Considerada entregue pelo Governo do Estado, mas sem condições operacionais, a bacia de evolução – área de manobras para os navios que entram nos portos de Itajaí e Navegantes – ainda vai demandar investimentos de mais R$ 45,5 milhões. O valor, que deve ser absorvido pelo Porto de Itajaí, será apresentado nesta quinta-feira pelo superintendente do terminal, Marcelo Salles, à Câmara de Vereadores.
Embora não haja necessidade de uma autorização do Legislativo nesse caso, o porto quer formalizar o aval à continuidade da obra, que será incorporada, em forma de aditivo, ao contrato de dragagem permanente do canal de acesso aquaviário. Se os vereadores forem receptivos, a proposta deve virar projeto de lei para tramitar em regime de urgência.
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A ideia é finalizar a obra com uma draga especial, chamada Back Hoe, que tem capacidade de sugar não apenas os sedimentos do fundo do rio, mas também as pedras maiores. É um modelo diferente e mais rápido do que foi adotado pela Triunfo, empresa contratada pelo Estado, em que as pedras eram “pinçadas” do leito do rio, uma a uma.
A Portonave, em Navegantes, se comprometeu a pagar o transporte do maquinário, que está concluindo uma obra no Porto de Santos (SP), até Itajaí – o que demandará um investimento de R$ 5,5 milhões. Os outros R$ 40 milhões serão pagos pelo porto, e diluídos nos próximos cinco anos.
Não é pequeno o volume do trabalho que há pela frente. O levantamento da Superintendência do Porto de Itajaí mostrou que ainda há 1,2 bilhão de metros cúbicos de material a ser retirado da área da bacia de evolução. Há pontos em que a dragagem, que deveria atingir 13 metros, chegou a apenas sete.
O Estado alega ter dado a obra como concluída porque o volume de dragagem que estava no contrato com a empresa Triunfo foi alcançado. A dragagem precisou ser paralisada durante o período de defeso do camarão, o que teria agravado o assoreamento e aumentado a quantidade de material a ser dragada.
Bacia pronta até fevereiro
Para os poros de Itajaí e Navegantes, não há muitas opções disponíveis. Como o Estado já deu o trabalho por terminado, ou terminam a obra emergencialmente, ou arriscam o assoreamento do que já foi feito.
Se a proposta da Superintendência do Porto de Itajaí for aceita, a draga deve chegar no mês que vem e terminará a parte mais pesada do trabalho até agosto. O aprofundamento da bacia de evolução será feito pelo equipamento que já foi licitado pelo porto, para a dragagem de manutenção. A ideia é que, até fevereiro do ano que vem, a área de manobras esteja homologada pela Marinha e pronta para receber navios maiores, com até 336 metros.
Só neste primeiro quadrimestre, a Portonave deixou de operar oito escalas de um navio, e a APM Terminals, que opera em Itajaí, transferiu um serviço de ligação com o Norte da Europa para Itapoá, porque as embarcações estão acima dos limites atuais do Complexo Portuário. Só em Navegantes, a perda já foi de mais de R$ 16 milhões para a cadeia portuária.
Fonte: NSCTotal