Ampliar a presença da Marinha do Brasil no mar para oferecer segurança às operações do Porto de Santos, no litoral paulista, e em áreas onde há concentração de lanchas de esporte e recreio. Esse é o objetivo principal do novo comandante da Capitania dos Portos de São Paulo, o capitão-de-mar-e-guerra Daniel Américo Rosa Menezes.
Em janeiro, o capitão-de-mar-e-guerra Alberto José Pinheiro de Carvalho deixou o comando da CPSP após dois anos na função. Daniel assumiu o cargo para o próximo biênio, depois ser delegado da Capitania de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, e de comandar o navio-patrulha Graúna e também a fragata Niterói.
PUBLICIDADE
O novo comandante afirma que a Marinha voltará a ampliar os trabalhos em toda a costa paulista. "Nesses últimos anos, as restrições de recursos nos prejudicaram um pouco. Hoje, existe uma grande preocupação por parte dos escalões superiores, e todos estão bastante empenhados e solidários", diz.
A chegada de novos militares a Santos, nos últimos meses, demonstra essa atenção, segundo Daniel. "Teremos bons resultados ao longo deste ano. Vamos intensificar nossas atividades de inspeção naval, exercendo presença maior no mar, em áreas próximas ao porto, e onde há navegação de esporte e recreio".
Os números da última Operação Verão, quando houve a intensificação da fiscalização de embarcações na temporada, divulgadosde fevereiro, tranquilizaram novo comandante, que considera haver mais "conscientização" por parte dos condutores. Na ocasião, 8% dos barcos vistoriados apresentaram irregularidades.
Avisos-patrulha da Marinha do Brasil vão reforçar a segurança na costa de SP (Foto: José Claudio Pimentel/G1) Avisos-patrulha da Marinha do Brasil vão reforçar a segurança na costa de SP (Foto: José Claudio Pimentel/G1)
Avisos-patrulha da Marinha do Brasil vão reforçar a segurança na costa de SP (Foto: José Claudio Pimentel/G1)
Mesmo que a segurança do tráfego aquaviário seja o foco da autoridade marítima, o novo comandante afirma que não deixará de se preocupar com assuntos ligados à segurança pública. Ocorrências envolvendo crimes no mar tornaram-se comuns e rotineiras em diversas regiões do litoral, inclusive no entorno do cais.
"A Marinha não executa missões de segurança pública, mas nós atuamos junto aos órgãos de segurança pública, provendo logística ou até estrutura de inteligência, permitindo o embarque desses agentes. Certamente, com esse novo panorama, vamos realizar constantemente operações em conjunto, com cada um cumprindo seu objetivo".
A estabilização de recursos destinados à Capitania - valores não foram informados - também possibilitará a reforma e a reativação de equipamentos até então inoperantes. "O que eu posso dizer é que, até o fim desse primeiro semestre, mais embarcações [exclusivas da CPSP] estarão na água patrulhando", garante.
Grupamento Sul-Sudeste
A partir de julho, entretanto, a Capitania receberá o apoio do Grupamento de Patrulha Naval Sul-Sudeste, que foi ativado em 2014, mas somente neste ano iniciará as operações, após congelamento por falta de dinheiro. Dois avisos-patrulha, Barracuda e Espadarte, foram reformados e voltaram à operação em março.
O Grupamento é subordinado diretamente ao Comando do 8º Distrito Naval, em São Paulo, ao qual a Capitania também se reporta. Entretanto, ambos trabalharão em conjunto em prol da segurança em áreas costeiras e em mar aberto, para coibir ilícitos próximos às plataformas de petróleo da área do Pré-Sal da Bacia de Santos.
Patrulha Naval Sul-Sudeste vai colaborar com atividades da CPSP (Foto: José Claudio Pimentel/G1) Patrulha Naval Sul-Sudeste vai colaborar com atividades da CPSP (Foto: José Claudio Pimentel/G1)
Patrulha Naval Sul-Sudeste vai colaborar com atividades da CPSP (Foto: José Claudio Pimentel/G1)
"Até o segundo semestre, vamos receber o primeiro navio deste grupamento, que virá do Rio de Janeiro. Ele tem maior autonomia que os dois avisos-patrulha, que também são empenhados em missões de resgate. Em todos, porém, vamos embarcar homens da Capitania para, justamente, reforçar as atividades de inspeção".
Apesar da certeza do reforço, a Marinha do Brasil ainda não decidiu qual navio será deslocado do 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro, para ficar permanentemente baseado em Santos, onde fica a sede da CPSP. O que se sabe é que ele pertence à classe Grajaú - a esquadrada possui 12 deles, que foram fabricados entre 1999 e 2009.
Ao todo, aproximadamente 50 militares vão reforçar o grupamento e pertencer às tripulações dessas três embarcações. Parte deles vai ocupar moradias cedidas pela Força Aérea Brasileira (FAB), na Base Área de Santos. Graças aos novos recursos, esses imóveis foram reformados pela Marinha nos últimos meses para recebê-los.
Dragagem e público
O comandante Daniel afirma, ainda, que a nova gestão mantém o papel de coordenar ativamente as atividades de retirada de sedimentos no canal de navegação no cais santista. "É sob a ótica da continuidade da gestão anterior, visando dar justamente tranquilidade e estabilidade nessa questão aos interlocutores no porto".
A cada três meses, a autoridade portuária, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), deve apresentar um relatório de levantamento hidrográfico. "Verificamos os pontos mais críticos e recomendamos atenção. Não estamos aqui para atrapalhar, queremos oferecer segurança e garantir a dragagem de forma contínua".
Dois avisos-patrulha foram reformados e reativados (Foto: José Claudio Pimentel/G1) Dois avisos-patrulha foram reformados e reativados (Foto: José Claudio Pimentel/G1)
Dois avisos-patrulha foram reformados e reativados (Foto: José Claudio Pimentel/G1)
Em paralelo, o novo gestor afirma que o atendimento ao público, aquaviários e condutores amadores na CPSP vai passar por modernização. O objetivo, segundo ele, é justamente qualificar o serviço, que foi alterado nos últimos anos atendendo à solicitação da comunidade marítima local.
"Até o fim deste semestre, vamos fazer com que a impressão de guias e o agendamento para atendimento seja feito pelo site da Capitania. Assim, conseguimos melhorar ainda mais a recepção dessas pessoas e otimizar nossos recursos. Trata-se da incorporação de novas tecnologias e o aperfeiçoamento dos processos internos".
Fonte: G1