do setor finalmente terá o desejado e esperado aquecimento. Devemos nos preparar para este momento e a certificação é apenas o primeiro passo de uma aproximação com a Petrobras”, conclui.



Yanmar

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