A América Latina Logística (ALL), concessionária das linhas férreas no Rio Grande do Sul, firmou uma parceria com a Superintendência de Portos e Hidrovias do Estado (SPH) para uma possível retomada de suas atividades no Porto de Porto Alegre.
"Estamos trabalhando para reativar o terminal de conteiners do porto e a integração com a ferrovia é fundamental para o escoamento das cargas para diferentes regiões do estado”, explica o titular da SPH, Vanderlan Vasconselos. “O custo seria bem menor, se comparado ao transporte rodoviário, e a resposta viria no bolso do consumidor", avalia.
A ALL vai começar pela realização de um levantamento da situação das linhas que dão acesso ao porto.
Em ofício encaminhado à SPH, a companhia afirma ter interesse na integração hidroferroviária na capital gaúcha e destaca que o uso do porto local o uso da ferrovia “sempre foi de baixa densidade por falta de potencial de transporte”.
No entanto, afirma o ofício, “diante da perspectiva apresentada, a ALL esclarece que realizará estudo de viabilidade técnica, econômica e funcional para o transporte ferroviário de carga do porto ao interior do Rio Grande do Sul”.
Já Vasconcelos salienta que as hidrovias e ferrovias locais encontram-se em um período de “muito grande abandono”.
Segundo o superintendente, grandes armadores têm mostrado interesse na criação de novas rotas marítimas, em especial integrando os portos de Porto Alegre e Rio Grande, porém, atualmente, pesquisas apontam que 80% do transporte da produção agrícola gaúcha destinada à exportação é feito por modal rodoviário.
“Conforme a ANTT, o volume médio diário de tráfego neste segmento é de 6 mil veículos por dia, sendo que os caminhões representam percentual superior a 40%, especialmente no transporte de grãos”, destaca Vasconcelos. "Já 95% das cargas mundiais são feitas por transporte marítimo, pela economia, segurança e sustentabilidade. Nesta esteira, em segundo lugar está a ferrovia, o que justifica a importância desta parceria", finaliza.
Força no transporte...
Maior empresa independente de serviços de logística da América Latina e maior companhia ferroviária do Brasil, segundo dados próprios, a ALL detém uma malha de 21,3 mil quilômetros de extensão.
A rede abrange Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além das regiões de Paso de los Libres, Buenos Aires e Mendoza, na Argentina.
A frota da empresa soma 1.095 locomotivas, 31.650 mil vagões e 700 veículos rodoviários, entre próprios e agregados.
Em 1999, a companhia adquiriu as ferrovias argentinas MESO e BAP e, em 2001, integrou os ativos da operadora rodoviária Delara, tornando-se uma empresa multimodal.
Em 2006, incorporou a Brasil Ferrovias, agregando às operações o acesso ao Porto de Santos.
... base na TI
Todo este negócio tem alicerce na TI – tanto que, em março deste ano, a ALL levou o prêmio da Revista Ferroviária como “Melhor Criadora de Tecnologia”.
A premiação foi entregue em reconhecimento ao resultado do projeto “Assistente de Condução”, desenvolvido pela equipe de TI da ALL ao longo de 2010.
O projeto compreende soluções que permitem indicar aos maquinistas que operam na rede ferroviária atendida pela empresa, em tempo real, qual o melhor ponto de aceleração dos trens, entre outros dados.
Com isso, a solução auxilia na definição e alcance do tempo de trânsito adequado para cada composição, ajudando, ainda, em quesitos como segurança e otimização do consumo de combustível.
Não é o primeiro reconhecimento que a ALL recebe de uma publicação: a companhia já foi classificada pela Revista InformationWeek, por exemplo, como uma das cinco empresas mais inovadoras do país.
Com um time de TI afiado, a companhia costuma desenvolver as soluções de TIC de que precisa, já que para seu setor é complicado encontrá-las prontas nas prateleiras do mercado de software, hardware e Telecom.
É o que explicou ao Baguete o gerente de Projetos e Tecnologia Operacional da empresa, Cesar Leandro Prato, em entrevista que pode ser conferida na íntegra pelo link relacionado ao fim desta matéria.
Na entrevista, Prato destacou projetos da TI da ALL, entre eles o Assistente de Condução.
Outras iniciativas lembradas pelo gerente foram o Sistema de Gestão de Ativos Translogic, aplicado ao gerenciamento de todos os ativos da companhia - de vagões a faturamento – e uma solução para despacho automático de trens, o PX.
Outro projeto abordado por Prato foi na área de RFID. Na época, a companhai trabalhava no uso desta tecnologia para identificação, monitoramento e manutenção de vagões.
Prato anunciou, ainda, projetos da TI da ALL para 2011. Entre eles, está prevista a elaboração de um novo sistema de licenciamento de trens, além da área de comunicação, com uma rede própria de rádio.
Para cuidar disso tudo, a equipe de tecnologia da América Latina Logística conta com seis coordenadores de área, atuando nos setores de TI e TO (Tecnologia Operacional), que ficam baseados na sede da empresa, em Curitiba.
Há, ainda, um time de operadores e analistas, que ficam dispostos pela malha ferroviária da companhia entre o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul.
Fonte:Baguete/Gláucia Civa
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