O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira atender a um pedido do Partido dos Trabalhadores (PT) e suspendeu os efeitos do decreto que define regras de governança para a chamada cessão de direitos de exploração e desenvolvimento da produção de petróleo e gás natural pela Petrobras.
Para o advogado Hali Hage da Veirano Advogados a, decisão do STF é ruim pois traz de volta questionamentos que existiam anteriormente e a insegurança jurídica em relação à venda das participações da Petrobras em blocos ou campos exploratórios de forma direta, sem licitação.
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Segundo ele, outro ponto negativo é que com a suspensão do decreto, não poderá fazer compras de bens e equipamentos de forma direta, sem licitação, nas áreas onde é operadora com parceria de terceiros.
- É ruim, se dá um passo à frente, dá dois para trás. A decisão traz de volta a insegurança jurídica sobre as vendas de participações já feitas pela petrobras, como para os campos que estão atualmente sendo negociados - destacou Ali Hage.
Marco Aurélio Mello decidiu submeter a decisão individual para referendo do plenário do STF.
O advogado Giovani Loss, do Mattos Filho Advogados, também considerou que a decisão, além de ser ruim para a Petrobras, vai trazer insegurança jurídica para o o processo de venda de ativos da estatal. Giovani disse que a decisão do ministro surpreende o mercado, uma vez que está previsto que o plenário do STF analise o assunto no dia 27 de fevereiro.
- A decisão do ministro surpreendeu o mercado e é muito ruim. A Petrobras trabalha na redução do seu endividamento com a venda de ativos, e na medida que o judiciário vem recorrendo contra a venda desses ativos complica a estratégia da empresa de se reorganizar estrategicamente - destacou Loss.
Na sua decisão, o ministro Marco Aurélio Mello afirma que cabe ao Congresso Nacional legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, a alcançarem as sociedades de economia mista "gênero do qual a Petrobras é espécie".
"A conclusão é única: o chefe do Executivo Federal disciplinou matéria constitucionalmente reservada a lei em sentido formal", ressaltou Marco Aurélio.
O advogado Ali Hage acredita que a suspensão do decreto não invalida futuras vendas de participações em blocos ou campos de petróleo pela Petrobras, mas traz novamente a insegurança jurídica que existia anteriormente. Isso porque o decreto foi feito, inclusive, após o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), sobre o processo de vendas de ativos da estatal.
- A Petrobras fica prejudicada com essa decisão. isso vai influenciar as negociações atuais em andamento, e mesmo para os processos já fechados, levando mais insegurança jurídica para o setor - destacou Ali Hage.
Giovani Loss também lembrou que o decreto foi resultado justamente de todas as conversas e negociações da Petrobras com o TCU para tornar o processo de venda de ativos da estatal mais transparente e competitivo.
Fonte: O Globo