Uma nova tentativa de desencalhar o navio-draga La Belle só deve acontecer no fim de semana. Em reunião na tarde de ontem, 4, a Capitania dos Portos determinou a empresa responsável pelo La Belle que instale uma barreira de contenção, para conter um eventual vazamento de óleo na hora do reboque. Como esse equipamento não foi encontrado em Natal, a Bandeirantes encomendou de uma empresa do Rio de Janeiro.
Adriano AbreuEnquanto a draga não é desencalhada, curiosos aproveitam para olhar a embarcação e até dar palpites sobre o sucesso ou não da operaçãoEnquanto a draga não é desencalhada, curiosos aproveitam para olhar a embarcação e até dar palpites sobre o sucesso ou não da operação
O capitão Allan Kardec, da Capitania dos Portos, deixou claro que o equipamento será utilizado apenas para prevenção. José Luiz de Souza Dantas, gerente técnico operacional da Bandeirantes Dragagem e Construção Ltda., empresa contratada para realizar as obras de dragagem do canal de acesso ao Porto de Natal, todas as providências emergenciais para evitar riscos já foram realizadas. “A draga está parada e estabilizada, não há risco de vazar óleo”, afirmou.
Segundo o capitão Allan Kardec, da Capitania dos Portos, foram realizadas duas tentativas emergenciais de retirar o navio. Como essas tentativas não funcionaram, foi constatado que o encalhe é mais complexo e foi recomendado um estudo maior da situação. De acordo com o capitão, na reunião de ontem foram avaliados os pontos das duas tentativas e elaborada a programação do que será feito. “Quando se deu o encalhe foi tentada uma manobra que utilizava os meios disponíveis para conter a situação, não havendo sucesso é porque o encalhe é de maior gravidade”, explicou o capitão.
Ficou estabelecido um prazo para que uma empresa seja contratada e aprovada para realizar a operação. Além disso, a maré não está favorável para que seja feita uma nova tentativa de desencalhe. Antes de haver uma nova tentativa de desencalhe do navio, deve ser apresentado um projeto técnico da operação. Esse projeto deve conter, além de outros dados, o tipo de rebocador e a direção que o navio será puxado. Para que seja realizada uma nova tentativa, a Marinha deve analisar e aprovar esse projeto.
Terceira tentativa de desencalhe é frustrada
Para aproveitar a maré cheia, foi feita, ontem de manhã sem sucesso, a terceira tentativa de retirada do navio-draga La Belle, que está presa no local desde a noite de segunda-feira.
A draga La Belle encalhou na entrada da barra, próximo à Guia da Corrente no leito da praia da Redinha. A embarcação é responsável pela dragagem do Rio Potengi e tem a intenção, justamente, de retirar entulhos do leito do rio com o objetivo de aprofundar o canal para permitir a passagem de embarcações até 60 mil toneladas.
Os dois rebocadores contratados pela empresa responsável pela draga não conseguiram fazer a remoção. “Agora vamos estudar que tipo de trabalho será feito para a remoção do navio. Provavelmente, isso será feito utilizando uma outra embarcação de maior potência. E isso ainda não tem hora para acontecer”, afirmou o capitão-de-fragata Allan Kardec, da Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte.
Assim como ocorreu com outras quatro embarcações que encalharam no mesmo local, a primeira tentativa de resgate do navio falhou. Ela foi feita às 9h de ontem e, segundo a Capitania dos Portos, falhou devido às condições da maré e do vento, desfavoráveis para a ação. “Achamos prudente manter a embarcação na mesma posição para a prevenção hídrica, que seriam possíveis vazamentos de óleo, o que não ocorreu até o momento”, explicou o capitão dos Portos Allan Kardec.
A segunda tentativa foi feita na noite de terça-feira, por volta das 21h. No entanto, também não teve êxito, devido novamente às condições climáticas. “Por ser a noite, houve também a questão da segurança. Preferimos adiar a tentativa de resgate para evitar acidentes”, explicou o capitão.
A retirada de entulhos feita pela Draga estava sendo realizada da entrada da boca até o cais do porto. O lixo encontrado no fundo do rio é encaminhado ao Aterro Sanitário e a areia é jogada a 12 km do mar. O porto de Natal recebe uma média de 15 a 30 navios por mês, mas devido à pequena profundidade, vários outros acabam atracando nos portos de Pecém (Ceará) e o de Sauípe (Pernambuco).
O canal, atualmente, só permite a passagem de embarcações de até 30 mil toneladas, mas após o trabalho de dragagem a Codern espera dobrar essa capacidade, chegando a receber navios de até 60 mil toneladas. O intuito é incrementar a economia, com a passagem de mercadores vindos do Sudeste do país, além de permitir o envio de mercadorias do Rio Grande do Norte para outros estados da federação.
Capitania acompanha operação de desencalhe
Segundo o capitão dos Portos Allan Kardec não é responsabilidade da Capitania dos Portos nem a obra de dragagem do rio Potengi, nem a retirada do navio-draga da barra da Redinha. No entanto, por exercer um papel de fiscalização, a Capitania acompanha as operações de desencalhe, até para evitar que haja algum vazamento de óleo durante o trabalho. “Além de cobrar da empresa os cuidados necessários para evitar um acidente com óleo, pedimos também informações sobre a possível causa do acidente. Queremos saber o que motivou. Se foi uma falha mecânica, humana...”, afirmou o capitão.
Curiosos
Muitos curiosos estão aproveitando o navio-draga encalhado na barra da Redinha, próximo ao trapiche, para ver de perto uma embarcação tão grande. É o caso dos policiais militares José Wilson Germano e José Vanderley, que são naturais de Pau dos Ferros e estão na capital do Estado fazendo um curso para cabo da PM. “Nunca tinha visto um navio desse tamanho tão de perto. Infelizmente está encalhado, mas foi uma boa chance de vê-lo de perto”, afirmou J. Vanderley.
Sem querer torcer contra, o PM Wilson afirmou que não acredita que a embarcação saia da situação de encalhe de forma fácil. “Com esses reboques não vai ter como tirar a draga. Ela é muito grande. Na verdade, durante essa tentativa toda, ela parece que nem se mexeu”, avaliou ele, durante a terceira tentativa de remoção do navio, ocorrida na manhã de ontem e que durou, aproximadamente, quatro horas.
Para o vendedor ambulante Cláudio José, que aproveitava a movimentação no trapiche para lucrar mais com a venda de coco verde, para a draga sair, somente com uma maré alta. “Tem que ser uma maré alta, não só cheia. O bom é que, onde ela está, não deve ter como encalhar mais. Está bem segura em um banco de pedras que há nessa região”, afirmou o ambulante.
Cláudio José lembra ainda que viu outras três embarcações encalharem próximo ao local no últimos anos. Assim como a TRIBUNA DO NORTE também lembrou na manhã de ontem, a primeira foi a corveta Forte de Coimbra, da Marinha do Brasil, que encalhou na “pedra da Baixinha”, no dia 19 de novembro de 1996 e o cargueiro Canopus a 150 metros da primeira, no dia 15 de outubro de 1995. “Houve também um petroleiro que encalhou nesse mesmo local, mas tanto ele quanto o cargueiro conseguiram sair. A corveta foi desmontada”, lembrou ele.
Fonte: Tribuna do Norte - Natal
PUBLICIDADE