As autoridades Ambiental e Marítima encontraram dois porões higienizados em um navio estrangeiro suspeito de descartar resíduos de fertilizantes no litoral de São Paulo. A substância ocupou área equivalente a 200 campos de futebol e se espalhou no mar por quatro cidades, aproximadamente. Representantes do navio negam irregularidades.
A mancha foi localizada na linha d’água, na quinta-feira (10), por uma equipe da Receita Federal durante patrulhamento nos fundeadouros - local onde os navios aguardam para acessar o Porto de Santos. Houve o alerta ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que mobilizou a Marinha e a Polícia Federal.
PUBLICIDADE
Dois porões do navio foram encontrados limpos após substância ser achada no mar — Foto: G1 Santos Dois porões do navio foram encontrados limpos após substância ser achada no mar — Foto: G1 Santos
Dois porões do navio foram encontrados limpos após substância ser achada no mar — Foto: G1 Santos
Nesta sexta-feira, após vistoria no mar no dia anterior, as equipes do Ibama e da Marinha foram a bordo da embarcação, que atracou em um terminal na Margem Esquerda para descarregar fertilizante armazenado em outros três porões. A suspeita de eventual vazamento do produto, em vez do descarte ilegal, também é investigada.
"O navio descarregou parte da carga no Maranhão e seguiu para Santos. Na barra, ele permaneceu por cerca de 20 dias. O que encontramos foram dois porões limpíssimos, como se estivessem acabado de ser higienizados", disse a agente federal, Ana Angélica Alabarce, responsável pelo núcleo de emergências do Ibama no litoral paulista.
Apesar dos indícios, a tripulação do navio negou que a substância localizada no oceano tenha saído do cargueiro. "A análise das amostras colhidas vai determinar a real procedência desse material, mesmo as imagens mostrando claramente o acúmulo do produto no entorno da embarcação, apesar da movimentação marítima contrária".
Segundo Ana Angélica é possível que a substância tenha sido lançada ao mar após lavagem dos porões. "A princípio, é possível que tenha ocorrido a limpeza desses compartimentos e a água residual lançada ao oceano. Também pode ter ocorrido um vazamento involuntário. Nossa investigação, junto com a Marinha, vai determinar isso".
Dois porões de navio cargueiro foram encontrados limpos durante vistoria do Ibama — Foto: G1 Santos Dois porões de navio cargueiro foram encontrados limpos durante vistoria do Ibama — Foto: G1 Santos
Dois porões de navio cargueiro foram encontrados limpos durante vistoria do Ibama — Foto: G1 Santos
As autoridades estão certas, entretanto, de que houve crime ambiental, mas aguardam os laudos para que ocorra a responsabilização correta, seja dos donos do navio suspeito ou de outra embarcação, que poderá ser identificada. A multa pelo Ibama pode variar de R$ 5 mil até R$ 50 milhões. A Marinha do Brasil não estipulou possível valor.
Mancha
Após localização da mancha no oceano, as equipes prontamente descartaram a possibilidade de um fenômeno natural ao constatar que havia material particulado, ainda não identificado, além de odor característico na água. Amostras foram colhidas para identificar o real teor poluente da substância, assim como a possível procedência dela.
Mancha no oceano se espalhou pela barra de Santos, SP, e por mais três cidades — Foto: G1 Santos Mancha no oceano se espalhou pela barra de Santos, SP, e por mais três cidades — Foto: G1 Santos
Mancha no oceano se espalhou pela barra de Santos, SP, e por mais três cidades — Foto: G1 Santos
Segundo Alabarce, as equipes levaram 10 minutos, em baixa velocidade no mar, para atravessar a mancha, a quase 10 quilômetros das praias da região. Pelas coordenadas registradas, estima-se que o material tenha se espalhado por área aproximada de dois quilômetros quadrados entre as cidades de Guarujá, Santos, São Vicente e Praia Grande.
A embarcação, de bandeira da República de Chipre, ficou impedida de acessar o complexo portuário enquanto ocorria a fiscalização na região da Barra de Santos na quinta-feira. O advogado do armador do navio nega irregularidades e diz que considerando o estágio inicial das investigações, a empresa entende que qualquer conclusão é precipitada.
Fonte: G1