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Fluviários fazem greve em Mato Grosso do Sul

Cerca de 200 trabalhadores fluviários da Companhia Interamericana de Comércio e Navegação (Cinco & Bacia) estão em greve já duas semanas. De acordo com eles, a empresa, uma das mais importantes do transporte da Hidrovia Paraguai/Paraná, tem atrasado salários e benefícios desde o início deste ano, quando começaram as especulações de que a companhia seria vendida a uma multinacional venezuelana. Como a companhia é atualmente controlada por um grupo da Argentina, os fluviários também obtiveram o apoio dos colegas argentinos, que estão em greve em solidariedade ao movimento dos brasileiros.

A greve paralisa grande parte do transporte de minério de ferro e derivados de soja no porto de Ladário. Mais de 60% das cargas transportadas pela hidrovia do Paraguai são de minério de ferro com carregamentos feitos em portos da Companhia Vale do Rio Doce e também da MMX; e 40% de derivados de soja, com carregamentos efetuados na Bolívia.
O estabelecimento do estado de greve, que contou com a adesão dos trabalhadores administrativos e do estaleiro, foi decidido por unanimidade pelos fluviários e deve durar por tempo indeterminado, até que se chegue a uma resolução.


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A mobilização dos fluviários vem tendo o apoio jurídico da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Transportes Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (Conttmaf), uma das maiores confederações sindicais brasileiras e que denunciou o caso ao Ministério do Trabalho. Recentemente, a empresa recorreu contra a greve, mas o pedido foi indeferido. Nesta terça-feira 11, às 13h30, acontece uma audiência de tentativa de conciliação entre a categoria e a Cinco & Bacia.

Segundo Clarindo da Silva Costa, presidente de um dos sindicatos filiados à Conttmaf, uma das conquistas obtidas com a manifestação ocorrida na semana anterior foi o pagamento dos salários correspondentes ao mês de março. No entanto, ainda não foram resolvidas questões como o pagamento do ticket alimentação, que está com 10 meses de atraso; do vale transporte, há sete meses atrasado; e férias — algumas  vencidas há até quatro anos.

Os problemas dos trabalhadores da região, contudo, não se resumem apenas aos aspectos econômicos. De acordo com o consultor jurídico da Conttmaf, Edson Areias, que acompanhou a mobilização, a bordo das embarcações há uma série de irregularidades trabalhistas e ambientais. Além disso, os trabalhadores não são informados a respeito do que está ocorrendo com a companhia, que passa por transição de ativos, e não existe diálogo para tratar das questões administrativas. Crimes ambientais cometidos pela empresa também estão sendo investigados e apurados.

A Cinco & Bacia, sediada em Ladário, Mato Grosso do Sul, é controlada pela Fluviomar, empresa com sede central em Buenos Aires. Os ativos da empresa estão em processo de transferência para a Venezuela Fluvioabla, grupo ligado ao presidente Hugo Chávez. O interesse do presidente venezuelano seria o de controlar o transporte de minério de ferro entre Brasil, Argentina e a Bolívia.

Da Redação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 






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