A Triunfo Participações e Investimentos completa neste mês cinco anos de negociação de ações na BM&FBovespa, com direito a comemoração - e algumas frustrações. Por um lado, a companhia pode celebrar o fato de ter um portfólio que reúne concessões de hidrelétricas e rodovias, administração de terminais portuários, além da vitória recente em um dos leilões mais concorridos do setor: o de aeroportos. A empresa, no entanto, tem o pior desempenho na bolsa dentre os concorrentes mais próximos e ainda luta para ganhar confiança de investidores.
De acordo com levantamento do ValorData, a Triunfo é a única que teve variação negativa no valor das ações dentre as quatro grandes companhias abertas atuantes em infraestrutura de transportes nesses cinco anos: queda de 15,2%.
"A empresa avalia que o forte crescimento da receita, assim como o desempenho operacional e financeiro nos últimos cinco anos, inclusive em períodos de turbulência econômica, não estão refletidos no preço das ações até o momento", manifestou a companhia em texto depois de procurada sobre o assunto.
Os papéis da Triunfo ainda sofrem sequelas de um penoso 2008, quando a companhia passou por seu pior momento. "As ações caíram a menos de um real. Queria me jogar pela janela", brincou Carlo Botarelli, presidente da Triunfo, em conversa recente com o Valor. Um dos principais motivos para a queda (das ações) foi ocasionada em outubro de 2008. Naquele mês, a companhia foi a primeira colocada no leilão de concessão do corredor rodoviário Ayrton Senna/Carvalho Pinto, em São Paulo, mas depois não apresentou as garantias exigidas. Segundo a empresa, a culpa foi da seguradora, que não cumpriu os compromissos, e contra quem há hoje um processo na Justiça. "Vamos provar que estamos certos", garante Botarelli.
Seguindo as regras do edital, o governo do Estado de São Paulo entregou a concessão à segunda colocada na disputa: a EcoRodovias. O fato logo despertou a desconfiança em relação à capacidade financeira da Triunfo, que já havia realizado investimentos em dois terminais portuários naquele ano.
Dois meses depois do leilão, as ações chegaram ao menor valor histórico: R$ 0,90 (contra R$ 9,07 na abertura de capital). Hoje, a mancha ainda continua no histórico da companhia: em 16 de fevereiro deste ano - dia do leilão de aeroportos -, membros de grupos concorrentes comentavam entre os presentes que o ganhador de Viracopos era o que não havia entregue "a garantia da Ayrton Senna".
Além da lembrança da "perda" da rodovia, o mercado notou que a Triunfo (em sociedade) assumiu investimentos de até R$ 8 bilhões no aeroporto pelos próximos 30 anos ao mesmo tempo em que já tinha um endividamento de 3,32 vezes o caixa. No dia do leilão, as ações caíram 3%. No dia seguinte, outros 10%, e seus ratings foram colocados em observação negativa pela agência Fitch. No novo momento de desconfiança, a companhia convocou teleconferências com analistas e jornalistas para explicar o projeto e a queda das ações se reverteu em parte já no dia seguinte. O governo acabou confirmando o resultado do leilão.
Hoje, a empresa mantém o otimismo no futuro e minimiza críticas de concorrentes feitas nos bastidores. "Temos 19 novos milionários por dia, e empresas novas também. Isso incomoda o 'establishment'", disse Bottarelli. Neste mês, a companhia anunciou o BTG Pactual como formador de mercado para aumentar a liquidez de seus papéis. A empresa também calcula reduzir o endividamento a partir de 2013, quando começa a gerar energia na usina Garibaldi, e já cogita disputar outras hidrelétricas - para isso, cogita fazer novas dívidas ou emitir novas ações caso haja condições mais favoráveis.
Fonte: Valor Econômico / Fábio Pupo
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