Depois de investir R$ 2,17 bilhões na aquisição de ativos nos leilões dos últimos dois anos, a Shell planeja começar, ainda neste ano, a perfurar seus primeiros poços nas áreas recém-adquiridas. O ano de 2019 marca não só o início de um novo ciclo de exploração da companhia, como também promete uma agenda cheia de novas oportunidades de expansão de seus negócios no Brasil.
Em fevereiro, a empresa anunciou a sua estreia no setor de energia, ao entrar com uma fatia de 29,9% no consórcio responsável pela construção da termelétrica a gás de Marlim Azul (565 megawatts), em Macaé (RJ), ao lado de Pátria Investimentos e Mitsubishi. A unidade consumirá o gás natural da Shell nos campos do pré-sal. Agora, a petroleira avalia oportunidades nos mercados de gás e nos leilões de áreas exploratórias.
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No segmento de exploração e produção de óleo e gás, o presidente da Shell no Brasil, André Araujo, disse que o plano da empresa é perfurar quatro poços em 2019. A campanha exploratória inclui poços nas áreas de Sul de Gato do Mato e Alto de Cabo Frio Oeste, ambos no pré-sal da Bacia de Santos, e poços também na revitalização de campos maduros.
Nesse sentido, a empresa já iniciou as atividades no Parque das Conchas, no pós-sal da Bacia de Campos. O objetivo é perfurar dois poços, em busca de novas descobertas, para, assim, estender a vida útil da área. "Vamos tentar extrair um pouco mais do que já tem lá [de óleo]. As novas tecnologias de exploração e avaliação de reservatório nos tem dado um pouco mais de confiança [para estender a vida útil do campo]", disse o executivo ao Valor, após participar do evento de pré-estreia da feira Brasil Offshore, em Macaé.
A ideia é replicar os investimentos nos campos de Bijupirá-Salema, na Bacia de Campos, onde a petroleira conseguiu estender a vida útil da concessão em cinco anos, para entre 2022/2023.
Questionado sobre a possibilidade de vender campos maduros para se concentrar no pré-sal, Araujo disse que "está bem" com o atual portfólio. "Nós últimos três anos o grupo Shell concluiu uma meta de desinvestimentos de US$ 30 bilhões, fixada em 2015. Nós [a divisão da empresa no Brasil] demos nossa contribuição com a venda da Comgás ", disse.
A Shell é a segunda maior produtora de óleo e gás do país, atrás apenas da Petrobras. A multinacional produz cerca de 330 mil barris/dia de petróleo e 13 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. Araujo destacou que a petroleira olha com atenção para o segmento de gás e que a geração de energia não é a única opção de monetização do gás do pré-sal avaliada pela companhia.
"Temos como missão encontrar um destino para o gás que vamos produzir. Estamos olhando o uso em veículos pesados, a injeção na rede [de gasodutos], o trabalho conjunto com as distribuidoras e o diálogo com as empresas consumidoras que tem interesse em entender a dinâmica do mercado de gás", comentou.
No fim do ano passado, a Shell assinou memorando de entendimentos com a boliviana YPFB para importar 4 milhões de metros cúbicos diários (m3 /dia) de gás até 2022 e 10 milhões de m3 /dia a partir dessa data. A empresa acredita que tem a chance de celebrar contratos com as distribuidoras, que farão neste ano uma chamada pública conjunta para aquisição de gás.
"Provavelmente a gente vai estar lá, mas o resultado só vamos saber no final", disse o executivo, sobre a participação na chamada pública.
Pelo histórico recente de aquisições no país, a Shell desponta como uma das candidatas a participar dos novos leilões de áreas exploratórias marcados para 2019, sendo o principal deles a licitação dos excedentes da cessão onerosa. Sobre o assunto, Araujo disse que a companhia ainda aguarda a publicação do edital da licitação.
Fonte: Valor