Não há planos de privatização da Petrobras no momento, afirmou nesta sexta-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Por ora, não tem privatização da Petrobras. O que o presidente [Jair Bolsonaro] disse é que começou a pensar pela primeira vez nisso. Só isso”, afirmou.
José Cruz/Agência BrasilAo conversar com jornalistas no Ministério da Economia no Rio de Janeiro nesta sexta, Guedes afirmou que o foco do governo no que concerne à Petrobras seria trazê-la de volta ao “core business” da empresa, a exploração de petróleo.
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Guedes disse ainda que Bolsonaro está “muito entusiasmado” com a ideia do choque no preço da energia. Em ocasiões anteriores, o ministro da Economia mencionou em discursos ser necessário “choque de energia barata” no país, com privatizações e mudanças de regulamentação para permitir a entrada de outros atores no mercado de petróleo no Brasil.
O ministro da Economia afirmou também que Bolsonaro está “perfeitamente alinhado” com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, sobre os temas que envolvem a empresa.
Na semana passada, Bolsonaro disse que teria "simpatia inicial" pela ideia de privatização da Petrobras em entrevista à jornalista Natuza Nery, da GloboNews. A fala, por sua vez, ocorreu quando o presidente foi instado a comentar a declaração dada também na semana passada por Guedes, de que Bolsonaro havia “levantado a sobrancelha” quando foi aventada a ideia de privatizar a estatal.
Ex-diretor do BC, Castello Branco tem atuado como consultor sobre como prover iniciativas de “choque de energia barata” também com governos de estados produtores de petróleo e de energia, como Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, disse Guedes.
Gás
Guedes se reuniu hoje com o economista Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central (BC), para discutir medidas de curto prazo com o objetivo de reduzir o preço do gás para a indústria pela metade. Segundo ele, a redução no preço de gás industrial poderia ocorrer em 30 a 60 dias, a partir de medidas simples de desregulamentação, envolvendo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O ministro afirmou que a área técnica da Petrobras apresentou plano para que essa redução no preço de gás industrial ocorresse em prazo de quatro anos, mas a ideia foi rejeitada pelo governo. Detalhou que quem propôs a redução do preço do gás no horizonte de quatro anos “contribuiu muito durante a campanha”, mas “agora estaria equivocado”.
“Eu até me arrependi de mandar ele para lá”, para a Petrobras, disse Guedes. “Não pode mandar porque eles são logo capturados pela ‘tecnoburocracia’. Parece que não está trabalhando para o presidente Bolsonaro, mas para o próximo governo”, disse.
Langoni, por sua vez, classificou como monopólio o que ocorre hoje na cadeia de distribuição de gás no país pela Petrobras.
“É um projeto de abertura” no mercado de distribuição de gás, “uma desregulamentação de simplicidade franciscana, que não exige a criação de lei complementar, só algumas medidas normativas e termos de ajustes”, disse.
O economista avaliou ainda como elevado o patamar de preço do gás no país. “Hoje, o preço do gás para indústria no Brasil é o mais caro do mundo. No Japão e na Coreia, gira em torno de US$ 7, na Europa, US$ 6 e nos EUA, mercado totalmente livre, o BTU (sigla em inglês para unidade térmica britânica, medida usada para mensurar volume de gás ) custa US$ 3. No Brasil, isso varia de US$ 12 a 14”, completou Langoni, atribuindo os altos preços ao domínio do mercado pela Petrobras.
Fonte: Valor