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Obras das Usinas devem bloquear navegabilidade da hidrovia do Rio Madeira no verão

Por: João Serra Cipriano
Todo progresso gera transtornos temporários e toda grande obra de infra-estrutura gera impactos ambientais e estes fatos são de conhecimento de todos os técnicos, engenheiros e ambientalistas. Nestes meus quase 20 anos de homem público, tive boas experiências quando na passagem na presidência da SOPH, no assessoramento direto do projeto “Hidrovia do Madeira” um complexo projeto de movimentação de cargas e grãos num sistema intermodal, rodoviário e hidroviário, dando aos Estados de Rondônia e Mato Grosso, novas rotas e saídas de exportações rumo aos mais diversos países.
Naquele período em que estive trabalhando com o grupo, conheci de perto a dinâmica do rio madeira nos períodos de cheias e nos períodos de baixa vazantes, além dos trechos de extrema dificuldade de navegabilidade. Qualquer geólogo vai confirmar o que vou dizer haja vista os fatos que é de conhecimento de todos, mas principalmente dos “Comandantes” que dia e noite enfrenta os perigos da navegabilidade nos períodos de seca. “ A nossa hidrovia do Madeira tem grande percurso em águas e leito do Rio Madeira, que pela sua idade , aproximadamente 500 mil anos, ainda é considerado um veio d’água em formação das suas margens e leito”.
Acontece que neste próximo verão de 2010, as obras das usinas hidroelétricas devem interferir diretamente no calado permitido para a movimentação das embarcações, das balsas e barcaças. Mesmo sem as usinas, em alguns meses do ano, principalmente no verão o sistema hidroviário opera em alerta máximo pelo “baixo calado” e com o represamento parcial das barragens, isto no próximo verão entre Setembro e Dezembro, o calado deve ser agravado em 50% acima dos meses críticos e com isso, muito provavelmente teremos semanas sem qualquer movimentação de cargas entre Porto Velho e Manaus.
É preciso alertar as autoridades que a hidrovia do madeira tem sido responsável pelo abastecimento de combustível, gás de cozinha vindos de Manaus para Rondônia e mais de 300 mil empregos da Zona Franca de Manaus dependem da entrada e saída de mercadorias via hidrovia do Madeira. Outro ponto importante a ser alertado, é que o Estado de Rondônia exporta mais de 400 milhões de dólares todos os anos da nossa indústria madeireira e do agro negócio de grãos e gado de corte, sendo que boa parte desta produção é escoada via hidrovia do madeira. Pelo menos 100 mil empregos rondonienses dependem deste sistema intermodal de movimentação de cargas.
Uma saída alternativa seria pela rodovia, porém as obras de recuperação não saíram do papel e mesmo que as obras tivessem liberadas, não seria possível concluí-las em menos de três anos para o transporte de cargas pesadas.
Ainda há tempo para formar um grupo de trabalho envolvendo Governo de Rondônia, Governo do Amazonas, Consórcios das Usinas e Governo Federal para aprofundar os impactos das obras das usinas sob o calado da hidrovia e buscar as alternativas técnicas antes que o pior aconteça. “ Caso seja comprometido o calado dos barcos, balsas e barcaças o caos no abastecimento de combustível e gás de cozinha será inevitável, além de afetar diretamente as economias de bilhões de dólares de exportações de Rondônia, Mato Grosso e Manaus. Estamos falando de mais de 5 bilhões de dólares que passam pela hidrovia entre produtos da Zona Franca, grãos de soja e madeira de Rondônia e Mato Grosso”.
Passado a euforia dos aloprados do governo federal, digo, que a ex-ministra Marina Silva estava coberta de razão ao afirmar que era preciso discutir melhor os impactos das obras do madeira e parece que não serão só os mais de (2) dois mil pobres e analfabetos agricultores ribeirinhos que estão sendo jogados fora de suas terras a preço de banana, afetados e prejudicados, (um exército de jovens sendo jogados nas ruas da capital sem apoio social, todos filhos dos ribeirinhos), mas toda uma forte economia de exportações do Mato Grosso, Rondônia e Manaus.
• O autor é jornalista e suplente de deputado federal pelo PSB-RO.

Fonte: Rondôniaaovivo

 

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