Um surto de covid-19 na plataforma P-69, da Petrobrás, uma das unidades que produzem no supercampo Tupi (ex-Lula), maior produtor do País, obrigou a estatal a desembarcar trabalhadores e fazer uma testagem preventiva nos demais, além de promover uma higienização adicional na plataforma.
"A Petrobrás informa a ocorrência de desembarques por suspeita de covid-19 na P-69, localizada na bacia de Santos. Os colaboradores que manifestaram sintomas, bem como seus contactantes, desembarcaram imediatamente e foram testados em terra, com acompanhamento das equipes de saúde da Petrobrás e orientações para isolamento", disse a empresa em nota, sem informar o total de trabalhadores desembarcados.
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De acordo com o Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), 31 trabalhadores testaram positivo para a doença e foram desembarcados. Nesta quinta-feira, 19, mais 30 deixarão a unidade por terem tido contato com os empregados contaminados. Uma equipe de emergência será embarcada para manter a produção do campo em operação, o que é criticado pelo Sindipetro-LP.
"Se levar em conta que atualmente a POB (Pessoas a Bordo da Instalação) da unidade é de 140 pessoas, a média de contaminação é muito alta, o que caracteriza surto da doença. Diante dessa situação, a gerência da unidade resolveu que, ao invés de parar a produção, vai embarcar funcionários para compor equipes de emergência", informou o sindicato, que critica o acúmulo de trabalho pela equipe a bordo e o risco de mais contaminações. "Isso é o mesmo que “brincar” de roleta russa."
Petrobrás
Por causa da pandemia, a Petrobrás ampliou o período de home office de área administrativa até o fim de março. Foto: Sérgio Moraes/Reuters
Segundo a Petrobrás, a companhia testou todo o efetivo a bordo, incluindo empregados próprios e colaboradores de empresas prestadoras de serviços. "Os profissionais que tiveram teste positivo foram desembarcados e, como medida adicional, todos os contactantes dos casos positivos, mesmo tendo testado negativo, desembarcaram e ficarão em isolamento em terra para posterior repetição do teste", disse a estatal.
De acordo com o Sindipetro-LP, os trabalhadores devem procurar os diretores de base para registrar a contaminação como acidente de trabalho (CAT), o que vai afetar a Taxa de Acidentes Registráveis (TAR) da Petrobrás.
A Operação Ouro Negro, composta pelo Ministério Público do Trabalho, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Anvisa criou um protocolo de recomendações para as empresas, operadoras e prestadoras de serviço na cadeia de petróleo que recomenda a emissão de CAT em caso de contaminação do trabalhador pelo coronavírus a bordo. O mesmo entendimento foi confirmado em relatório pela Fiocruz, mas a Petrobrás contesta.
"O Tribunal Superior do Trabalho também reconhece a covid-19 como acidente de trabalho, seja por doença profissional ou doença do trabalho equiparada ao acidente", informou o Sindipetro-LP.
Fonte: Estadão