A exemplo do balanço financeiro do segundo trimestre, quando a Petrobras reportou um lucro de R$ 10 bilhões e garantiu o seu melhor resultado trimestral em sete anos, a companhia deve voltar a divulgar um demonstrativo sólido nesta terça-feira (dia 6) — antes da abertura da B3. Segundo média das projeções de cinco instituições consultadas pelo Valor, a estatal deve divulgar ganho líquido da ordem de R$ 10,8 bilhões no terceiro trimestre, montante 40 vezes superior ao apurado em igual intervalo de 2017.
Nem todas as projeções (Itaú BBA e UBS são exemplos) consideram, no entanto, os efeitos não recorrentes do acordo assinado pela Petrobras para encerrar as investigações do Departamento de Justiça e da Securities & Exchange Commission (SEC), nos Estados Unidos, sobre falhas nos controles internos, registros contábeis e demonstrações financeiras da Petrobras devido a fatos oriundos da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ao contrário dos balanços “limpos” dos últimos trimestres, a petroleira reconhecerá provisão de US$ 853,2 milhões (estimados em R$ 3,6 bilhões) no demonstrativo financeiro de julho a setembro.
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Nem mesmo o acordo bilionário, contudo, impedirá a empresa de divulgar seu terceiro lucro trimestral consecutivo. Com isso, a expectativa é que a Petrobras volte a pagar dividendos trimestrais. Neste ano, a empresa já distribuiu R$ 1,3 bilhão em juros sobre capital próprio, relativos aos três primeiros meses do ano.
Com base na média das estimativas colhidas pelo Valor, a receita líquida da petroleira deve crescer 29% e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, sigla em inglês) deve apresentar alta de 81% no trimestre.
O UBS destaca que as receitas da companhia foram impactadas positivamente pela alta da cotação do barril do petróleo no mercado internacional e pelo câmbio mais favorável. Além disso, o banco lembra que o terceiro trimestre é tradicionalmente mais forte na indústria de óleo e gás.
Esses fatores ajudarão a compensar a queda da produção da Petrobras. Ao todo, o volume de óleo e gás produzido pela empresa no terceiro trimestre (2,512 milhões de barris diários de óleo equivalente) caiu 8,5% ante igual período do ano passado, devido às paralisações das plataformas Cidade de Angra dos Reis, Cidade de Maricá, P-25 e P-31. A conclusão da venda de 25% do campo de Roncador, na Bacia de Campos, para a Equinor, também puxou a produção para baixo.
O Itaú BBA destaca que, no setor de abastecimento, a expectativa é que a Petrobras recupere mercado, devido ao declínio das importações de derivados por terceiros. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), as importações de diesel zeraram nos últimos meses entre suas nove associadas.
O banco estima ainda que a Petrobras tenha ampliado suas importações próprias e que as refinarias tenham operado no trimestre passado a uma taxa média de utilização de 80%. O índice poderia ser maior, não fosse o incêndio ocorrido na Replan, a maior refinaria do país, que está rodando com metade de sua capacidade desde a explosão de agosto.
O UBS, por sua vez, destaca que o acidente na Replan deverá representar, no balanço, custos adicionais, já que a Petrobras foi induzida a importar mais combustíveis.
O Santander observa que o terceiro trimestre também marca a estreia da adoção do hedge para os preços da gasolina, mecanismo pelo qual a companhia pode manter os preços congelados nas suas refinarias por até 15 dias sem incorrer eventualmente em perdas. Segundo o banco, apesar da queda da frequência dos reajustes, o Ebitda da petroleira deve saltar 62% ante igual período de 2017.
Fonte: Valor