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110 já listadas

A construção de submarinos no Brasil deve estimular a indústria de fornecedores nacionais. Estaleiro fica pronto em 2015

 

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A construção de quatro submarinos convencionais e um nuclear no Brasil deve movimentar o mercado de fornecedores pelos próximos anos. A Marinha do Brasil já listou cerca de 110 empresas nacionais com potencial para fabricar equipamentos para os submarinos. Dessas, dez companhias já assinaram protocolo de intenção com o estaleiro francês DCNS, responsável pela construção dos submarinos e pela transferência de tecnologia. A previsão é de que o primeiro submarino convencional (S-BR 1) fique pronto em 2016 e a última embarcação, o submarino nuclear (SN-BR), em 2023.

Para o gerente do empreendimento modular de obtenção dos submarinos convencionais da Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Cogesn), o contra-almirante Sydney dos Santos Neves, o número de empresas brasileiras que possam fornecer peças para os submarinos tende a crescer muito. O contra-almirante explica que a nacionalização deve aumentar ao longo do processo de construção.

Para os quatro submarinos convencionais, o custo do pacote de material e logístico soma 1,674 bilhão de euros.  O custo de construção chega a 756 milhões de euros. Já para o submarino nuclear, o montante da construção é de 551 milhões de euros, com mais 700 milhões de euros referentes ao pacote de material e logístico. O custo dos torpedos e de logística associada ao projeto é de R$ 99,7 milhões de euros.

O contra-almirante Neves destaca que está prevista a contratação nacional de 100 milhões de euros para os quatro submarinos convencionais e também de 100 milhões de euros para o submarino nuclear. Entre os equipamentos que a indústria nacional pode fornecer, o contra-almirante destaca quadros elétricos, válvulas de casco, sistema de combate, motor a diesel e bateria, além de serviços de usinagem e mecânica. Um submarino convencional utiliza, por exemplo, cerca de 320 elementos de bateria.

“Além dos equipamentos instalados, os fornecedores serão responsáveis pela manutenção durante toda a vida útil dos submarinos, ou seja, nos próximos 30 anos. Dificilmente a empresa que não participar do início do projeto vai conseguir desenvolver tecnologia para fornecer as peças de reposição. Por exemplo, a cada cinco ou seis anos é preciso trocar todas as válvulas de casco dos submarinos, o que garante volume para o fabricante”, avalia o contra-almirante Neves.

O documento “Submarino Scorpène: A posição da Marinha”, no site da Marinha, aponta que o projeto dos submarinos vai ser adaptado por engenheiros navais brasileiros e o índice de nacionalização deve ser bastante elevado, havendo em cada um dos submarinos mais de 36 mil itens produzidos por mais de 30 empresas brasileiras.

“Parte dos equipamentos desenvolvidos para os submarinos convencionais podem ser aproveitados no nuclear, dessa forma a nacionalização será gradativa. Além das peças, a mão de obra também será nacionalizada. Já temos engenheiros na França aprendendo a tecnologia e este conhecimento será transferido para o país, assim como diversas etapas da construção do submarino que serão realizados no Brasil”, destaca o contra-almirante Neves.

Segundo a Marinha, em função da maior dificuldade de construção, bem como para servir de aprendizado, as seções 3 e 4 (ao todo são cinco seções) do S-BR 1 estão sendo  construídas na França e tão logo fiquem prontas serão transportadas para o Brasil para serem unidas às demais seções. Ele tem entrega prevista para 2015. Já o S-BR 2 ficará pronto em 2018, o S-BR 3 em 2019 e em 2021 o S-BR 4 será concluído. O submarino de propulsão nuclear tem entrega prevista para 2023.

O Coordenador-geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear, o almirante de esquadra José Alberto Accioly Fragelli, destaca que a prioridade do projeto é nacionalizar o máximo possível. Segundo ele, apesar do grande potencial do parque industrial nacional, algumas peças têm demanda pequena e não justificam o investimento para fabricação no Brasil.

A busca por fornecedores brasileiros, segundo ele, foi feita a partir dos elementos que serão necessários nos submarinos. “Procuramos empresas que pudessem fabricar alguns equipamentos e conversamos para saber se elas teriam interesse em receber a transferência de tecnologia, mas algumas não se interessaram devido ao pequeno volume a ser produzido”, explica.

Fragelli cita como exemplo as chapas de aço. Embora as siderúrgicas brasileiras tenham capacitação para produzi-las, a demanda de 400 toneladas por submarino não é suficiente para justificar o investimento para adaptação da linha de produção. “Neste caso, é mais rápido contratar essas chapas na França, onde  já existe produção do tipo de chapa requerida”

Atualmente, cerca de 51 engenheiros brasileiros estão em diferentes cidades da França, recebendo a transferência de tecnologia. “O projeto básico do submarino nuclear só começa em março de 2012 quando o primeiro grupo de engenheiros retornar da França”, diz o almirante de esquadra.

Para realizar este projeto, é preciso que a Marinha tenha um estaleiro dedicado à construção de submarinos e uma nova base naval com capacidade de recebê-los e mantê-los. O local escolhido para alojar o estaleiro e a nova base naval foi a Ilha da Madeira, localizada no município de Itaguaí (RJ). De acordo com o cronograma físico-financeiro constante em contrato, o responsável por causar algum atraso no cronograma arcará com as respectivas sanções financeiras.  Como a Marinha também não podia prever a data de obtenção das licenças ambientais que autorizassem o início das obras, foi necessário arranjar um local, já classificado como área industrial, que contasse com as referidas licenças, em que se pudesse iniciar os primeiros trabalhos de construção de submarinos.

Dessa forma, foi escolhido um terreno ao lado da Nuclep para abrigar a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem). As obras de construção da Ufem começaram em março de 2010 com a limpeza do terreno. A seguir vieram as obras de terraplanagem e atualmente estão sendo colocadas as fundações. A conclusão está prevista para 2012.

Quanto ao terreno na Ilha da Madeira, a Marinha explica que apesar de já ter obtido a Licença Prévia e a Licença de Instalação, está aguardando a autorização para iniciar a limpeza do terreno. A previsão de conclusão do estaleiro é 2014 e seis meses depois a base naval ficará pronta (em 2015). O custo da construção do estaleiro e base naval é de R$ 1,785 bilhão. Segundo a Marinha, a construção do estaleiro e da base naval será paga com recursos da União, já o custo do projeto e de construção dos submarinos serão pagos com financiamento externo.

Na Ilha da Madeira serão ocupadas duas áreas. Na praia de Itapuca serão construídos, pela Odebrecht, o estaleiro e a base naval, numa área de 320 mil metros quadrados avançada sobre o mar. Para a construção do estaleiro e da base, a empresa francesa DCNS formou com a Odebrecht uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) chamada Itaguaí Construções Navais (ICN).

Na base, a Marinha irá desenvolver atividades de treinamento e capacitação profissional, para garantir suporte especializado às operações com os submarinos. O conjunto do estaleiro e da base terá dois píeres de 150 metros e três docas com 170 metros de extensão e capacidade para receber dez submarinos, além de poder construir duas outras unidades ao mesmo tempo.

Ao norte da praia de Itapuca, serão instalados os setores de apoio e a portaria. As duas áreas serão unidas por um túnel de acesso exclusivo, evitando que o tráfego gerado pelo complexo leve desconforto aos moradores locais. A construtora também será responsável pela Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas próxima da Nuclep, à margem da BR-101. Durante o período mais intenso das obras cerca de oito mil pessoas estarão trabalhando no empreendimento.

As condições geográficas e estratégicas do terreno foram pontos importantes para a escolha da localização do empreendimento. A profundidade da baía é ideal para a movimentação de navios de grande porte e oferece a segurança natural de seu contorno geográfico. Além disso, a escolha foi determinada pela proximidade com a Nuclep, com o porto de Itaguaí e com a Base Aérea de Santa Cruz, o maior complexo de combate da Força Aérea Brasileira, que tem, entre suas missões, patrulhar as águas do nosso litoral. A Nuclep terá participação importante na fase de desenvolvimento do Prosub, fabricando as grandes seções cilíndricas que formarão os corpos dos submarinos.

As obras serão divididas em duas partes. A primeira é a construção da Ufem, numa área de aproximadamente 90 mil metros quadrados, próxima da Nuclep, à margem da Rodovia Rio-Santos. Ali será erguido um prédio de quatro andares, onde serão fabricados componentes de submarinos. Ao todo, a estrutura do Prosub terá 27 edifícios, somando 750 mil metros quadrados de área construída, de um total de 980 mil metros quadrados.

 

 

Todo cuidado é pouco

Áreas com material contaminado foram mapeadas em estudos ambientais preliminarmente realizados

 

As obras de dragagem do Estaleiro e Base Naval (EBN) da Marinha do Brasil na Ilha da Madeira, em Itaguaí (RJ) começaram em dezembro. A Construtora Norberto Odebrecht contratou a empresa belga de dragagem Jan de Nul para tocar as obras, que devem ser concluídas no primeiro semestre de 2012. Ao todo, deverão ser dragados cerca de 7,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos durante as quatro fases da obra.

 

O assessor de Planejamento e Gestão do Licenciamento Ambiental da Coordenadoria-Geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Cogesn), comandante Gilberto Huet, explica que o processo de dragagem utilizará tecnologia de ponta para prevenir a poluição e garantir o monitoramento ambiental. Os sedimentos não contaminados serão descarregados em mar aberto, em uma área de despejo circular aprovada pelo Ibama, com duas milhas de raio, centrada em um ponto distante seis milhas da linha de costa da Restinga da Marambaia.

Na primeira fase do projeto, foi criado um canal de navegação para acesso das quatro dragas contratadas, que precisam de pelo menos 12 metros de profundidade para realizar suas operações. Nesta etapa, a draga Gerardus Mercator, a cada uma de suas viagens, preencheu a sua cisterna de 18 mil metros cúbicos com material dragado e fez o transporte até a área aprovada de despejo em mar aberto.

Atualmente a draga Hondius está executando a dragagem por sucção e bombeando o material dragado por recalque para as dragas Gerardus Mercator, Hopper e Kaishuu, que realizam o transporte desse material até a área aprovada de despejo, em mar aberto. O objetivo desta etapa é dragar em até oito metros de profundidade.

A terceira etapa, que ocorrerá junto com a segunda fase e está prevista para ter início neste mês de março, envolve a dragagem de determinadas áreas que apresentam sedimentos contaminados. Estas áreas foram mapeadas nos estudos ambientais preliminarmente realizados. Para a dragagem destas áreas serão utilizados equipamentos diferenciados e tecnologia especial, com o emprego de uma espécie de barcaça, dotada de escavadeira de grande porte e de rede submersa para conter a dispersão dos sedimentos. Nesta etapa também será utilizada a draga IHC 700.

O material dragado será inicialmente recolhido em um pequeno reservatório, na própria embarcação. “Será injetada água nesse reservatório, de modo a transportar esse material, por intermédio de um sistema de tubulação flutuante, até o seu local de despejo em terra firme denominado Unidade de Decantação de Contaminado (UDC), na Praia de Itapuca. Na UDC, o material dragado será submetido a um processo especial, antes de ser finalmente injetado em bolsas de contenção, os geotubes. Os sedimentos contaminados ficarão retidos nessas bolsas, enquanto a água livre de impurezas retornará ao mar”, explica o comandante.

Os geotubes serão posicionados em terra firme na Base Naval e posteriormente aterrados. Embora já tenha sido realizado com sucesso em várias partes do mundo, o processo de tratamento do material contaminado na UDC passou por vários ensaios de eficiência. Já a água que retornará ao mar será constantemente analisada para atender às resoluções do Conselho Nacional do meio Ambiente (Conama). O comandante Huet destaca que o método de geotubes para o armazenamento em terra de material dragado contaminado já vem sendo empregado pela Petrobras no Canal do Cunha, também para destinação de sedimentos contaminados.

Na quarta e última fase, prevista para ter início em junho próximo, a draga Filippo Brunelleschi dará prosseguimento ao processo de dragagem por sucção (sedimento não contaminado) a oito metros de profundidade, realizando o transporte e despejo na área aprovada de despejo, em mar aberto.

 

 



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