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Bertin leva sozinho contrato do Rodoanel

Com um surpreendente lance propondo 63,3% de deságio sobre o valor máximo da tarifa, o grupo Bertin arrematou sozinho o Rodoanel Sul e Leste na licitação realizada na manhã de ontem. Com isso, assumirá um trecho de 105 quilômetros que exigirá um investimento de R$ 4 bilhões em construção e o pagamento de R$ 370 milhões em outorga ao governo do Estado. O lance deixou bem para trás os outros dois consórcios, em um leilão com outras surpresas. As construtoras de médio porte Serveng e Encalso montaram um consórcio, o segundo colocado, e os nomes consagrados do ramo se uniram em um terceiro grupo, na última colocação na disputa. A CCR, líder nacional do mercado de concessões, ficou de fora.

O resultado consagra a Bertin como pedra no sapato dos grandes grupos do setor de infraestrutura desde que vendeu sua divisão de carnes para a JBS em setembro do ano passado, e decidiu concentrar os recursos da operação nas áreas de energia e transportes. No leilão da usina de Belo Monte, no início do ano, a Bertin liderou o grupo de pequenas construtoras que enfrentaram o consórcio montado por Andrade Gutierrez, em uma concorrência que deixou de fora a Odebrecht. Ainda em 2010, a Bertin quer participar da licitação do trem-bala, liderando os grupos privados nacionais, um negócio que pode superar, em números absolutos, a participação do grupo no Rodoanel e em Belo Monte.

Assim como ocorreu em Belo Monte, a licitação do Rodoanel era alvo de pesadas críticas pelos grupos tradicionais do ramo de infraestrutura. Mas desta vez o alvo não foi o baixo preço máximo do MWh do edital, mas os riscos excessivos envolvidos no projeto.

Os principais são os riscos com desapropriações, calculadas pelo governo em R$ 1,1 bilhão - mais do que as envolvidas no trem bala, de R$ 842 milhões - e as despesas ambientais, de R$ 105 milhões. O edital deixou esses gastos a cargo do setor privado, mas as empresas dizem que essas despesas podem variar sensivelmente com o início das obras, e comprometer a rentabilidade do negócio. Com uma taxa interna de retorno (TIR) calculada pelo governo em 8%, o projeto foi considerado pouco rentável, mesmo cobrando-se a tarifa máxima.

Foram essas, entre outras, as razões apontadas pela CCR para não entrar na disputa. Sociedade entre Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Serveng, ela detêm as rodovias mais rentáveis do país e foi vencedora do leilão do trecho Oeste do Rodoanel no leilão de 2008, oferecendo um deságio de 61%. Além de meio ambiente e desapropriações, citou ainda riscos de engenharia e de volume de tráfego - há quem ache que o tráfego do trecho Leste vai competir com o prolongamento da avenida Jacú Pêssego, que faz um trajeto paralelo ao da rodovia, mas sem pedágio.

O governo paulista tentou no Rodoanel um novo formato de concessão. Na licitação, cabe ao setor privado a gestão do trecho Sul, já pronto e funcionando, e simultaneamente a construção e operação do trecho Leste - que deve ficar pronto em no máximo três anos a partir da assinatura do contrato. A obra custará R$ 2,5 bilhões, mais R$ 1,150 bilhão em desapropriações e outros R$ 350 milhões em projeto e despesas ambientais.

Enquanto constrói o trecho Leste, a concessionária vai poder operar o trecho Sul, que já funciona desde o começo do ano, e custou, em valores aproximados, R$ 5 bilhões - dos quais estima-se que R$ 500 milhões foram despesas ambientais, e outros R$ 500 milhões de desapropriações.

Apesar de comentários sobre a possível participação do grupo Bertin entre os concorrentes, nada estava confirmado até o último momento, e na semana passada as empresas ainda analisavam a proposta para ser levada à licitação e fechavam os consórcios. Sem as surpresas do leilão - a entrada do Bertin e a formação de um terceiro consórcio pela Serveng Civilsan, sócia da CCR - o leilão acabaria com uma única proposta e um deságio mínimo, de 5,11%..

Fonte: Valor Econômico/Fernando Teixeira | De São Paulo


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