O avanço do coronavírus tem sido uma preocupação para a Praticagem do Brasil, visto que os práticos embarcam em navios cuja maioria da tripulação é composta por estrangeiros, muitos de países com contágio da doença. No entanto, assim como outras profissões, os práticos não podem parar suas atividades.
Em razão disso, o presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) e vice-presidente da Associação Internacional de Práticos Marítimos (IMPA), Ricardo Falcão afirmou que apesar de a Praticagem ter adotado todas as recomendações para evitar o contágio e a transmissão da doença, algumas medidas precisam ser reforçadas por parte das entidades de saúde e ligadas à operação.
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Na última semana, a praticagem enviou uma carta com sugestões para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Saúde e a Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha do Brasil, por meio da qual foi solicitada mais informações para garantir a proteção da categoria.
No documento, a praticagem solicita que seja informada sobre as escalas das embarcações nos 30 dias que antecedem a chegada do navio ao porto; caso haja troca de tripulante no período; se foi negado o certificado de livre prática da Anvisa antes da atracação no porto, os motivos da recusa e os detalhes dos casos ligados à suspeita do coronavírus. Além disso, a praticagem solicitou uma inspeção prévia por parte da agência caso tripulantes com o quadro do vírus não possam ser mantidos em isolamento ou se for necessário o contato desse tripulante com o prático.
Além do contato com a população estrangeira dos navios, uma das preocupações da Praticagem tem sido com os práticos que atuam na região da Amazônia. Segundo informou Falcão, muitos deles precisam permanecer por dois ou mais dias, dormindo e comendo dentro das embarcações. No entanto, considerando que o vírus pode permanecer por até 17 dias nos camarotes dos navios, Falcão afirmou que se faz necessária a existência de um protocolo sanitário que vise à esterilização desses ambientes.
Como medida de prevenção, não apenas os práticos, mas também os marinheiros envolvidos nas operações da praticagem estão utilizando luvas e máscaras. Porém, ele destacou que assim como vem ocorrendo em todo o Brasil, existe o receio da escassez desses materiais. O que pode representar um problema, tendo em vista que são feitas muitas operações por dia e o material utilizado precisa ser descartado.
Apesar disso, Falcão destacou que até o momento nenhum prático apresentou confirmação da doença. Ele disse que alguns apresentaram suspeita de coronavírus, com casos de febre, mas que a falta de testes também tem sido um impeditivo para confirmar ou descartar a suspeita.
O coronavírus também vem impactando a circulação dos práticos, especialmente na região amazônica. De acordo com Falcão, com a redução da malha aérea, o acesso dos práticos a determinadas localizações está sendo restringido. De acordo com ele, em Belém, por exemplo, a redução nos voos foi de até 90%. Este cenário, portanto, pode ocasionar em atrasos no atendimento dos práticos. “Existe a possibilidade de afretamento de aeronaves, mas a distancia é muito grande e o custo acaba sendo muito alto”, disse.