O secretário geral da IMO destaca que, graças a esforços conjuntos, a pirataria foi significativamente reduzida nos últimos anos.
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No entanto, Mitropoulos ressalta que a pirataria é um problema vivenciado em outras regiões do mundo, como o largo da costa da Somália, no Golfo de Aden, no Mar Arábico, e em parte do Oceano Índico. Ele lamenta que muitos navios passaram a não mais transitar pelo Golfo de Aden, optando pela rota do Cabo da Boa Esperança, aumentando o percurso e os custos dessas viagens.
Mitropoulos cita estudo que aponta que 4.185 marítimos foram atacados por piratas usando armas de fogo, em 2010, sendo que 1.090 foram feitos reféns e 488 sofreram significativo abuso psicológico ou físico. Além disso, estima-se um prejuízo anual entre US$ 7 bilhões e US$ 12 bilhões com a pirataria. “Navios transportando óleo provenientes do Golfo Pérsico e do Golfo de Aman estão na mira dos piratas, os quais se tornaram mais atrevidos, audaciosos, agressivos e violentos e parecem estar bem mais organizados. Sequestro e resgate têm sido o modo de operação no caso da Somália e existem centenas de marítimos presentemente sendo mantidos reféns a bordo de navios sequestrados, durante períodos de seis meses em média”, afirma.
A IMO desenvolveu um plano de ação multifacetado, integrado a ações das Nações Unidas, estados e governos agindo coletiva ou individualmente. Para Mitropoulos, as companhias de navegação devem assegurar-se de que seus navios rigorosamente aplicam diretrizes da IMO e as melhores práticas desenvolvidas pela indústria. O secretário-geral da entidade acredita que muito ainda precisa ser feito contra a pirataria, incluindo a captura, julgamento e punição para todos aqueles envolvidos, além do rastreio do dinheiro do resgate e o confisco dos ganhos oriundos dos crimes de sequestros.
Em seu discurso, o vice-almirante e diretor de Portos e Costas da Marinha do Brasil, Eduardo Bacellar Leal Ferreira, diz que as palavras da IMO espelham com clareza a dimensão do problema e a necessidade de ações cada vez mais orquestradas por parte da comunidade internacional para combatê-lo. Bacellar destaca que o Brasil, por intermédio de representação permanente junto à IMO, em Londres, vem participando da busca e do encaminhamento de soluções para acabar com a pirataria. O diretor de Portos e Costas da Marinha lembra que o crescimento da frota exige significativo e contínuo incremento na quantidade de profissionais colocados à disposição do mercado, o que tem levado o Sistema de Ensino Profissional Marítimo a trabalhar nos seus limites e a adotar soluções originais para as dificuldades enfrentadas.