A ABSA Cargo Airline, empresa de transporte aéreo de cargas que tem como acionista o grupo chileno LAN, tem interesse em abrir uma empresa aérea de cargas em sociedade com os Correios. A informação é do diretor-presidente da ABSA, Norberto Jochmann. Ele revela que executivos da ABSA já estiveram com representantes dos Correios para saber quais as chances da empresa. E a resposta teria sido favorável. Segundo ele, o modelo ideal seria a ABSA ter 51% do capital da nova companhia e o controle absoluto da administração e da operação.
Nos Correios estima-se que nessa nova companhia a estatal poderia ter 49% do capital (ver reportagem ao lado). Criar uma empresa aérea em parceria com empresa privada é a melhor saída possível para resolver o problema dos Correios nesse setor, na visão de Custódio. Segundo ele, não é um projeto recente, mas uma ideia que vem maturando há três anos.
"O negócio dos Correios é de grande volume, perto de R$ 400 milhões por ano. Certamente temos interesse em estudar, mas depende de como será a relação com a empresa parceira", diz Jochmann. A ABSA já transportou remessas dos Correios, mas em regime de urgência, sem necessidade de licitação, conta Jochmann.
Outro tipo de parceria são contratos de até cinco anos, mas com concorrência, Na opinião do executivo, é um "negócio de alto risco". Jochmann diz que as multas por entregas fora do prazo são muito altas, equivalentes a um mês de receita. Além disso, para atender aos Correios é necessário o leasing de uma aeronave exclusiva para esse serviço - um custo alto para um contrato de curto prazo.
Custódio explica que as empresas que prestam serviços à ECT atualmente sofrem com um dilema financeiro. As aeronaves usadas para serviço postal no Brasil custam, em média, US$ 20 milhões, e as empresas costumam fazer contratos de leasing de até 15 anos para adquiri-las. Porém, pela Lei 8.666, os Correios só podem contratar os serviços dessas empresas por até cinco anos. Além disso, leva-se quase um ano para fazer a análise contratual.
Além da lei 8.666, outra regra, a Lei de Cabotagem, restringe a participação de companhias estrangeiras no serviço aéreo regional. Como as grandes companhias aéreas estão ocupadas demais com os recordes de demanda por passageiros, apenas poucas acabam se interessando pelos serviços aos Correios, observa o presidente. Segundo ele, TAM e Gol foram procuradas para essa parceria há alguns anos, mas não se interessaram pelo novo negócio.
Custódio conta que só a frota mundial da UPS e da Fedex é de cerca de mil aviões. Num paralelo do mercado americano com o brasileiro, preservando-se a mesma dinâmica, conclui que no Brasil haveria demanda para 100 aviões. "Temos um gasto de R$ 400 milhões por ano em serviços aéreos, então a própria regularidade da nossa carga dá atratividade à essa nova empresa", diz Custódio.
Jochmann afirma que a ABSA está investindo US$ 450 milhões até 2012 para comprar dois aviões de grande porte. Um deles é o modelo 767-300, da Boeing, que deverá ser entregue em agosto. A aeronave tem capacidade para transportar 57 toneladas. Com ela, a frota da ABSA vai passar a ser integrada por três 767-300.
Em dois anos, a ABSA receberá outro Boeing, um 777, que pode carregar quase o dobro da capacidade do 767-300, ou 107 toneladas. Esse avião será usado em rotas à Europa. A ABSA começou a operar no mercado de cargas domésticas, no Brasil, em março de 2009, como alternativa para a queda das cargas no mercado estrangeiro.
Fonte: Valor Econômico/ Alberto Komatsu, Danilo Fariello e Caio Junqueira, de São Paulo e Brasília
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