Além de entregar o Terminal Náutico a terceiros, o diretor-executivo da Agerba, aquele mesmo que entende que a agência cuida de avião e não de ônibus, faz críticas à Capitania dos Portos quando afirma que as embarcações da travessia Salvador-Mar Grande não têm segurança. A Agerba só tem respaldo para fiscalizar o ferry-boat, mas interesses políticos estão distorcendo o papel da agência, que hoje é o retrato fiel da bagunça e o principal calo do Governo Wagner.
A Agerba, a agência que diz "regular e fiscalizar" o transporte intermunicipal, os serviços de energia, o gás canalizado e até aeroportos, decidiu de vez abrir guerra contra as lanchinhas que fazem a travessia Salvador-Mar Grande. Como o JORNAL DA MÍDIA vem denunciando há muito tempo, existe uma forte pressão para que essa travessia seja entregue à TWB - ou a outra que estaria sendo trabalhada pelo deputado Marcos Medrado (PDT) - e o governo Wagner parece cada vez mais convencido neste sentido.
Se não fosse assim, não permitiria que a Agerba, que funciona como um departamento do governo Wagner e não como uma agência de regulação, como um verdadeiro instrumento do Estado, divulgasse uma release de conteúdo pobre classificando as embarcações da travessia de "inseguras". Não é atribuição da Agerba falar sobre segurança de equipamentos do transporte marítimo. Esta é uma atribuição exclusiva da Capitania dos Portos, órgão da Marinha do Brasil.
E o pior: quem faz a a afirmação é o diretor-executivo da Agerba, Renato José, afilhado de Marcos Medrado, uma pessoa totalmente despreparada para o exercício do cargo que ocupa. Como disse recentemente o jornalista Samuel Celestino, "o rapaz pensa que a Agerba cuida de avião e não de ônibus".
No release publicado no site da Agerba, ao falar sobre a insegurança das lanchinhas, envolve até o Ministério Público. O MP, como se sabe, não tem só ações civis públicas apenas sobre as condições da travessia Salvador-Mar Grande. Tem várias outras envolvendo a malversação de dinheiro público, que implicam a própria Agerba, o Comab e a TWB. Tem várias também sobre o sucateamento da frota do sistema ferry-boat ocorrida após a privatização, cuja responsabilidade é da Agerba (também), porque deixou de cumprir o seu papel de fiscalizar e tomar as medidas cabíveis contra o Comab e a TWB, atual concessionária do ferry-boat.
Sobre essas ações do MP envolvendo a Agerba, o diretor não faz qualquer alusão. Talvez por entender que "o povo não tem memória". Não tem um mês ainda, por exemplo, que o MP determinou que a Agerba suspendesse imediatamente as licitações das linhas do transporte complementar de passageiros devido a várias irregularidades detectadas. Isto já ocorreu na ''gestão'' do Sr. Renato José e a Agerba nada contestou, mesmo porque não podia, já que as suspeitas eram evidentes. O JM vai sempre republicar as ações do Ministério Público envolvendo a Agerba.
Além de ser uma pessoa despreparada para ocupar a função, o diretor da Agerba não tem a menor condição de falar sobre a questão de segurança de embarcações. Talvez ele não sabe, mas quem cuida de segurança é a Capitania dos Portos. A Capitania atua no transporte marítimo como o Detran no licenciamento de veículos. É o órgão da Marinha quem checa os equipamentos de segurança, que faz a vistoria das embarcações e que expede a documentação dando o OK para o equipamento navegar.
À Agerba compete apenas fiscalizar as condições de higiene e o cumprimento de horários, mas exclusivamente do ferry-boat. A agência estadual não tem condições, hoje, sequer para fiscalizar o transporte rodoviário intermunicipal, imaginem para avaliar e vistoriar embarcações. Com apenas 50 fiscais para atuar em 417 municípios baianos, a agência estadual é hoje o retrato fiel da desorganização. Foi transformada em um cabide de emprego familiar e, por isso mesmo, perdeu o prestígio que tinha no mercado de regulação do país, especialmente junto à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que encerrou o convênio com a autarquia baiana. A Aneel não quer nem saber mais da Agerba!
Quanto ao regulamento do transporte hidroviário, que o diretor diz se encontrar na Casa Civil para ser encaminhado à Assembléia Legislativa, isto não é coisa de agora e feita pela cabeça do deputado Marcos Medrado, o dono da Agerba. Portanto, se o projeto sequer foi para análise da Assembléia, como é que o rapaz fala em aplicar um “choque de ordem” no transporte hidroviário de passageiros? Onde está a lei?
Pelo que a própria imprensa já noticiou, o projeto foi encaminhado à Casa Civil há pelo menos um ano e meio. E é muito polêmico, inclusive. Sabe-se que o deputado Marcos Medrado estaria muito interessado na questão da linha Salvador-Mar Grande, assim como a TWB que, segundo fontes da Agerba, já estaria até "correndo por fora".
O JM está investigando a denúncia. Não temos compromisso nenhum aqui com os donos das lanchinhas Salvador-Mar Grande, com a TWB e muito menos com esta turma do "expert" Marcos Medrado (denominação atribuída a Medrado por Samuel Celestino).
Não se sabe como o governo vai querer conduzir a questão, que tem caráter social e que é político também. Em ano eleitoral, Wagner está com mais um abacaxi não mão, além da própria Agerba, que, se for reeleito, já se fala até em extinção.
Fonte: Jornal da Mídia
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